Custo com GNV aumenta R$ 400 por mês após reajuste: 'vou ter que cortar gasto'

Na última sexta-feira (29), a Petrobras anunciou reajuste de 19% no preço de venda do gás natural

Escrito por Lívia Carvalho , livia.carvalho@svm.com.br
Legenda: Taxistas vão sofrer com a alta do combustível
Foto: Thiago Gadelha/SVM

O reajuste de 19% no preço médio de venda do gás natural veicular (GNV) para as distribuidoras de todo o País, anunciado na última semana pela Petrobras, vai impactar os orçamentos de quem usa o GNV. Os custos de quem precisa do combustível para trabalhar devem aumentar R$ 400, em média, por mês com os novos valores.  

Kevin Rocha, taxista há 10 anos, conta que o reajuste vai causar grande impacto no lucro mensal, provocando, inclusive, corte de gastos, pois, segundo ele “quem ganha um pouco menos de um salário mínimo ou um pouco mais faz muita diferença no orçamento”.  

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Eu abasteço em torno de 20 metros cúbicos por dia, se eu for botar na ponta do lápis vai ser uma média de R$ 400 a mais de gasto. Isso vai fazer com que eu pegue corridas mais curtas, além de impactar na alimentação, vou ter que cortar gasto”.  
Kevin Rocha
taxista

Embora a tarifa de táxi tenha tido aumento de até 19,75% em abril deste ano, após seis anos com valor inalterado, os motoristas que usam o GNV não devem se beneficiar tanto, já que o reajuste do combustível é similar.  

“Vai continuar quase que a mesma situação. Esse aumento do GNV foi pesado e desrespeitoso, praticamente no dia do trabalhador”, ressalta Rocha.  

Motoristas de aplicativo  

O presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos do Estado do Ceará (Amap-CE), Rafael Keylon, pontua ainda que o impacto tem sido também para quem utiliza a gasolina, já que a alta do GNV provocou um aumento no preço do derivado do petróleo.  

"O motorista usa por semana cerca de seis a oito abastecimentos do GNV, o que dá entre R$ 300 e 600 por semana. Com esse aumento isso vai ficar ainda mais notório, provocando um aumento médio de R$ 100 reais por semana, sendo R$ 400 por mês”, explica.   

Por isso, Keylon afirma que, nas próximas semanas, os usuários de aplicativos devem encontrar dificuldades para encontrar motoristas disponíveis, pois o valor das corridas não está atrativo para o profissional.  

Temos diversos prejuízos porque o gasto com combustível representa até 55% do ganho de cada corrida do motorista e, como um aumento está puxando outro, fica cada vez mais difícil ser motorista de aplicativo. As estratégias são seletivizar as corridas e quem se prejudica também é o passageiro".  
Rafael Keylon
presidente da Amap-CE

Legenda: Alta para o consumidor final deve ser de 16%
Foto: Thiago Gadelha/SVM

Impacto de 16% ao consumidor  

O consultor da área de petróleo e gás, Bruno Iughetti, destaca que esse aumento não era esperado e que os 19% não serão repassados totalmente ao consumidor final, já que existem os impostos incidentes, a margem da distribuidora e outros encargos.  

Com isso, analisando, chego à conclusão de que isso vai impactar na casa de 16% no preço final ao consumidor. Um impacto muito grande que se faz presente depois de 52 dias sem aumento no GNV”.  
Bruno Iughetti
consultor

Por isso, para Iughetti, o reajuste vai tirar parte da competitividade do GNV em relação à gasolina. No Ceará, por exemplo, o preço médio do gás natural veicular está em R$ 4,89/m³ e o do combustível fóssil em R$ 7,40 o litro, de acordo com a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de 24 a 30 de abril.  

Além disso, o consultor acrescenta que o aumento também deve atingir as indústrias que dependem do gás encanado.  

“É um impacto em cadeia, ainda mais que houve o reajuste da energia elétrica em quase 25% no estado. Isso tudo vai impactar também e, principalmente, no índice de inflação previsto para os próximos meses”, conclui.  

 

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