Fortaleza quer transformar 50 km da malha em ciclovias arborizadas; conheça projeto

A ideia é transformar 10% do percurso já existente no novo modelo

Escrito por
Gabriela Custódio gabriela.custodio@svm.com.br
Projeto de ciclovia arborizada na Avenida Dom Luís, em Fortaleza, separada da via com carros e ônibus por um canteiro central com árvores floridas de copa rosa.
Legenda: Avenida Dom Luís será a primeira a receber ciclovia arborizada. As obras têm início nesta segunda-feira (22) e estão previstas para terminar até o dia 30 de novembro.
Foto: Reprodução/SCSP

Até o final desta gestão do prefeito Evandro Leitão (PT), em 2028, a Prefeitura de Fortaleza quer transformar 50 km da infraestrutura cicloviária atual em ciclovias arborizadas. Além de favorecer o conforto térmico, a proposta é tornar esses espaços mais seguros para quem pedala, ao separar fisicamente ciclistas de outros veículos com um canteiro central e implantar nova iluminação. O Município também planeja aumentar o número de ciclistas e ampliar o perfil de quem se desloca de bicicleta na Cidade.

Atualmente, a malha cicloviária de Fortaleza tem 501,7 km de extensão, divididos entre 158,9 km de ciclovias; 318,7 km de ciclofaixas; 16,5 km de ciclorrota e 7,7 km de passeio compartilhado. Com as intervenções, a Secretaria Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP) pretende transformar cerca de 10% dessa malha em ciclovias arborizadas.

Foram adotados dois critérios para fazer o mapeamento das vias aptas a receberem a nova infraestrutura:

  • A quantidade de ciclistas que utiliza a infraestrutura;
  • A existência de espaço na via para receber o canteiro central, sem reduzir as faixas para outros veículos.

Segundo o coordenador de mobilidade urbana da SCSP, Victor Macedo, ainda não foram definidas todas as vias que irão receber esse novo modelo de infraestrutura cicloviária. A primeira delas, porém, será a avenida Dom Luís, onde as obras têm início nesta segunda-feira (22) e estão previstas para terminar até o dia 30 de novembro.

Neste caso, Macedo explica que quase 500 ciclistas trafegam pela ciclofaixa da Dom Luís na hora de maior movimento. Além disso, a atual estrutura da avenida já conta com uma marca de canalização (área “zebrada”) que será substituída pelo canteiro central, sem afetar a largura das demais faixas de rolamento.

A segunda avenida que vai receber a ciclovia arborizada é a Coronel Carvalho, onde as intervenções estão previstas para terem início no dia 6 de outubro. No último 13 de setembro, o Diário do Nordeste noticiou a denúncia feita por ciclistas da demora para instalação da ciclofaixa após ação de recapeamento.

Em nota, a Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) informou sobre a previsão de substituir trecho da ciclofaixa por uma ciclovia e afirmou que estava em fase de conclusão do novo projeto de sinalização para ser executado posteriormente.

Legenda: Av. Coronel Carvalho também deve receber ciclovia arborizada, segundo projeto da Prefeitura
Foto: Kid Júnior

“A Prefeitura reforça que não houve retirada de ciclofaixas em Fortaleza. Ao contrário, a cidade ganhará novas e mais seguras estruturas para ciclistas, além da transformação de algumas ciclofaixas em ciclovias, como está sendo implementado na Rua Pinto Madeira, no Centro”, completou o órgão.

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Mais segurança e conforto térmico

A maior parte dos ciclistas de Fortaleza é composta por pessoas de baixa renda e que se deslocam para o trabalho. Em sua maioria, esse público é de adultos e homens. Apenas cerca de 20% são mulheres, conforme Victor Macedo.

O atual foco da Prefeitura de Fortaleza, em relação à infraestrutura para ciclistas, é criar áreas mais seguras e mais confortáveis para atingir novos públicos, como mulheres, crianças e idosos.

