Balizadores de ciclofaixas são derrubados e geram insegurança na Av. Francisco Sá

Estruturas usadas para proteger ciclistas e sinalizar o trânsito estão danificadas.

Escrito por
Ana Alice Freire* ana.freire@svm.com.br
Vista de uma rua urbana movimentada, com ciclovia à esquerda. Dois ciclistas, um vestindo camiseta bordô e boné verde e outro de camiseta branca, pedalam na ciclovia de sentido único, separada da pista principal por tachões. Carros circulam na rua, e pedestres caminham na calçada lateral. Placas de limite de velocidade são visíveis.
Legenda: Implantada em novembro de 2023, a ciclofaixa da Av. Francisco Sá tem fluxo contínuo de pedestres e ciclistas, apesar do desgaste da estrutura.
Foto: Fabiane de Paula

A maior parte dos balizadores que separam a ciclofaixa da Avenida Francisco Sá, criada em 2023 no bairro Jacarecanga, em Fortaleza, está derrubada. Conforme denúncias de quem trafega pelo local, as estruturas, que servem para proteção dos ciclistas e também como sinalização, são danificadas por motoristas de veículos motores. 

Flexíveis, os balizadores são feitos principalmente de poliuretano, polietileno ou borracha, materiais que oferecem menor resistência a impactos repetidos. Mas, no local, outros elementos de separação, como os tachões e as tachas refletivas, os chamados “olhos de gato”, também apresentam danos e demandam reparos.

Carros e motos esbarram nos balizadores, segundo denunciam usuários, ao fazerem ultrapassagens pela ciclofaixa durante congestionamentos ou diante de paradas de ônibus para embarque e desembarque. Erineuda do Nascimento, 58, utiliza diariamente a ciclofaixa no trecho entre a Av. Filomeno Gomes e a Rua Padre Anchieta para ir ao trabalho e relata a displicência de motoristas e motociclistas. “Eles passam por cima de tudo. É carro, é moto, é ônibus”, afirma.

O designer Daniel Neves, 35, que também usa a faixa para visitar os pais semanalmente, comenta que falhas na pintura — e até sua ausência em alguns pontos — contribuem para que condutores invadam a ciclofaixa. “Não respeitam o espaço, especialmente nos retornos, onde alguns motoristas cortam os ciclistas de forma perigosa”, relata.

Poste delimitador de tráfego flexível, listrado em preto e branco e visivelmente danificado, caído sobre o asfalto. O poste se encontra dentro de uma ciclofaixa (indicada por um símbolo de bicicleta pintado e uma linha vermelha que a separa da pista de rodagem). A roda de um veículo ocupa o canto superior direito da imagem, enquanto edifícios antigos se alinham à esquerda, na distância.
Foto: Fabiane de Paula

Em nota à reportagem, a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) declarou que a partir de segunda-feira (1º), o órgão iniciará as obras de restauração, com a remoção dos antigos balizadores e melhoria da sinalização.

A AMC diz ainda que, a partir de janeiro, está prevista a instalação de 1.000 novos balizadores, acompanhada de ações educativas de respeito ao espaço e à velocidade ao longo do trecho da Avenida Francisco Sá. 

A autarquia lembrou ainda que, segundo o ITDP Brasil, "Fortaleza é a capital brasileira cujos moradores vivem mais próximos da infraestrutura cicloviária: cerca de 51% da população reside a menos de 300 metros de uma ciclovia, ciclofaixa, ciclorrota ou passeio compartilhado".

Plano Diretor Cicloviário

Flávio Cunto, professor do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), ressalta que a eficácia dessas estruturas, que estão danificadas, depende de cuidados permanentes.

“É necessário que a gente tenha a manutenção periódica e sistemática de toda essa infraestrutura”, pontua. Segundo ele, o desgaste natural, especialmente em materiais flexíveis, leva os balizadores a se deformarem ou se desprenderem, “perdendo sua eficácia enquanto separadores”. Esse cenário, afirma, pode afastar ciclistas da via por aumentar a sensação de insegurança.

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O professor também alerta que a segurança de quem pedala passa por transformar manutenção em política de Estado. Ele lembra que Fortaleza dispõe do Plano Diretor Cicloviário Integrado, elaborado em 2015, que prevê captação de recursos para renovação da infraestrutura.

“A cidade tem meios para tornar essa política permanente, para que perpassa governos”, afirma o docente. Segundo ele, a prioridade deve ser dada às vias com maior fluxo, como a própria Francisco Sá, “que é uma via de tráfego intenso e onde os balizadores são fundamentais”.

Instituído em 2015, o Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI) orienta a política cicloviária de Fortaleza até 2030 e busca consolidar a bicicleta como meio de transporte seguro, confortável e integrado ao sistema urbano.

Segregadores 

A implantação de balizadores de ciclofaixas começou em Fortaleza, de acordo com a Prefeitura, em 2019, como uma ação pioneira no Brasil de proteção aos ciclistas. A ideia das estruturas é criar uma barreira visual e física destinada a reduzir conflitos entre veículos motorizados e bicicletas.

Agora, em 2025, Fortaleza começou a implantar um novo tipo de elemento segregador em vias urbanas, conhecidas como Zebras, inicialmente instaladas de forma experimental na Avenida da Universidade, entre as avenidas Eduardo Girão e Domingos Olímpio.

*Estagiária supervisionada pela jornalista Dahiana Araújo

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