Setor de energia eólica está de vento em popa

Nem mesmo a queda do PIB, que poderia reduzir a demanda por energia eólica, não interfere no desempenho do setor

Escrito por Redação ,
Legenda: A eólica é a quarta matriz energética do Brasil, mas espera-se que atinja a segunda colocação em cinco anos
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

Rio de Janeiro. Um setor cuja atividade tem sido pouco afetada pela crise econômica é o da energia eólica. "Somos uma ilha de prosperidade neste momento", diz a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum. Segundo ela, a crise se restringe mais ao ponto de vista da expectativa dos investidores do que da realidade.

"O animal spirit do investidor fica afetado como um todo, mas se fizer uma fotografia apenas na indústria eólica, só tem resultados positivos, só está crescendo. Se o investidor conseguir fazer o exercício de olhar apenas na indústria eólica, não existe crise", disse Elbia.

Nem mesmo a queda do Produto Interno Bruto (PIB), que poderia reduzir a demanda por energia eólica, não interfere no desempenho do setor. Na avaliação da executiva, a utilização crescente da fonte eólica para suprir as dificuldades com as hidrelétricas, e a substituição das termoelétricas que geram energia mais cara, compensa qualquer interferência que pudesse ocorrer diante da redução do PIB. "O Brasil está fazendo uma recomposição da base, substituindo as hídricas e substituindo as termoelétricas muito caras, buscando também a fonte eólica. Então, isso não afeta a demanda no longo prazo e nem no médio prazo", afirmou.

Ela está otimista com os resultados do leilão de geração de energia previsto para novembro. Elbia Gannoum explicou que o certame será de reserva e, por isso, quem estabelece a demanda é o próprio governo com base no que ele acredita que é necessário para o país.

"Ele tem que substituir as térmicas e tem que fazer replace das hídricas. Então, a demanda vai ser alta e do lado da oferta temos muita. Os produtores de equipamentos me disseram o seguinte: a nossa oferta é praticamente infinita", destacou.

Quanto ao preço máximo para a contratação de energia eólica, Elbia disse que, em junho, o setor estimou para o governo o valor de R$ 210 pelo megawatt hora (MWh) no próximo leilão, mas atualmente avalia que poderia ser de R$ 230. "Não estamos pedindo preço do nada, do além. E depois é o seguinte: se eles acharem que estão definindo preço alto demais, isso não é relevante, porque o mercado eólico está maduro e em mercados maduros o mecanismo de leilão que existe é altamente eficaz".

Competidores

Para a executiva, o contrário é que pode prejudicar o certame. "A única preocupação que ele tem que ter é botar um preço baixo, porque aí ele não vai atrair competidores. Atraiu os competidores, botou os competidores em um ambiente, vai haver competição e o processo de revelação de preços", observou. "O Brasil sabe fazer isso muito bem. A metodologia do leilão está aí há dez anos e tem sido copiada. O que precisamos é confiar neste mecanismo de leilão que tem se mostrado cada vez mais eficiente e a indústria eólica com os 7GW é a prova disso", acrescentou.

A expectativa do setor é chegar ao fim do ano com a capacidade instalada de 9 GW. A eólica é atualmente a quarta fonte na matriz energética do Brasil, vindo na sequência da hidrelétrica, da térmica e da biomassa, mas a previsão é atingir o segundo lugar em cinco anos. Após os próximos oito anos, o setor espera atingir 27 GW. Segundo Elbia Gannoum, os bons resultados vêm se repetindo.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.