'Vinagre de Maçã': minissérie da Netflix mostra trajetória de influencer que mentiu sobre ter câncer
Belle Gibson ficou famosa nos anos 2010 ao afirmar que havia se curado através de uma dieta saudável e exercícios físicos

Lançada recentemente pela Netflix, a minissérie "Vinagre de Maçã" conta a história de Belle Gibson, um influenciadora que viralizou nos anos 2010 com dicas de saúde e bem-estar nas redes sociais. Ela alegava que tinha se curado de um câncer terminal à base de uma "boa alimentação". No entanto, investigações jornalísticas mostraram que tudo não passava de uma farsa.
Ao longo de seis episódios, a trama mostra a ascensão e queda de Gibson. Em 2013, ela já era bastante conhecida por sua suposta história inspiradora, que atraía milhões de seguidores. Neste período, ela lançou o aplicativo de receitas "The Whole Panty" ("Toda a Despensa") e um livro com o mesmo nome. Com várias unidades vendidas, os dois produtos renderam a ela altas quantias em dinheiro.
Mas a história não durou muito tempo, e em 2015, o império digital de Gibson começou a cair. Em fevereiro daquele ano, uma amiga próxima, Chanelle McAuliffe, começou a ter dúvidas sobre a veracidade do diagnóstico da influencer.
Na busca por desmistificar a história, McAuliffe procurou advogados e jornalistas para divulgar a farsa da amiga. Dois repórteres do The Age, Beau Donelly e Nick Toscano, acreditaram nas acusações da moça e pouco a pouco foram colhendo relatos e pistas que comprovassem a fraude.
Ao fim da investigação, não só foi descoberto que a doença de Gibson era falsa, mas até a própria idade e fortuna tinham origens mentirosas. A influencer se orgulhava em dizer que doava parte do seu dinheiro para a caridade. Porém, quando procuradas, as instituições negavam terem recebido qualquer valor de Gibson.
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Farsa revelada
Em abril de 2015, Belle Gibson veio a público e revelou que tudo não passava de uma mentira. Em uma entrevista à revista The Australian Women's Weekly, ela afirmou ter fingido o câncer, mas não mostrou remorso pelo que fez.
Com a repercussão das acusações, a Apple removeu o aplicativo "The Whole Panty" da sua loja digital e a editora Penguin Books retirou o livro de circulação. Em 2016, Gibson foi denunciada em uma ação civil pelas alegações falsas de doações para a caridade. Ela foi considerada culpada e condenada a pagar uma multa de 410 mil dólares australianos (cerca de R$ 1,02 milhão, à época).
A influenciadora nunca pagou a multa por "falta de dinheiro" e afirmou à justiça só possuir 5 mil dólares australianos em seu nome. Por conta disso, a polícia já cumpriu dois mandados de busca e apreensão, em 2020 e 2021, na casa dela, em busca de objetos de valor que abonassem o valor da condenação.
Sumiço e reaparição
Após a polêmica, Gibson parou de ser vista com frequência na mídia. Pouco a pouco, as marcas deixadas por ela em redes sociais como o Instagram foram sendo apagadas, como os posts sobre bem-estar e dicas de saúde. A última aparição pública de Belle Gibson foi em 2019, quando um jornalista da Etiópia, mas radicado na Austrália, a entrevistou.
No vídeo, ela conta que esteve em uma tribo do povo Oromo, e que inicialmente tinha se inscrito como voluntária. No mesmo dia da publicação, o chefe do grupo, Tarekegn Chimdi, afirmou não ter conhecimento da presença dela na instituição e se defendeu dizendo que sempre checava os históricos de novos membros antes de aceitá-los.
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