Ceará tem 4ª maior queda na taxa de analfabetismo no Nordeste entre 2016 e 2022, segundo IBGE

O documento divulgado pelo Instituto chama atenção para a diferença entre as pessoas brancas e as pessoas pretas ou pardas

Escrito por Gabriela Custódio , gabriela.custodio@svm.com.br
Taxa de analfabetismo
Legenda: Em 2016, 14,3% da população com 15 anos ou mais do estado não sabia ler e escrever. Em 2022, esse percentual diminuiu para 12%, registrando uma queda de 2,3 pontos percentuais (p.p.) no índice
Foto: Fabiane de Paula

O Ceará teve a 4ª maior redução da taxa de analfabetismo entre os estados do Nordeste nos últimos 7 anos. Em 2016, 14,3% da população com 15 anos ou mais do estado não sabia ler e escrever. Em 2022, esse percentual diminuiu para 12%, registrando uma queda de 2,3 pontos percentuais (p.p.) no índice.

Entre os demais estados nordestinos, Alagoas (4 p.p.), Maranhão (3,7 p.p.) e Rio Grande do Norte (3,3 p.p.) tiveram maiores reduções.

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Em relação a todos os estados brasileiros, o Ceará desceu para a 5ª posição. O Acre, que registrou redução de 3,8 pontos percentuais na taxa de analfabetismo entre 2016 e 2022, ficou como segundo colocado.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: Educação (2022), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (06). De acordo com o Instituto, as diferenças entre 2016 e 2022 são significativas ao nível de confiança de 95%.

Ainda que esteja entre os estados com maior redução do analfabetismo entre as pessoas maiores de 15 anos de idade, o Ceará foi o 5º estado brasileiro com o pior índice em 2022.

Apenas 9 estados tiveram taxas acima de 10%, e todos são da região Nordeste. O 10º colocado no ranking, Acre, registrou 8,5% de analfabetismo nessa população.

O analfabetismo nas diferentes faixas etárias

Em todo o Brasil, à medida que o grupo analisado é mais velho, maior é a proporção de analfabetos nessa parcela da população. Ao selecionar apenas os idosos, acima de 60 anos, havia 5,2 milhões de brasileiros analfabetos em 2022, o equivalente a 16% do grupo etário — ou uma em cada seis pessoas.

Incluindo gradativamente a população mais nova, a taxa começa a cair: atinge 9,8% entre pessoas com 40 anos ou mais, 6,8% entre as de 25 anos ou mais e 5,6% entre a população de 15 anos ou mais.

“Esses resultados indicam que as gerações mais novas estão tendo um maior acesso à educação e sendo alfabetizadas ainda enquanto crianças. Por outro lado, os analfabetos continuam concentrados entre os mais velhos”, analisam os técnicos do IBGE no documento.

Ao longo dos anos, o analfabetismo tem diminuído na parcela da população brasileira acima de 60 anos. Se, em 2022, um em cada seis idosos era analfabeto, em 2016, nesse grupo, era como se um em cada cinco brasileiros fosse analfabeto — ou 20,5% das pessoas nessa faixa etária. Dessa forma, houve uma redução de 4,5 pontos percentuais nos últimos 7 anos.

“Comparando-se os indicadores de 2016 a 2022, a taxa de analfabetismo para as pessoas de 60 anos ou mais no Brasil manteve o comportamento da faixa de idade mais nova, de 15 anos ou mais. Entretanto, os indicadores da faixa mais velha eram muito maiores do que os da faixa mais nova”, informa a análise do IBGE.

O aspecto racial no acesso à educação

Ao acrescentar o recorte racial à análise do percentual de analfabetismo entre as faixas etárias da população, o documento do IBGE chama atenção para a diferença entre as pessoas brancas e as pessoas pretas ou pardas.

Enquanto no ano passado 3,4% das pessoas brancas com 15 anos ou mais eram analfabetas, esse percentual foi 4 pontos percentuais maior entre a população preta ou parda da mesma faixa etária.

Já entre os idosos brancos a taxa de analfabetismo registrada em 2022 foi de 9,3%, enquanto na população preta ou parda maior de 60 anos foi de 23,3% — 14 pontos percentuais a mais. 

Em 2016, essa diferença chegou a 19,1 pontos percentuais, quando a taxa de analfabetismo era de 11,6% entre a população branca de 60 anos ou mais e de 30,7% na população preta ou parda dessa faixa etária.

Desigualdades regionais

Assim como o fator racial, o recorte regional na análise da taxa de analfabetismo também permite observar as desigualdades específicas. Em 2022, as regiões Nordeste e Norte apresentaram as taxas de analfabetismo mais elevadas – 11,7% e 6,4%, respectivamente — e o Centro-Sul do País teve as taxas mais baixas.

Comparando 2022 e 2016, todas as regiões apresentaram redução da taxa, tanto na população maior de 60 anos quanto ao ampliar a faixa etária para a população com 15 anos ou mais.

Já na comparação com 2019, entre as pessoas acima de 60 anos, o IBGE chama atenção para uma queda de 4,9 pontos percentuais no Nordeste, de 37,4% para 32,5%.

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