Da falta de remédio a atraso salarial: a crise na saúde de Fortaleza que levou à saída da secretária
A Prefeitura coloca à frente da SMS, agora, a atual gestora do IJF, Rianne Azevedo

O prefeito Evandro Leitão (PT) anunciou, nesta terça-feira (20), troca na direção da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS). Desde o início da nova gestão, a Pasta acumulou uma série de problemas que levaram à saída da médica Socorro Martins do comando das atividades - parte deles herdados da gestão anterior e ainda sem desfecho. A informação de que a gestora foi afastada foi divulgada com exclusividade por Inácio Aguiar, colunista do Diário do Nordeste.
A área da saúde, inclusive, tem registrado os piores índices de avaliação entre as pastas da gestão, segundo indicam as pesquisas internas encomendados pelo próprio Paço, como adiantou o colunista Inácio Aguiar. Para isso, a Prefeitura coloca á frente da SMS a atual gestora do IJF, Riane Azevedo.
Em janeiro, Evandro declarou em reiteradas entrevistas que a Prefeitura herdou diversas dívidas com fornecedores oriundas da gestão de José Sarto. Porém, quatro meses depois, a gestão ainda apresenta pendências com promessas de resolução.
Entre elas, está a operacionalização integral do Instituto Dr. José Frota (IJF), maior hospital de traumas do município; a normalização da distribuição de medicamentos e pagamentos de profissionais; e a requalificação de estruturas comprometidas.
A ideia do prefeito Evandro é que um novo gestor consiga sanar essas dificuldades e lidar com a intrincada rede de saúde de uma cidade com 2,4 milhões de habitantes.
Crise no IJF
No segundo semestre de 2024, o IJF vivenciou uma crise profunda com falta de remédios - incluindo analgésicos -, alimentos e insumos básicos, como materiais para curativos e lençóis.
A médica Riane Azevedo, superintendente do IJF, declarou que o maior hospital da rede municipal chegou a 2025 devendo R$ 73 milhões a empresas de medicamentos, lavanderia, próteses e órteses e até de pessoal.
O prefeito anunciou repactuação com o Governo do Estado e com o Governo Federal para o recebimento de mais recursos financeiros. O Estado ampliou o aporte mensal de R$ 6 milhões para R$ 10 milhões, totalizando R$ 120 milhões ao ano; o Ministério da Saúde garantiu mais R$ 180 milhões para o ano.
No entanto, problemas como falta de anestésicos opioides (usados para a dor) e antibióticos, além de insumos como materiais para curativos, continuavam em abril, conforme apuração do Diário do Nordeste.
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Falta de medicamentos
Nas últimas semanas, a Prefeitura também divulgou nos meios de comunicação um longo posicionamento reconhecendo a falta de medicamentos em postos de saúde.
A lista obtida pelo Diário do Nordeste em abril mostrava 21 remédios em falta, desde tratamentos para diabetes até ansiedade e problemas cardíacos. Ao todo, 137 fármacos são ofertados à população pela SMS. Atualmente, segundo a gestão, ainda há carência de 4 medicamentos na rede.
Segundo a Pasta, a nova gestão assumiu o comando com dívidas e sem planejamento para a distribuição de medicamentos. A Secretaria se comprometeu a normalizar a distribuição em todas as unidades básicas de saúde.
Atrasos em pagamentos
Mais recentemente, cooperativas médicas denunciaram a continuidade dos atrasos de repasses referentes a meses finais de 2024 e início de 2025. O Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec) chegou a alertar para uma possível paralisação de atendimentos devido à “inadimplência”.
A SMS informou que “não houve interrupção dos procedimentos médicos e cirúrgicos na Capital”. A Pasta complementou que “os pagamentos ocorrem após a auditoria dos serviços de saúde prestados” e que "tem conseguido honrar com os pagamentos”.
Débitos não pagos pela gestão anterior, referentes a outubro e novembro de 2024, deverão ser pagos “em data posterior”, a ser negociada com as cooperativas.
Reformas estruturais
Evandro Leitão também se comprometeu a reestruturar a rede de unidades básicas em Fortaleza, incluindo a retomada de obras paradas. Até o momento, quatro já foram requalificadas.
Outro ponto com atendimentos interrompidos para reforma foi o Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), no bairro Conjunto Ceará. Em março, os serviços e profissionais foram remanejados temporariamente para os demais hospitais da Rede Municipal de Saúde.
A Prefeitura explica que as intervenções contemplam a modernização da estrutura física do equipamento, incluindo revisão elétrica, hidráulica e hidrossanitária. Além disso, o número de leitos deve ser ampliado de 80 para 136.
Outro desafio é qualificar os atendimentos nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), equipamentos com reclamações constantes de carência de profissionais, demora para agendamento das consultas e infraestrutura antiga.
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