Para garantir tempo integral em 100% da rede estadual, Ceará ainda precisa construir 100 escolas

Em 2023, 71% das escolas públicas de Ensino Médio da rede estadual são de Tempo Integral. Das 184 cidades do Ceará, 157 têm unidades com essa modalidade de ensino

Escrito por
Thatiany Nascimento thatiany.nascimento@svm.com.br
tempo integral
Legenda: No ensino fundamental, por outro lado, o Ceará ocupa o primeiro lugar, com 41% dos alunos matriculados em tempo integral.
Foto: Thiago Gadelha

Quando iniciar o ano letivo de 2023, na próxima segunda-feira (30), a rede pública estadual do Ceará terá ao menos 71% das escolas ofertando o ensino de Tempo Integral. Das 750 unidades escolares da gestão estadual, 659 estão aptas a terem a jornada escolar ampliada e destas, 472 contam com esse modelo. Outras 278 ainda devem aderir a ampliação. Mas para que 100% dos alunos do Ensino Médio estejam nessa modalidade nos próximos anos, o Governo tem um desafio adicional: precisa construir mais 100 escolas. 

O diagnóstico foi feito pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc), conforme informou em entrevista ao Diário do Nordeste a titular da pasta, Eliana Estrela, e já foi repassado ao governador do Estado, Elmano de Freitas. A expansão do Tempo Integral é uma demanda cobrada e esperada na área da educação há muitos anos. 

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Na campanha eleitoral, a universalização do Tempo Integral no Ensino Médio foi uma das propostas mais debatidas. À época, Elmano prometeu a matrícula de 100% dos alunos na modalidade até 2026. Mas, conforme Eliana, o planejamento é que a meta seja alcançada “o mais rápido possível”. 

Prevista tanto no Plano Nacional de Educação (PNE) e como no Plano Estadual de Educação, a ampliação da jornada é defendida por gestores, profissionais e entidades da área da educação como uma política necessária para a qualidade do ensino público. 

Atualmente, as escolas públicas da rede estadual têm 404 mil estudantes matriculados. E o diagnóstico da necessidade de construção de unidades escolares, “no Estado todo”, acrescenta ela, é um dos passos, na busca para viabilizar o compromisso. 

“A escola de Tempo Integral não é só mais um tempo de o aluno estar na escola. É mais oportunidade de conviver com laboratórios, livros, professores, colegas e desenvolver o seu projeto de vida”.
Eliana Estrela
Secretária de Educação do Ceará

Busca por terrenos

Das 184 cidades do Ceará, 157 têm escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Conforme a Seduc, destas, 68 unidades estão em Fortaleza. 

No levantamento das demandas e condições, Eliana diz que o Governo, via Seduc, “já está solicitando aos prefeitos, que tenham condições de fazer, a doação de terrenos para construir essa escola”. Nas cidades em que não há essa disponibilidade, o Estado está mapeando se há propriedades do tipo desocupadas.

Eliana Estrela
Legenda: A titular da Seduc, Eliana Estrela, ressalta que o Governo deseja alcançar a universalização do ensino de Tempo Integral o "mais rápido possível".
Foto: Fabiane de Paula

Conforme a secretária, são prioridades no planejamento da expansão do Tempo Integral do Ensino Médio:

  • Lugares em tenham condições mais vulneráveis e uma maior necessidade de permanência dos alunos nas escolas;
  • Locais que tenham condições de expandir o Tempo Integral com a estrutura já existente;

“Bolsa permanência” 

Outra meta debatida tanto na campanha eleitoral como na transição do governo estadual é a oferta das escolas profissionalizantes com cursos técnicos. Na rede estadual cearense, 131 escolas de Tempo Integral oferecem também a Educação Profissional. 

“Participei da implantação das escolas profissionais e houve uma resistência muito grande. Mas quando começou, começaram filas, inclusive hoje temos cota para os alunos (que vêm) da particular porque a procura é grande. Quando chegamos com a escola de tempo integral, sem o curso técnico profissional, foi outra resistência. E tinham comparações porque o ensino técnico recebia bolsa e a tempo integral não. Mas quando perceberam o que é o projeto do tempo integral, a procura aumentou muito”.
Eliana Estrela
Secretária de Educação do Ceará

No rol das 100 escolas a serem construídas, Eliana informa que parte delas terá o ensino profissionalizante.

Nesse contexto, a secretária explica ainda que “ uma das pautas é buscar uma forma de manter os alunos na escola com uma espécie de bolsa permanência. Algo que o aluno não precise desistir do tempo integral para trabalhar. Sabemos que vivemos em um Estado pobre e que muitos (alunos) precisam trabalhar para ajudar as famílias”. 

No diagnóstico, afirma ela, o governador, Elmano de Freitas, já está buscando como viabilizar o incentivo financeiro. Questionada sobre modelo e valor, Eliana diz que “ainda não tem definição” e completa: “Fizemos uma proposta mais ainda está em estudo”. A ideia é remunerar financeiramente um grupo de alunos que têm necessidade devido à condição financeira das famílias. 

 

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