Ceará tem quase 280 mil mulheres a mais do que homens, revela Censo do IBGE; veja em sua cidade

Maior presença feminina reflete o envelhecimento populacional e uma maior sobremortalidade masculina em todos os grupos etários

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: População feminina na Capital encolheu em 2,5 mil mulheres em relação a 2010, mas a contagem de homens superou: foram 20 mil a menos
Foto: Fabiane de Paula

O Ceará tem 4.537.030 mulheres e 4.257.927 homens, uma diferença de 279.103 a mais de pessoas do sexo feminino. As informações fazem parte de nova rodada de divulgações do Censo Demográfico 2022, liberada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (27).

A diferença se acentuou em relação a 2010, quando havia 212,2 mil mulheres a mais. No último Censo, foram contados 4.120.088 homens e 4.332.293 mulheres. Ou seja, entre os levantamentos, a população feminina cresceu 4,7%, enquanto a masculina, 3,3%.

O Censo Demográfico 2022 evidenciou, para o Ceará, uma razão de sexo igual a 93,8, indicando haver 93,8 homens para cada 100 mulheres. Segundo o IBGE, quando esse indicador é um valor inferior a 100, significa que o volume de homens é inferior ao de mulheres. 

“Devido ao envelhecimento demográfico, é esperado que o número de homens seja gradualmente menor que o número total de mulheres, já que essas apresentam, na média, menor mortalidade durante todas as etapas da vida”, explica o órgão.

A análise é complementada por Izabel Guimarães Marri, gerente de Análises e Estudos da Dinâmica Demográfica do IBGE. Durante coletiva para a imprensa, da qual o Diário do Nordeste participou, ela elencou alguns fatores para isso, já que é um contexto nacional:

“Na década de 1980, nossa população já era majoritariamente de mulheres. Essa diminuição reflete o envelhecimento populacional e uma maior sobremortalidade masculina em todos os grupos etários. Nascem mais meninos, mas morrem mais meninos, especialmente jovens adultos. As causas estão relacionadas a fatores não naturais, como violência e acidentes”, explica. 

Embora haja maior longevidade, há uma tendência de redução da razão de sexo. Hoje, em todo o Brasil, há 94 homens para cada 100 mulheres. O menor índice foi calculado no Rio de Janeiro, com 89. Já no Mato Grosso, maior razão do Brasil, há 101 homens para cada 100 mulheres.

Aumento de mulheres no CE

Os dados do IBGE revelam mudanças demográficas no Estado. Em Fortaleza, há 174.850 mulheres a mais do que homens, puxando a diferença entre os sexos. Apesar disso, a Capital registrou 2,5 mil mulheres a menos do que no Censo de 2010. Entre os homens, foram quase 21 mil abaixo da última contagem, reflexo da migração já avaliada na análise geral da população.

Juazeiro do Norte foi a cidade cearense com maior aumento de mulheres entre os Censos, com 19 mil a mais. Em seguida, aparecem Caucaia (18,2 mil), Eusébio e Maracanaú (14,9 mil cada), as três na Região Metropolitana. Pelo mapa do Ceará, é possível perceber que houve maior ocupação delas no litoral e Região Norte do Estado.

Na observação de Izabel Marri, quanto maior a oferta de emprego e serviços, mais as mulheres tendem a procurar locais com esse tipo de ocupação.

Por outro lado, as cidades com maior decréscimo de mulheres foram Catarina (-4,2 mil), Maranguape e Acopiara (-2,8 mil cada).

Para onde os homens foram?

Já ao se comparar a evolução de homens no Ceará, percebe-se  que Itaitinga e Juazeiro do Norte lideraram o aumento, com mais 17 mil pessoas do sexo masculino, cada. Porém, conforme Marri, do IBGE, a população carcerária das cidades também é incluída na contagem oficial e pode puxar os dados.

Além dessas cidades, Eusébio (13 mil), Caucaia (12 mil) e Maracanaú (10,5 mil) também tiveram aumento da população masculina.

Na outra ponta, as cidades que mais perderam homens além de Fortaleza foram: Maranguape (-5,6 mil), Catarina (-4,2 mil) e Acopiara (-3,3 mil).

Para que servem esses dados?

O IBGE explica que a informação da distribuição da população por idade e sexo fornece subsídios para o cálculo de uma série de indicadores demográficos que permitem avaliar as mudanças e tendências do perfil demográfico da população ao longo do tempo. 

Os dados podem subsidiar o planejamento de políticas públicas que visam ao atendimento das necessidades de grupos específicos, como crianças, adolescentes, jovens, pessoas em idade de trabalhar, idosos e mulheres, como também para fornecer parâmetros balizadores a serem considerados nos processos de avaliação de diversos programas sociais e econômicos. 

O Censo Demográfico é a principal fonte de referência sobre as condições de vida da população em todos os municípios do país e em seus recortes territoriais internos. 

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