Agricultores familiares de Quixeramobim produzem 'Maior Queijo Coalho do Mundo', com 2.304 kg
Indústria Terra Conquistada, vinculada ao MST, apresentou o produto na 6ª edição da Copa Leite
Nesta sexta-feira (29), a cidade de Quixeramobim, no Sertão Central cearense, conquistou um recorde de dar orgulho a qualquer nordestino: o de Maior Queijo Coalho do Mundo. Com 2.304 kg e feito a partir de 23,7 mil litros de leite, o queijo foi apresentado ao público na 6ª edição da Copa Leite Quixeramobim, evento realizado por meio de uma parceria entre o Sebrae, a Prefeitura do Município e associações que representam a agricultura e a pecuária cearense.
A produção do queijo, executada por uma equipe de 20 pessoas, durou cerca de 30 horas – começou na manhã da última quarta-feira (27) e foi finalizada nesta quinta-feira (28), por volta das 14h. Nesta sexta-feira (29), o produto final foi pesado e apresentado na Via Paisagística de Quixeramobim.
Além de representantes da indústria, um público de cerca de 2.500 pessoas esteve presente para comemorar a conquista. Ao fim da pesagem e da constatação do recorde, foi feita a distribuição do queijo para a população – a partilha, farta, durou quase três horas.
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Os responsáveis pela feitura do queijo são os profissionais do laticínio Terra Conquistada, empreendimento baseado na agricultura familiar vinculado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e localizado no Assentamento Nova Canaã, no distrito de Lacerda. A coordenação da produção foi feita pela Cooperativa Regional dos Assentamos de Reforma Agrária do Sertão Central do Ceará (Cooperasc).
O gerente da Cooperasc, Lucimério Araújo, celebrou o momento e aproveitou para destacar a qualidade do queijo coalho recordista – que também já chegou a ganhar prêmios pelo sabor. Segundo ele, só foi possível chegar aos impressionantes mais de 2 mil quilos de queijo graças ao esforço dos agricultores familiares.
“Foi bem emocionante. Foram 20 pessoas envolvidas na produção e estávamos todos muito eufóricos para terminar a meta, que era de pelo menos 2 mil”, ressaltou. Segundo ele, além da produção do queijo em si, foram feitos diversos procedimentos operacionais durante a semana para garantir a qualidade e a higiene do produto, como manda o padrão da indústria.
Ainda que não haja um prêmio “oficial”, Lucimério acredita que o Ceará tem muito a ganhar por manter o título – afinal, o resultado do trabalho significa, mais do que ganhar uma disputa, uma relevante vitrine.
“É importante no sentido de garantir o reconhecimento para a cidade. E, quando você coloca [a cidade] em evidência, não é só o estado do Ceará em evidência, mas a agricultura familiar, os produtores de leite do Sertão Central e a produção regional de queijo coalho, que é algo nosso, do Nordeste”, completou Lucimério.
Recorde de Quixeramobim bate o de Jaguaribe e pode se tornar oficial em 2025
Até 2022, o título de Maior Queijo Coalho do Mundo era de Quixeramobim – por isso, o novo título tem sido visto como “uma volta ao topo”. Na época, os agricultores produziram um produto com 1.480 kg – em julho deste ano, no entanto, uma empresa do município de Jaguaribe produziu um queijo coalho com 1.930 kg, superando a “rival”.
Segundo o articulador do Sebrae no Sertão Central, Cleverson Carlos, com a conquista deste ano, as instituições que realizam a Copa Leite têm estudado a possibilidade de “oficializar” o título de Quixeramobim. A ideia é contatar o Guinness World Records para que a conquista seja registrada no Guinness Book (Livro dos Recordes).
“Outros estados já fizeram [queijos maiores], mas não do tipo coalho. Então, todo mundo está vendo que é o maior queijo, mas não teve uma entidade para chanceler. No próximo ano, vamos contatá-los para acompanhar e registrar”, comentou.
Isso porque, para Cleverson, o intuito dessa “disputa saudável” entre os produtores de leite da região tem como intuito fortalecer toda uma cadeia que movimenta parte importante da economia cearense.
“São duas regiões – Quixeramobim e Jaguaribe – se mobilizando em prol de expor o maior queijo de toda a cadeia produtiva. Isso gera uma imagem da importância que a pecuária leiteira tem para os municípios e para todo o Ceará”, explicou. “Quem ganha mesmo é o desenvolvimento de ambas as regiões”.