Ataque em Sobral: 'não tinha contato com esse menino que atirou', diz mãe de jovem ferido em escola
Rapaz de 15 anos levou tiro de raspão na nuca e voltou para casa após atendimento hospitalar
Um dia após três adolescentes serem baleados por outro aluno dentro de uma escola estadual, em Sobral, no Norte do Ceará, ainda há muitas dúvidas a serem esclarecidas. Uma delas é: afinal, qual era a relação do adolescente que disparou a arma com os demais alunos?
A mãe de um dos meninos relatou, em entrevista ao Diário do Nordeste, que “meu filho não tinha contato com esse menino que atirou”.
Segundo ela, o filho estuda em uma turma do 1º ano do Ensino Médio e, o autor do disparo em outra. O ataque teria acontecido durante o intervalo, quando o filho dela estava na sala do adolescente que efetuou o tiro.
O que ele me contou é que estava jogando no celular, de cabeça baixa, quando sentiu já foi o impacto. Ele correu e saiu de dentro [da sala], foi lavar a cabeça, porque achava que não era nada, e já se assustou com o sangue”
A mulher havia acabado de chegar ao trabalho, por volta das 10h, quando foi avisada sobre o ataque. O marido dela se deslocou primeiro à Santa Casa de Misericórdia de Sobral, para onde o filho foi encaminhado após sofrer um tiro de raspão na nuca.
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Só após receber alta é que o menino pode contar detalhes à família. Para a mãe, chamou a atenção o relato de que os dois não eram colegas de turma.
“Meu filho não tinha contato com esse menino que atirou. Conhecia porque todo mundo se conhece no colégio, mas de ter conversa, não”, conta.
Acompanhamento psicológico
Ainda na quarta-feira (5), a família recebeu uma visita da direção da escola, que relatou estar tão surpresa quanto a comunidade escolar diante do acontecimento. O menino baleado também foi visitado por uma psicóloga escolar.
A mãe se preocupa com o tempo que será necessário para o jovem se sentir seguro novamente.
“O diretor pediu pra ele não parar, mas a decisão não é minha, vai caber a ele a hora que ele vai querer ir. Sei que se ele deixar de ir, vai perder o ano, mas precisa dar tempo ao tempo. Não só ele ficou abalado, mas todas as crianças ficaram abaladas”.
A mulher também deseja mais medidas de segurança na unidade de ensino porque “é o único local que a gente deixa o filho de 7h às 17h, eles passam mais tempo lá do que com a própria família.
Além disso, reconhece que a comunidade deve demorar a se recuperar do ataque. “Quando voltar, muitas crianças vão ficar assustadas”, pensa. Ela deve levar o filho para acompanhamento psicológico num posto de saúde, ainda nesta semana.
O rapaz foi liberado ainda na quarta. Já o adolescente baleado na perna recebeu alta hospitalar nesta quinta-feira (6). O terceiro estudante, atingido na cabeça durante a ação, segue em estado grave numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O que aconteceu na escola
Um estudante entrou na escola, na última quarta, em posse de uma pistola, e atingiu três colegas. Após o ataque, o adolescente saiu da unidade de ensino e seguiu para casa, onde foi apreendido por policiais do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio).
Conforme o secretário de Segurança Pública e Defesa Social, Sandro Caron, o garoto disse em depoimento que a arma usada para atirar nos colegas de sala pertencia ao pai. Porém, a arma é registrada em nome de um atirador esportivo.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o garoto revelou, em depoimento, ter premeditado os disparos. O pai do adolescente e também o CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador) foram conduzidos à unidade policial de Sobral e prestaram depoimentos.
O ataque foi registrado como ato infracional análogo ao crime de tentativa de homicídio.