Inflação alta prejudica volume de vendas no setor atacadista do Nordeste

Os números da região ficaram próximos ao registrado nacionalmente. Bebidas e cigarros puxaram a queda de vendas

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
Atacadista
Legenda: Segundo a entidade, o volume de vendas registrou queda de 8,6% em relação ao quarto trimestre do ano passado. O faturamento das empresas do setor teve alta de 2,1% na região.

Atibaia (SP). A inflação de 11,7% impactou o volume de vendas do setor atacadista do Nordeste no primeiro trimestre deste ano. No entanto, o faturamento das empresas subiu no período. Os dados, levantados pela NielsenIQ, foram divulgados nesta segunda-feira (6) pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad).

Segundo a entidade, o volume de vendas registrou queda de 8,6% em relação ao quarto trimestre do ano passado. O faturamento das empresas do setor teve alta de 2,1% na região.

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O desempenho do Nordeste acompanha o nacional. No Brasil, o faturamento do setor atacadista cresceu 2% ao passo que houve queda de 8,5% no consumo. O aumento médio nos preços foi de 11,5%. 

O anúncio foi feito na 41ª Convenção Anual do Canal Indireto, que ocorre em Atibaia, em São Paulo. 

Ao todo, o setor atacadista faturou R$ 300 bilhões em volume de vendas em 2021, primeiro ano em que foi atingido esse patamar. O setor representa 50% do que foi consumido pelas famílias brasileiras no ano passado. 

Desempenho do Nordeste 

O gerente de atendimento ao varejo da NielsenIQ, Daniel Asp Souza, avalia que o desempenho do Nordeste é próximo ao de outras regiões do país, com algumas diferenças de volume e faturamento. 

A região tem uma particularidade com relação ao tipo de negócio mais presente, o que possibilita um impacto nos resultados nacionais. 

Nós temos uma predominância no varejo nordestino de lojas tradicionais de pequeno porte. O que acontece é que se o Nordeste vai mal, ele pode impactar um pouco mais do que as outras regiões
Daniel Asp Souza
gerente de atendimento ao varejo da NielsenIQ

Na visão de Daniel, não há como traçar previsões específicas para o setor no Nordeste no restante do ano. 

Volume e faturamento 

A queda no volume de vendas foi puxada principalmente pelos segmentos de bebidas (-14,1%) e cigarros (-13%) no primeiro trimestre deste ano. Bazar e alimentos tiveram os maiores aumentos de preços, de 14,8% e 13,7%, respectivamente. 

A pesquisa mostra que o aumento no faturamento veio decorrente do aumento nos preços em quase todos os segmentos, com exceção de cervejas e chocolates, que tiveram um acréscimo na variedade de produtos. 

A queda no consumo é refletida pelo atual momento de inflação. Apesar de ter havido uma queda no desemprego no primeiro trimestre deste ano, houve um baixo impacto na renda média.  

A expectativa é que o cenário varejista siga sendo regionalizado, descentralizado, em expansão e de multiformatos. O setor aposta no atacarejo como um segmento com potencial para continuar crescendo.  

*A repórter viajou a convite da Abad

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