Carrefour finaliza conversões do Big no Ceará: o que esperar do setor até o fim de 2023
Movimentações expõem o boom do atacarejo no Estado; veja o que esperar desse setor para os próximos anos
Quase um ano após comprar o Grupo Big por R$ 7,5 bilhões, o Carrefour concluiu o processo de transição das marcas no Ceará. Neste mês de maio, foi adaptada a última loja, totalizando as sete conversões para bandeiras que levam o nome da própria gigante francesa e do Atacadão.
A negociação foi finalizada em março do ano passado, sendo a maior da história do varejo nacional. Veja como ficaram as lojas no Estado:
- Big Fortaleza (Bezerra de Menezes) foi transformado em Hipermercado Carrefour (dezembro de 2022);
- Big Fortaleza (Washington Soares) foi transformado em Hipermercado Carrefour (dezembro de 2022);
- Big Fortaleza (Planalto) foi transformado em Atacadão (novembro de 2022);
- Maxxi Maracanaú foi transformado Atacadão (novembro de 2022);
- Maxxi Juazeiro do Norte (Pe. Cicero) foi transformado em Atacadão (novembro de 2022);
- Maxxi Fortaleza (Vila Peri) foi transformado Atacadão (março de 2023).
- Big Fortaleza (Fátima) foi transformado Hipermercado Carrefour (maio 2023);
Já o Assaí Atacadista realizou, no fim do ano passado, duas das suas três conversões das unidades do Extra Hiper. Em 2021, a empresa adquiriu 70 empreendimentos da marca pertencente ao Grupo Pão de Açúcar no País, por uma transação no valor de R$ 5,2 bilhões.
Em Fortaleza, duas unidades já passaram pela mudança, localizadas nas avenidas Mister Hull (Antônio Bezerra) e Senador Fernandes Távora (Jóquei Clube). A última troca de bandeira será na loja da Avenida dos Expedicionários, no bairro Montese, também na Capital.
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O que explica esse volume de conversões e o que esperar até o fim de 2023?
Esse troca-troca de fachadas reflete o boom dos atacarejos, no Brasil. Para especialistas, esse movimento deve continuar ao longo de 2023 e nos próximos anos.
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O professor de varejo da Strong Business School (SBS), conveniada à Fundação Getulio Vargas (FGV), Ulysses Reis, lembra que o setor supermercadista ganhou fôlego no início da pandemia de Covid-19, em 2020.
Nos anos seguintes, seguiu em alta, além de também ter sido impulsionado pela crise econômica, sobretudo, para a classe média.
“Quem ia a uma loja comprar um chocolate especial, vai ao supermercado adquirir um mais barato. Quem ia jantar fora, passa a comprar no supermercado”, exemplifica. Nesse cenário, o segmento ficou bem capitalizado e mais produtivo, mas também abriu espaço para o crescimento do atacarejo.
“A estrutura operacional para esse modelo de negócio é mais barata. As lojas são em galpões e não têm merchandising, aquela apresentação linda que vemos em supermercados tradicionais e consome muito investimento”, enumera, lembrando sobre o custo logístico também ser inferior.
Outro ponto, acrescenta, é a turbulência no e-commerce brasileiro, a exemplo das Americanas. Para o atacarejo, contudo, a base da operação é física, tornando um investimento de baixo risco. Além dessa conjuntura, o “Brasil está barato para os estrangeiros investirem”.
"Essas empresas estão trabalhando num oceano azul, um céu de brigadeiro. Então, deve continuar ocorrendo compra de redes e fusões no Brasil", analisa, destacando que essas companhias trabalham com mais tecnologia e controle do chamado giro de estoque para otimizar os ganhos.
Giro de estoque é uma estratégia de rápida circulação de mercadorias. Quanto menor o tempo do produto em loja, maior o lucro sobre ele.
No Ceará, as movimentações devem ser intensas até 2025, conforme o consultor e professor da Faculdade CDL, Christian Avesque.
“Existe espaço para esse setor crescer aqui, mas está ficando cada vez menor. Nos próximos dois anos, deve ocorrer um movimento muito forte de fusões e aquisições, semelhante ao ocorrido com as redes de farmácias”, observa.
Para ele, depois desse período, deve haver um desgaste, ocasionando o chamado “oceano vermelho” — nome dado ao ambiente de elevada concorrência do mesmo segmento.
Avesque aponta que players regionais também devem investir nesse mercado, reduzindo custo, compartilhando centros de distribuição e a logística para aumentar a competitividade local.
“Em termos de Nordeste, somos o estado onde há grandes marcas regionais organizadas e somos conhecidos por sermos extremamente competitivos”, enfatiza.
Avesque destaca que as redes locais terão de investir, cada vez mais, em marcas próprias para ter lucratividade e pressionar a indústria, multicanalidade e em sistema rápido de entrega.