Quais são as cinco fábricas que devem contratar 300 trabalhadores demitidos da Malwee em Pacajus
No fim de semana, empresa informou que vai encerrar as atividades na fábrica
Os cerca de 300 funcionários demitidos da Malwee, empresa catarinense com unidade fabril em Pacajus, deverão ser contratados nas empresas Hope (Maranguape), Vulcabras (Horizonte), DelRio (Maracanaú), Lupo (Pacatuba) e Vicunha (Horizonte), para ter uma nova perspectiva de renda em 2025.
A reportagem do Diário do Nordeste foi até Pacajus, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e conversou com os trabalhadores da fábrica, que deve encerrar as atividades até o fim do ano.
As empresas que estão em negociação para contratar os demitidos da Malwee também foram procuradas. A matéria será atualizada quando as marcas retornarem a demanda.
A reportagem também apurou que, a partir desta terça-feira (19), representantes das cinco empresas vêm conhecer os trabalhadores, apresentar proposta de emprego e vagas disponíveis, além de receber os currículos. A ação foi articulada pela Malwee, na intenção de amparar essas pessoas, após ter decidido concentrar toda sua produção em Jaraguá do Sul (SC).
Com essas possibilidades, os colaboradores precisariam se deslocar para outros municípios da região, já que nenhuma outra fábrica é localizada em Pacajus. Com isso, a viagem para trabalhar pode ser de cerca de 120 quilômetros e duas horas de duração, considerando o trajeto de ida e volta.
"Estamos trabalhando com o último caminhão de material que veio do Sul, quando acabar isso, acabou tudo". A frase é do preparador de máquinas que trabalha há uma década na unidade de Pacajus.
O homem, que preferiu não se identificar, é uma das centenas de pessoas que têm a previsão de assinar a rescisão do contrato de trabalho no dia 12 dezembro. As operações de montagem e costura das peças estão previstas para ocorrerem até o próximo dia 5 de dezembro, ou enquanto durar o material de trabalho.
Sobre as perspectivas de conseguir rapidamente uma nova colocação, ele diz que com essa dispensa, tentará se aventurar por outros setores de produção que não o têxtil. "Como já trabalhei em duas empresas que vão dar emprego para o pessoal daqui, vou tentar mudar de ramo e buscar trabalho no novo polo automotivo. Essa será uma esperança".
Costureiras são a maioria
Cedo da manhã, na chegada dos ônibus para os últimos dias de produção, é visível que são mulheres a maioria da força de trabalho da Malwee no Ceará. Atuando como costureiras ou em outras funções ligadas à montagem das peças, elas realizam ali o serviço de fechamento e acabamento de peças adulto e infantil. Além da tradicional Malwee, a empresa tem as marcas Enfim, Malwee Kids, Carinhoso, Basico.com e Basicamente.
Há 8 anos atuando como costureira, uma mulher de 34 anos foi taxativa: "Só não quero ficar desempregada". Para isso, ela afirma que vai colocar currículo em todas as oportunidades que serão oferecidas pelas empresas que vão visitar a produção da Malwee essa semana.
Pessoas que tiraram férias por conta do aviso prévio e demissão também terão a oportunidade de assistir à apresentação das fábricas que poderão absorver os trabalhadores.
Na função de viradeira das peças há 3 anos, uma jovem se disse tranquila com o que está sendo feito para os trabalhadores. "O pessoal da direção veio e falou com a gente, explicou tudo. Eles sempre pagaram direitinho, depositam FGTS (Fundo de Garanti por Tempo de Serviço) e temos a chance de atualizar os currículos e conhecer novas empresas ainda trabalhando aqui. Estou esperançosa que quem quiser vai conseguir outro trabalho".
Malwee afirma esforço para amparar colaboradores
Por meio de sua assessoria de comunicação, o Grupo Malwee reforçou que, atualmente, seus esforços estão concentrados no compromisso com seus colaboradores, "oferecendo a todos a possibilidade de realocação em vagas disponíveis em empresas da região".
"Por isso, cinco grandes companhias estarão na unidade fabril de Pacajus, apresentando suas oportunidades de trabalho. Além disso, a empresa também oferecerá um treinamento de preparação para entrevistas e confecção de currículos. Com isso, o Grupo Malwee busca assegurar a continuidade das carreiras dos colaboradores, dando o suporte necessário para o desenvolvimento profissional".
Há 14 anos atuando no Ceará e com 56 de fundação, a informação da transferência de suas operações fabris de Pacajus para Jaraguá do Sul (SC), ocorreu no último fim de semana.
Segundo a Malwee, o encerramento das atividades no Ceará "faz parte do plano estratégico da companhia, que visa otimizar suas operações e aumentar a eficiência produtiva, garantindo, assim, um crescimento contínuo e sustentável para o negócio".
Proprietária de toda a estrutura, em Pacajus, o grupo catarinenses afirma que "a estrutura do prédio está em negociação, podendo ser vendida ou alugada".
O que diz o Governo do Ceará
A reportagem demandou o Governo do Estado sobre quais ações estariam sendo feitas para minimizar os impactos do fechamento destes 300 postos de trabalho na economia local.
Em nota, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Estado (SDE) e a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) afirmam que estão trabalhando em parceria com a Malwee "com objetivo de minimizar os impactos causados pelo encerramento das atividades da empresa no Ceará".
"A ação conjunta preza prioritariamente continuidade na geração de empregos e o aproveitamento da mão de obra qualificada existente no parque fabril em Pacajus. Para tanto, o Governo do Ceará e a Malwee estão em contato com empresas interessadas em assumir a estrutura fabril e os postos de trabalho locais. Além de empresas do segmento têxtil e de confecções, investidores de outros setores têm demonstrado interesse na apropriação da fábrica. O Governo do Ceará, por meio do Sistema de Desenvolvimento Econômico, reitera o esforço e comprometimento pela geração de emprego e renda, garantindo dignidade para a população cearense".