Aeronáutica dá sinal positivo para 2ª pista

Para a construção, é preciso que a Base Aérea de Fortaleza ceda uma parte da sua área

Escrito por Redação ,
Legenda: Foto aérea do Aeroporto Pinto Martins e da Base Aérea mostra a exiguidade de espaços livres para construção de uma nova pista de pousos e decolagens

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, sinalizou positivamente com a cessão de parte da Base Aérea do Fortaleza para uso do governo do Estado do Ceará. A área é essencial para que o governo "alce voo" nos planos de construção de uma nova pista de pouso e decolagens no Aeroporto Internacional Pinto Martins, condição essencial para continuar na disputa pela atração de um centro de conexão de voos nacionais e internacionais (hub) da TAM, em Fortaleza.

"Não temos nenhum interesse em atrapalhar os interesses do Estado do Ceará. Reconhecemos a importância que a aviação tem para o turismo do Estado", declarou o Brigadeiro ao governador, ao dar o sinal verde para que parte da área seja utilizada pelo Estado.

Segundo a fonte da informação, a Aeronáutica teria solicitado contrapartidas em troca da área a ser cedida, o que poderá ser a construção de melhorias nas instalações atuais da base aérea, em Fortaleza. Contactada, a assessoria de imprensa da Aeronáutica confirma que o comando da pasta estuda o projeto de uso do terreno para construção de uma nova pista para o aeroporto Pinto Martins.

Dúvidas

Apesar da determinação do governador e da boa vontade do brigadeiro, muitos questionamentos e dúvidas técnicas e operacionais pairam sobre o projeto, que ainda não foi divulgado. Uma fonte da Infraero consultada pelo Diário do Nordeste avalia que, sem uma parte do terreno da Base Aérea, não há como se construir um segunda pista, já que é praticamente impossível, por questões de espaço físico, a construção de mais uma pista paralela a existente atualmente.

O técnico da Infraero explica que a Lagoa do Opaia e o grande número de residências habitacionais existentes em área invadida da União, no bairro da Vila União, em região colada às extremidades Oeste do aeroporto, pode inviabilizar a construção de uma nova pista, no sentido Leste-Oeste, já que exigiriam despesas elevadas com desapropriações e até aterro de parte da lagoa, gerando danos ambientais.

Sendo assim, explica a técnica da Infraero, a nova pista teria que ser perpendicular a atual, no sentido Norte-Sul, o mesmo do terreno da Base Aérea. Já para um experiente piloto da Força Aérea Brasileira (FAB) esta alternativa pode até ser viável espacialmente, mas operacionalmente, não. Ele explica que, em Fortaleza, em função da posição e força dos ventos, as aeronaves devem decolar e pousar no sentido leste-oeste.

"Aqui em Fortaleza, uma pista no sentido Norte-Sul, perpendicular a atual, seria inviável, devido os ventos predominantes leste-oeste e fortes", declarou o piloto. Para ele, porém, é possível a construção de uma nova pista paralela a atual pista de taxiamento do Pinto Martins.

Para tanto, esclarece, ela teria que ser construída na área do terminal antigo de passageiros, onde hoje operam terminais de taxi aéreos, além de que a área invadida no Vila União teria de ser desapropriada. "A nova pista terá um custo social, mas Fortaleza precisa dela", defende, lembrando dos benefícios que um hub aéreo traria para a economia da cidade e do Estado.

Zona de proteção

Tanto o técnico da Infraero, quanto o piloto da FAB reconhecem, no entanto, que há outras barreiras que precisam ser observadas, como a existência de prédios e antenas de telecomunicações próximas ao aeródromo, que dificultam pousos e decolagens. "Muitos prédios e antenas estão na zona de proteção", alerta, ressaltando que se houver uma decisão política coletiva todos os impeditivos existentes podem ser superados.

Ele cita, inclusive, que as pistas não necessariamente precisam estar equidistantes 750 metros, uma da outra, bastando que pousos e decolagens não ocorram simultaneamente, mas com espaços de minutos apenas. "Nem Guarulhos (aeroporto) opera simultaneamente", frisa o piloto. Ele alerta, no entanto, para a necessidade de construção de uma pista com cerca de 3.000 metros de extensão, para que possa receber grandes aviões com lotação de passageiros e de carga máximas, e garantir maior viabilidade econômica.

Agenda cheia

Além da ampliação do Aeroporto, Camilo Santana teve agenda cheia, em Brasília, também ontem. Pela manhã participou de reuniões com o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, e com a presidenta da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, com quem tratou da liberação de recursos para obras de conjuntos habitacionais do Minha Casa, Minha Vida. Na terceira reunião do dia conversou com o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, sobre as obras do Anel Viário e duplicação da CE - 010 (estrada da Sabiaguaba) e da CE - 155,que liga Crato a Farias Brito.

Carlos Eugênio
Repórter

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