O coordenador defende que, para atrair esses segmentos, a chave é construir ciclovias mais protegidas, citando Buenos Aires (Argentina), Lima (Peru) e Cidade do México (México) como exemplos.

Não é algo que Fortaleza está criando do nada, mas baseado em experiências exitosas de cidades com porte semelhante ao de Fortaleza. Mas vimos que, para dar esse salto, para adquirir novos públicos, precisamos avançar nessa proteção.
Victor Macedo
Coordenador de mobilidade urbana da SCSP

“A ideia do prefeito Evandro é, na gestão, proteger esses 50 km de ciclovias espalhadas por toda a Cidade, abrangendo todas as regionais”, afirma Macedo. “Esse vai ser o foco dos próximos anos. Claro, continuar implementando infraestruturas cicloviárias, mas garantindo essa proteção e esse conforto maior”, complementa.

Legenda: As intervenções para a ciclofaixa arborizada na Dom Luiz começam nesta segunda-feira (22),
Foto: Thiago Gadelha

A Secretaria Municipal da Conservação e Serviços Públicos realizou um estudo com câmera térmica para atestar a diferença de temperatura nas áreas arborizadas e sem arborização na avenida Dom Luís.

Enquanto a temperatura do asfalto chega a 51 ºC em trechos sem árvores, foi percebido que ela cai para 30ºC em locais arborizados, como próximo à Praça Portugal.

Os impactos do novo modelo poderão ser sentidos pela população em curto prazo, em relação à proteção, e em médio prazo, quanto ao conforto térmico, aponta Macedo.

“Quando construímos o canteiro com jardim, por si essa infraestrutura já protege o ciclista. É semelhante à ciclovia da Beira-Mar, em que você anda com uma proteção bem maior. [Para] a parte do conforto térmico, tem o tempo de a árvore criar copa e formar sombra”, afirma.

Os canteiros vão receber árvores adultas, de médio e grande porte, segundo o coordenador. “Tomando como base a obra que fizemos na avenida Desembargador Moreira, leva de dois a três anos para as árvores formarem sombra mesmo”, complementa.

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Prefeitura começa obras para ciclovia arborizada na Dom Luís

Com investimento de R$ 1 milhão por meio do programa Bloomberg Initiative for Cycling Infrastructure (Bici), a avenida Dom Luís, um dos corredores comerciais mais tradicionais da Cidade, terá uma ciclovia arborizada de 1,9 km de extensão — sendo 1,4 km unidirecional e 0,5 km bidirecional.

Atualmente, ela conta com uma ciclofaixa, que delimita a área destinada aos ciclistas apenas pela pintura no chão e outras sinalizações. Ao ser transformada em uma ciclovia, esse trecho da pista será separado fisicamente do tráfego comum, tornando a estrutura mais segura.

Durante a apresentação do projeto, que ocorreu na sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE), na última terça-feira (16), comerciantes reclamaram do “cronograma apertado” para o início das obras. Um ponto levantado pelos empreendedores foi que o movimento no comércio costuma ser maior no segundo semestre, com as compras de Natal.

Esquema da Av. Dom Luís durante as obras da ciclovia, mostrando faixas de tráfego, áreas interditadas, saídas de estacionamento e a faixa usada na intervenção.
Legenda: A Prefeitura de Fortaleza pretende realizar as obras em etapas, com bloqueio de uma faixa por trecho de três quarteirões. As interdições vão durar entre 10 e 15 dias.
Foto: Reprodução/SCSP

Para evitar transtornos aos motoristas e comerciantes na região, a Prefeitura pretende realizar as obras em etapas, com bloqueio de uma faixa por trecho de três quarteirões. As interdições vão durar entre 10 e 15 dias.

Na avenida Dom Luís, as intervenções vão começar no trecho entre a rua Castro Monte, próximo ao Colégio Farias Brito, e a rua Tibúrcio Cavalcante. Segundo a Prefeitura, nenhuma saída de estacionamento será comprometida.

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