Seis das 10 maiores cidades produtoras agrícolas do Ceará ficam na Serra da Ibiapaba
Produção agro bateu recorde em 2024, atingindo R$ 6,1 bilhões
A produção das principais culturas agrícolas do Ceará atingiu o recorde de R$ 6,1 bilhões em 2024, com uma alta de 22% em relação a 2023. O resultado se deve principalmente à Serra da Ibiapaba, que reúne seis das 10 principais cidades produtoras.
Guaraciaba do Norte é o município cearense com maior produção agrícola, totalizando R$ 381 milhões em 2024, 6% do valor de produção agrícola estadual.
O resultado se deve principalmente à cultura do tomate, que teve produção de R$ 154 milhões. Os dados são da Pesquisa Agrícola Municipal, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A segunda cidade no ranking da produção agro é São Benedito, que também é a segunda maior produtora de batata-doce do Brasil. A produção da raiz corresponde a mais da metade do faturamento total - R$ 191 milhões de R$ 371 milhões.
Em seguida aparece a cidade de Tianguá, onde o cultivo de maracujá gerou R$ 138 milhões em 2024. O faturamento total do município com o cultivo agrícola chegou a R$ 344 milhões.
Viçosa do Ceará, Ubajara, Ibiapina, também na Serra da Ibiapaba, integram a lista de maiores produções agrícolas. Acaraú (no Litoral Norte), Limoeiro do Norte (no Vale do Jaguaribe) e Paraipaba (na Grande Fortaleza) completam o ranking.
VEJA AS CIDADES CEARENSES COM MAIOR PRODUÇÃO AGRÍCOLA
- Guaraciaba do Norte - R$ 381,4 milhões (tomate: R$ 154,1 milhões)
- São Benedito - R$ 371,5 milhões (batata-doce: R$ 191,6 milhões)
- Tianguá - R$ 344,2 milhões (maracujá: R$ 138,6 milhões)
- Acaraú - R$ 263,4 milhões (coco-da-baía: R$ 143,7 milhões)
- Limoeiro do Norte - R$ 238,9 milhões (banana: R$ 165,1 milhões)
- Ubajara - R$ 234,5 milhões (maracujá: R$ 116,4 milhões)
- Ibiapina - R$ 233,9 milhões (maracujá: R$ 99,7 milhões)
- Viçosa do Ceará - R$ 172,3 milhões (R$ 60,2 milhões)
- Aracati - R$ 151 milhões (melancia: R$ 54,2 milhões)
- Paraipaba - R$ 136,3 milhões (coco-da-baia: R$ 125, milhões)
CULTIVO DE ITENS DE ALTO VALOR AGREGADO
O protagonismo da região, que faz divisa com o Piauí, se deve às condições favoráveis do clima, explica o professor Francisco José Tabosa, do departamento de Economia Agrícola da Universidade Federal do Ceará (UFC).
“A serra, além de ter bons indicadores pluviométricos, tem clima favorável, que diverge completamente do semiárido. Há destaque para o cultivo de tomate, maracujá, flores, com valor bruto da produção considerável”, aponta.
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As cidades da serra também têm recebido investimentos para produzir novas culturas de alto rendimento, que devem impulsionar o faturamento do setor. A vocação da região para o agro vem sendo desenvolvida há décadas, enfatiza o especialista.
“A Ibiapaba tem uma concentração de maracujá que faz com o que o Estado seja o segundo maior produtor do Nordeste. Desde a década de 1990, há predominância dessa região. Esse mercado do maracujá abastece Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e até Maranhão”, lista.
Amilcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), reitera o potencial das cidades serranas para produtos de maior valor agregado.
“Há diversas cidades em que a atividade predominante é o agronegócio. Guaraciaba do Norte, por exemplo, cerca de 49% da atividade econômica é do agronegócio. Quando isso predomina, há potencial de inclusive melhorar o IDH, porque é uma atividade muito democrática”, comenta.
PRODUÇÃO AGRÍCOLA RECORDE
A produção agrícola do Ceará atingiu recorde de faturamento em 2024, mesmo com uma leve redução da área plantada. As culturas plantas totalizaram 1,4 milhão de hectares, cerca de 24,7 mil a menos do que em 2023.
O resultado se deve principalmente à produção de banana, que registrou a segunda maior safra da série histórica, gerando R$ 905 milhões. O faturamento com a fruta cresceu 45% em comparação com 2023.
Na sequência de maiores produções, aparecem maracujá, coco-da-bala, tomate e mandioca. O crescimento das produções no patamar acima de 10% vem sendo registrado nos últimos seis trimestres, destaca Amilcar Silveira.
“É um desenvolvimento do agronegócio do Ceará. Acho que é um movimento sadio. Estávamos fazendo um planejamento estratégico para dobrar nossas exportações. Com o advento do tarifaço, estamos revendo o que nós podemos fazer, mas existe uma demanda no Ceará para a produção de alimentos”, afirma.
A expectativa da federação é manter o crescimento da produção agrícola nos próximos anos, diversificando o mercado de exportações e atendendo o mercado interno.
Os investimentos estatais se alinham com recursos federais, já que o Plano Safra de 2024 foi um dos maiores da história, avalia Francisco José Tabosa.
O crescimento recorde também só foi possível pelo favorecimento das condições climáticas. O quadra chuvosa acima da média impulsivou as lavouras permanentes e, sobretudo, as temporárias, segundo o professor.
“Há investimentos em maior infraestrutura, em mais produtos, produtos com maior rentabilidade. Temos porto e boas estradas que facilitam o escoamento da produção. Mas, por mais que se tenha esses investimentos, tem o fator chuva. Uma região semiárida pode ter o investimento que tiver, mas se não tiver condição da natureza, você fica refém”, pondera.