Escola que sofreu ataque em Sobral volta a funcionar na próxima terça-feira com sala interditada

A reabertura da unidade, segundo o diretor, é uma tentativa de acolher os demais estudantes e, de forma cautelosa, garantir um recomeço para a comunidade escolar.

Escrito por Thatiany do Nascimento , thatiany.nascimento@svm.com.br
violencia na escola
Legenda: A escola, que tem 354 estudantes matriculados, ainda vive os efeitos da fatalidade
Foto: Kid Júnior

A Escola de Ensino Médio de Tempo Integral Professora Carmosina Ferreira Gomes, em Sobral, que está fechada desde a última quarta-feira (5), quando um estudante atirou e atingiu outros três alunos dentro da sala de aula, deverá recomeçar as atividades na próxima terça-feira (11). A escola, que tem 354 estudantes matriculados, ainda vive os efeitos da fatalidade, mas a gestão e a comunidade escolar estão em processo de reorganização para a reabertura. A tentativa é de acolher os demais estudantes e assegurar o retorno das funções da unidade escolar de forma cautelosa e dialogada. 

A data foi confirmada pelo diretor da escola, Jorge Célio Coelho, em entrevista ao Diário do Nordeste, nesta sexta-feira (7). Um dos procedimentos imediatos, explica ele, foi a interdição da sala na qual os disparos ocorreram. Esse espaço não funcionará mais como sala de aula e será reestruturado para receber um laboratório de robótica. 

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A readequação física desse espaço já foi autorizada pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc), segundo Jorge, mas tendo em vista que a reforma ainda não terá ocorrido até terça-feira, na reabertura, esclarece o diretor, a área estará inutilizada. A turma do 1º ano que ocupava a sala será transferida para outra, onde as aulas terão continuidade. 

"Nós faremos um laboratório com uma pintura bem lúdica para tirar aquela imagem daquele acontecido. Os meninos irão estudar em outra sala que já está sendo preparada para o retorno deles, com um acolhimento diferenciado". 

Outros pontos a serem também trabalhados na reabertura, explica Jorge, é a ênfase no acolhimento e no apoio psicológico aos alunos, funcionários, pais e responsáveis. O diretor garante que está sendo feito um trabalho com os professores e funcionários de acolhimento com psicólogos, discussões de ações sobre esse retorno e novo contato com a comunidade. 

Na segunda-feira (10), eles terão uma formação sobre paz nas escolas, com Cristiane Holanda, que é da Coordenadoria de Justiça Restaurativa e Mediação da Vice-Governadoria do Ceará.

Recomeçar

“Como gestor, eu tenho que pensar no macro de uma escola. A gente não pode isolar o fato e viver somente para aquele fato. Até porque o que nós vamos querer é que ele vá ‘entrando em um esquecimento’ para que a vida da escola volte ao normal o mais rápido possível”, explica Jorge. 

Na terça-feira, quando a escola reabrir, indica ele, haverá um acolhimento com todos os funcionários.

“Estaremos na porta da escola recebendo os pais, alguém da comunidade escolar, alunos. Todos com faixas, com mensagens, com um abraço. A gente vai dizer que está perto. Com uma coisa mais tranquila, mais lúdica. Para trazer tranquilidade para escola. A gente tem que começar a tirar aquela coisa meio macabra que aconteceu, sabe, de dentro da escola. A escola é muito viva, é muito ativa. Não pode ficar parada no tempo”. 
Jorge Célio Coelho
Diretor da Escola de Ensino Médio de Tempo Integral Carmosina Ferreira Gomes

Cada professor da unidade, conforme Jorge, também passará por um trabalho com uma equipe de psicólogos para saber o que pode falar, o que não pode falar dentro da sala após uma experiência tão trágica. “Eles vão receber um atendimento e vão receber um treinamento para poder levar estas palavras a cada sala de aula”, completa. 

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A princípio, a estimativa é que haverá para a escola uma equipe da Coordenadoria Regional do Desenvolvimento da Educação (CREDE) 6, com 4 ou 5 psicólogos. “Inicialmente, as duas primeiras semanas, o dia todo na escola, para se o aluno tiver uma crise de choro, se o aluno tiver deprimido”, detalha. 

violência na escola
Legenda: O diretor também indica que a escola passará por reformas. Uma delas será no muro.
Foto: Kid Júnior

Caso algum professor também não esteja bem, ele será substituído, garante Jorge. “Ele vai ser atendido pelos psicólogos e assistente social. No caso dos meninos do bairro, também há um assistente social, que já está fazendo esse trabalho, e vai fazer a ponte entre a escola e a família”, acrescenta. 

Reformas

O diretor também indica que a escola passará por reformas. “Tive a garantia (da Seduc) que todas essas obras referente à escola já estão sendo viabilizadas. Hoje já foi a visita da engenharia. Então, o trabalho já começou. Lógico que existem trâmites legais. Que não podemos passar por cima. Mas é com muita agilidade”, destaca. 

Uma delas, a reforma no muro da escola para, segundo ele, “melhorar a segurança”. A estrutura será renovada e ficará mais alta. Outro ponto é a alteração da quadra da escola, gerando mais interação com a comunidade “com alambrado, arquibancada e nova pintura”, diz Jorge.  

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