Ceará tem 157 mil domicílios a mais liderados por mulheres do que por homens, diz Censo do IBGE

Estado é o 5º do país com maior percentual

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Mulheres marisqueiras em barco no litoral do Ceará
Legenda: Na pesquisa, mulheres foram indicadas como as principais responsáveis pelas residências
Foto: Helene Santos

Uma nova rodada de dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi divulgada nesta sexta-feira (25), revelando que o Ceará é o 5º Estado do Brasil com maior proporção de domicílios chefiados por mulheres. Ao todo, elas são responsáveis por 157 mil moradias a mais do que os liderados por homens.

Os números fazem parte do estudo “Composição domiciliar e óbitos informados: Resultados do universo”. Ele considera que a formação da “unidade doméstica” se dá pela relação de parentesco ou convivência com o responsável, assim indicado e reconhecido pelos demais membros da referida unidade como tal.

O IBGE contabilizou cerca de 3 milhões de domicílios no Estado. Desse total, 1.589.668 eram liderados por mulheres (52,6% do total), enquanto em 1.432.549 tinham um homem como principal responsável.

A novidade inverte uma relação aferida pelo Censo anterior, realizado em 2010. Naquela ocasião, os homens lideravam 1.432.193 domicílios (pouco mais de 60% do total da época), contra 937.618 chefiados por mulheres. 

Na comparação entre os Censos, o crescimento feminino nesse quesito foi de quase 70%. 

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Cenário nacional

Conforme o Instituto, a média nacional de domicílios liderados por mulheres cresceu de 38,7%, em 2010, para 49,1%, em 2022. No último levantamento, das 27 unidades federativas, 10 têm maior percentual de liderança feminina:

  1. Pernambuco: 53,9%
  2. Sergipe: 53,1%
  3. Maranhão: 53%
  4. Amapá: 52,9%
  5. Ceará: 52,6%
  6. Rio de Janeiro: 52,3%
  7. Alagoas: 51,7%
  8. Paraíba: 51,7%
  9. Bahia: 51%
  10. Piauí: 50,4%

Vale destacar que, destes, oito pertencem à região Nordeste. 

No Amazonas, a proporção ficou exatamente igual, em 50%. Por outro lado, os Estados com menor percentual de unidades com mulheres responsáveis foram Santa Catarina (44,6%) e Rondônia (44,3%).

O IBGE considera que essa análise por sexo “mostra uma mudança importante em  relação a 2010, pois, nesse Censo, o percentual de homens responsáveis (61,3%) era  substancialmente maior do que o percentual de mulheres (38,7%)”.

Características por raça dos domicílios

A pesquisa também detalhou outros quesitos dos responsáveis no Ceará. Repercutindo o Censo anterior, pessoas pardas são as principais líderes dos domicílios, seguidos por brancos e pretos. No entanto, a composição mudou:

  • Pardos: de 1.436.672 (60%) para 1.955.673 (64,7%)
  • Brancos: de 749.271 (31%) para 789.359 (26%)
  • Pretos: de 144.530 (6%) para 258.038 (8,5%)

Considerando que o IBGE considera que pardos e pretos formam o conjunto de “negros”, o percentual cearense desse grupo populacional subiu de 66% para 73,2%.

Além disso, a presença indígena mais do que duplicou. Em 2010, eram 5.885 domicílios chefiados por uma pessoa pertencente a alguma etnia originária. Em 2022, esse número cresceu para 13.719.

Por outro lado, houve decréscimo de quase 85% da população amarela no Estado, caindo de 33.430, há 12 anos, para 5.111.

Mais idosos chefes de domicílios

Outro fator importante que merece ser considerado é que cresceu o número de domicílios cujo responsável principal é um idoso com 60 anos ou mais de idade. Em 2010, eram 550.807; atualmente, eram 778.726.

Na outra ponta, um dado caiu, mas ainda é alarmante: em 2010, 13.752 lares cearenses tinham um adolescente de 12 até 17 anos como responsável; em 2022, o IBGE aferiu 10.658.

Conforme o IBGE, o número médio de moradores no Brasil é de 2,8 pessoas, “um reflexo do processo da queda da fecundidade que vem ocorrendo sistematicamente no País nas últimas décadas e do envelhecimento populacional”.

 

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