Retomada gera corrida por eventos sociais no Ceará; lista de espera vai até o 1º semestre de 2022
Governo estadual liberou cerimônias sociais com até 200 pessoas a partir desta segunda-feira (26)
A liberação de eventos sociais no Ceará deve voltar a aquecer o setor, que esteve fechado por mais de um ano por conta da pandemia. Com a corrida para realizar eventos que ficaram represados, a previsão de empresários é uma lista de espera, tanto em buffets quanto em templos religiosos, que deve se prolongar até o primeiro semestre de 2022.
O decreto estadual, anunciado na última sexta-feira (23) e válido a partir de hoje (26), permite que sejam realizadas cerimônias sociais para até 100 pessoas em espaços fechados e até 200 pessoas em espaços abertos.
Contudo, o texto prevê restrições. Convidados devem comprovar ter recebido duas doses da vacina contra a Covid-19 ou teste negativo (exame de antígeno ou RT-PCR) em até 48 horas antes do evento.
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A empresária e organizadora de eventos Alda Iodes relata que a demanda é grande e, assim que foi anunciada a retomada na sexta, muitas pessoas já entraram em contato para contratar os serviços.
“Já tínhamos a expectativa de que no segundo semestre seria mais aquecido. Os fins de semana, que normalmente são mais procurados, já estão todos ocupados. Então, as pessoas estão começando a procurar os dias da semana, provavelmente vamos ter eventos de segunda a segunda".
Alta demanda
Com isso, a projeção de empresários é que a demanda reprimida deva gerar uma lista de espera até o primeiro semestre de 2022.
“Já estamos tendo uma lista de espera, talvez em agosto ainda tenhamos um pouco mais de flexibilidade, mas depois disso vai ser difícil. É uma demanda que vem desde o ano passado”, explica Iodes.
Segundo a cerimonialista, uma estratégia que tem sido usada por empresas de fotografia e banda musical, por exemplo, é a divisão de equipes para dar conta da demanda e atender pelo menos dois eventos em um dia.
Além dos eventos represados, Raquel Silveira, dona de um buffet em Fortaleza, pontua que “muitas pessoas que noivaram do ano passado para cá estavam inseguras de fechar seus contratos, pois não tinha nem como escolher datas. Nós acreditamos que agora esse público de festa vai voltar a nos procurar”.
Já Daniel Fiúza, diretor da Associação Brasileira de Empresas de Eventos no Ceará (Abeoc-CE) pontua que as recontratações de funcionários estão voltando, mas ainda de forma lenta. Ele diz que ainda há um receio por parte dos clientes.
"Tivemos que nos reinventar e ir para outros negócios, por isso já vínhamos realizando contratações. Agora com a retomada, sinto que os clientes ainda estão receosos se vai ser consistente ou não, ainda há esse risco".
Por isso, a procura maior, conforme Fiúza, é por datas no segundo semestre de 2022, já que a demanda de adiamentos ficou para até o primeiro semestre do ano que vem.
Recuperação até 2023
Para Raquel Silveira, a expectativa é de que o setor consiga se recuperar até 2023.
“Vai levar um tempo até conseguirmos normalizar nossas situações após tanto tempo parados. No período que abrimos em 2020, não realizamos nem cinco festas, mas temos esperanças. Estamos felizes com a retomada, as pessoas estão com sede de festa”.
A empresária diz ainda que o foco agora é a manutenção do espaço do buffet para iniciar as operações, já liberadas nesta semana.
“Após mais de um ano sem funcionar, estou na correria para fazer a readequação do local, pintura de paredes, paisagismo, reparos necessários, etc”.
Para Iodes, a pandemia ressignificou até o conceito de festas para muitas pessoas que acabaram por dar mais importância às celebrações, o que causou, inclusive, a alteração do formato desses eventos.
“Hoje em dia, é essencial estar perto de quem se ama. Tivemos que nos readaptar para um novo formato, de festas menores para até 50 pessoas. A preferência das pessoas não é mais por grandes festas para 500 pessoas, fizemos essa adequação para que as coisas pudessem acontecer da melhor forma para todos”.
Restrições e protocolos
Assim como já estipulado para os eventos corporativos, as empresas precisam seguir algumas restrições de capacidade e de controle de entrada, conforme consta no Diário Oficial do Estado (DOE). Além disso, obedecer a um protocolo que será divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
A reportagem entrou em contato com a Sesa para mais detalhes, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.
O setor, por sua vez, rebate a necessidade de comprovação de imunização completa ou de teste negativo para a Covid-19, uma vez que os convidados são de controle dos contratantes da festa. Além disso, a logística para testagem de profissionais ficaria inviável pelo alto custo, de acordo com Iodes.
“Nós estamos preparados para realizar esses eventos com todos os protocolos de segurança. É compreensível que os protocolos sejam mais rígidos para nós. Nossa demanda é realizar, não deixar mais para adiar para o ano que vem, mas em um evento social, os noivos conhecem os convidados”, afirma Iodes.
Fiúza pontua também que as medidas ainda não estão claras. "Por falta de informação, acabamos fazendo o que havia sido estipulado anteriormente ainda no ano passado".