A elevação no imposto de importação de módulos fotovoltaicos (painéis solares) vai, enquanto os estoques atuais das distribuidoras forem se esgotando, deixar a instalação mais cara para o consumidor. Além disso, a situação deve provocar certa corrida em busca das empresas instaladoras visando "fugir" da majoração dos valores.
Com o aumento no imposto de importação dos módulos fotovoltaicos, de 9,6% para 25%, as importadoras e distribuidoras pagarão mais caro. Esse custo, naturalmente, será repassado para as empresas que trabalham com a instalação de energia solar para o consumidor final, que busca gerar a própria energia para sua residência, comércio, etc.
Lucas Melo, CEO da SunPlena Energia, acredita que a alta no imposto vai refletir em uma elevação de 5% a 10% no valor para instalação de energia fotovoltaica quando os estoques atuais acabarem - e for necessário adquirir os produtos com os novos preços.
Kit fotovoltaico
Ele explica que, quando o consumidor faz o investimento para gerar a própria energia fotovoltaica, ele adquire um kit, que é composto por placas, inversores, estrutura de fixação, cabos e materiais como disjuntor, quadro de energia e outros componentes elétricos.
"Dentro do kit, a placar solar representa 50% a 60% do preço total, então haverá esse impacto para o consumidor final, mas isso não vai inviabilizar o investimento. Hoje, nós temos um preço ainda muito baixo e nunca foi tão interessante gerar a própria energia", pontua Melo.
Se existe a elevação no preço para o consumidor final, também aumenta o prazo em que o investimento daquele consumidor vai "se pagar". "Esse prazo vai aumentar seguindo esse percentual. Então, se hoje um projeto consegue se pagar em dois anos, estamos falando que, com essa alta nos preços, ele vai se pagar em dois anos e dois ou três meses", detalha.
Procura intensa
Daniel Queiroz, diretor técnico do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia-CE), explica que o aumento deve intensificar a procura por instalação de energia solar. “Essa procura deve ocorrer justamente para pegar os preços antigos”, destaca. “Acaba convidando o cliente que está em dúvida a tomar uma decisão”.
Ele reforça que a mudança vai na contramão das últimas decisões do governo, com o processo de descarbonização e acordos firmados para alcance de metas climáticas. “Acredito que isso será reavaliado em algum momento”, afirma Queiroz. A elevação foi deliberada na 220ª Reunião Ordinária do Comitê-Executivo de Gestão (Gecex), na última segunda-feira (11). Para valer de fato, porém, as mudanças precisam ser publicadas no Diário Oficial da União.
Na última terça-feira (12), a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) emitiu nota classificando a medida como "um grande retrocesso na transição energética e uma afronta aos consumidores e ao mercado, com o risco eminente de aumento no preço da energia solar aos brasileiros, queda de investimento, fuga de capital, crescimento da inflação, perda de emprego e fechamento de empresas".
"Segundo a Associação, a decisão, que ainda não foi publicada no Diário Oficial, coloca em risco a competitividade do mercado solar no País, podendo levar a cancelamentos de projetos já contratados e travar o plano de investimentos de empreendimentos futuros". A Absolar afirma ainda que pelo menos 281 empreendimentos, que somam mais de 25 GW e mais de R$ 97 bilhões em investimentos até 2026, estão em "potencial risco".
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