Grupo suíço inaugura terminal de cargas frias no Pecém e negocia operação com 25 empresas
Exportadoras afetadas pelo tarifaço buscam viabilizar operação de mercadorias no local
O grupo multinacional suíço Fracht Log inaugurou nessa terça-feira (9) um terminal de cargas frias no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). Segundo a companhia, ao menos 25 empresas estão em negociação para utilizar o terminal para estocagem de mercadorias.
Os detalhes foram revelados por Thiago Abreu, diretor-geral da Fracht Log.
A gente já tem mais de 25 memorandos de aceitação de carga, mas isso é muito relativo. Para um módulo de 1 mil posições de carga, podemos fechar isso para um só cliente. Vamos receber clientes que já atendemos no grupo por logística para fazer apresentação do empreendimento. Todos os que movimentam pelo Porto do Pecém, de importação e exportação, serão nossos potenciais clientes".
Ainda nesta terça-feira, foi feita a assinatura da licença de operação, que libera o alvará para o funcionamento pleno do equipamento. A partir de agora, de acordo com Thiago Abreu, o terminal vai "receber cargas dentro do ambiente congelado".
"Estamos bem otimistas de que esse projeto vai passar por uma expansão em um futuro próximo, suprindo a carência que tem aqui", completa.
Veja também
Ajuda para empresas afetadas pelo tarifaço
Com a sobretaxação de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos em vigor há pouco mais de um mês, várias empresas cearenses estão recalculando a rota das exportações.
Conforme Thiago Abreu, o terminal de cargas frias é uma alternativa de apoio logístico, principalmente, para o setor de pescados, cujas cargas são perecíveis e precisam de um armazenamento mais específico.
"Essas empresas estão com mercadorias que vão precisar ser guardadas, como os pescados, mas também tem produtos acabados, que precisam ser armazenados até que essa situação seja solucionada. Esperamos poder ajudar para as empresas poderem armazenar", diz o diretor da Fracht Log.
Essa é uma das análises feitas por Max Quintino, presidente do Cipp. Ele destaca que, "apesar do tarifaço, é investimento de mais de R$ 100 milhões", o que credencia o terminal de cargas frias como um apoio crucial aos afetados pelo tarifaço.
"Isso serve como um pulmão para as empresas que estão com dificuldade de mandar suas mercadorias para os EUA. A gente tem certeza que eles vão encontrar novos mercados e renegociar essa condição também", acrescenta.
Fracht Log e Robinson Crusoé negociam operação no terminal
O equipamento terá capacidade de armazenar até 60 mil toneladas por ano de cargas resfriadas ou congeladas. Junto às mercadorias secas, o armazenamento totaliza 174 mil toneladas por ano.
Será o primeiro equipamento no Cipp voltado ao armazenamento de cargas frias, como pescados, e que tenham como destino exportação ou até mesmo importação, no caso de produtos que necessitem de refrigeração. A empresa ainda afirma que o terminal é considerado o mais moderno em atividade no Estado.
"Tudo o que for insumo para o Ceará e para o Nordeste, poderemos guardar e depois distribuir para o mercado nacional, e tudo o que for destinado à exportação vamos receber, armazenar, enviar para o (porto) do Pecém e vai para o mundo afora", argumenta Thiago Abreu.
Uma das empresas interessadas na armazenagem de mercadorias frias é a pesqueira Robinson Crusoé, com sede em Fortaleza e fábrica no distrito do Siupé, em São Gonçalo do Amarante.
A responsável pela parte de compras da empresa, Virgínia da Silva, informa que está em negociação com a Fracht Log para armazenar, principalmente, atum e sardinha no terminal, e que a abertura do equipamento deve baratear as mercadorias para o consumidor final.
"Temos muitos contêineres de atum e sardinha refrigerados. A ideia é fecharmos uma parceria para seguirmos investindo. Atualmente, armazenamos longe da empresa, e às vezes, as cargas ficam mais tempo no porto, e o custo aumenta. O impacto é direto no custo. Com a armazenagem a frio aqui, vai facilitar muito", avalia.
"Aqui não tinha um armazém como esse. O mais próximo, que ainda é um pouco menor, fica em Maracanaú, bem mais distante. Dentro da zona portuária, esse é o único", acrescenta Virgínia.
São 107 mil metros quadrados (m²) no total, sendo 17 mil m² são de área construída. O terreno ainda dispõe de 64 mil m² de área aberta para estocagem de cargas que podem ficar expostas, e 26 mil m² para área de manobra, estacionamento e docagem.
Para o diretor internacional do Porto de Roterdã (Holanda), Rene van der Plas, o empreendimento é um sinal de como o Ceará está se desenvolvendo.
"Vai melhorar a eficiência logística e é importante para o porto e para a comunidade. O Estado tem muito a ofertar. Eu acho que é um futuro brilhante para o Ceará", destaca.