Setembro Amarelo: Hospital oferece escuta qualificada gratuita durante o mês

Por causa da pandemia de Covid-19, as sessões serão via chamada de vídeo e seguem até o dia 30 de setembro 

Escrito por Redação ,

Até o fim de setembro, o Hospital Nosso Lar ofertará gratuitamente sessões de escutas qualificadas, em alusão a campanha que previne suicídios, o Setembro Amarelo. Neste ano, por causa da pandemia de Covid-19, a programação acontecerá por chamada de vídeo, com duração média de 30 minutos.

Para se inscrever, é necessário agendar o atendimento na plataforma de telemedicina. No dia e horário marcados os participantes vão receber um SMS de confirmação. O serviço será ofertado de segunda a sexta, das 8h às 17h. 

O diretor financeiro da instituição, Aleks Mesquita, informa que o processo cadastral não envolve uma curadoria ou requisitos a serem preenchidos. “Qualquer pessoa que sinta necessidade de uma escuta, ou achar que precisa, pode busca-la. É totalmente aberto e gratuito”. 

A conversa será mediada por psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e enfermeiros do Hospital Nosso Lar, que são treinados para identificar pensamentos suicidas.

Aleks adverte que a escuta não é uma consulta, mas sim, uma forma de acolher quem precisa e orientar, de acordo com o problema do participante, qual o tratamento adequado. “A gente encaminha para a rede de assistência pública. A agente indica as instituições que já são parceiras”, conta. 

Como a programação teve início na última quarta-feira (18), a recomendação é que cada pessoa marque apenas uma sessão, para dar oportunidade para outros pacientes, já que o término está marcado para o dia 30 de setembro.  

Aleks aconselha que, mesmo assim, se houver necessidade, é importante fazer parte do projeto, principalmente agora neste período de pandemia.

“A gente está passando por um momento de pandemia que a gente não sabe como a população vai se comportar pós-pandemia. A gente não tem noção do que vai acontecer e dá essa válvula para que a pessoa possa conversar com um profissional, já uma forma de ajudar a população e aconselhar as pessoas que estão precisando ser ouvidas”, declara. 

Superação 

Guilherme Walraven foi um dos pacientes do Hospital Nosso Lar. Ele conta que foi vítima de pensamentos suicidas devido a problemas causados pelo uso de drogas. “Foi uma vida muito dura, não tive o mesmo desenvolvimento escolar que as pessoas da minha idade. Perdi completamente a esperança, o brilho no olhar. Não enxergava sequer a possibilidade de continuar mais um dia vivo. Até que eu tentei o suicídio, só que da forma mais improvável, que era usando drogas. Tentei fazer o uso de drogas em uma quantidade absurda, não tendo êxito e, sentindo que, já que eu não ia conseguir tirar minha própria vida, eu ia ficar como indigente dentro do hospital, que foi o Nosso Lar”.  

No Hospital, ele foi acolhido por um médico, Vicente, a quem atribui a reconquista da esperança de viver. “No Nosso Lar eu tive todo um acompanhamento, toda uma estrutura de hospital, principalmente no início. Foram 2 meses e meio, que eu passei lá, até começar a surgir dentro de mim uma esperança”, afirma. 

Os cuidados que ele recebeu durante a estadia no local o fazem acreditar que, com paciência e dedicação, é possível salvar vidas. “Na minha história, o doutor Vicente, se ele não tivesse feito o meu acolhimento naquela noite, eu não tinha passado daquela noite. Eu ia morrer. Nunca desistam, que acima de qualquer coisa, em primeiro lugar vem a vida. Tente fazer alguma coisa, porque pode acontecer um milagre daquela aparente tragédia”, aconselha. 

Hoje, Guilherme tem uma vida estável ao lado da esposa e do filho, e é diretor da clínica de reabilitação Caminho da Luz. “Não desista de você, sempre dê mais uma chance. Inconscientemente eu acabei dando essa chance para mim e hoje eu sou pai, sou casado, tenho tudo na minha vida”. 

Principais problemas 

Segundo a OMS, a cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo. Já no Brasil, o ato acontece a cada 45 minutos. Em mais de 90% dos casos, está associado a distúrbios mentais. Transtornos de humor, como a depressão, representam o diagnóstico mais frequente. O suicídio, porém, é multifatorial, nem todo paciente com transtornos mentais apresentará tendências a cometer o ato, conforme a OMS. 

Serviço 

Sessões de escutas qualificadas em alusão ao Setembro Amarelo 

Inscrições: www.setembroamarelohnl.com.br 
Quando: De segunda a sexta, de 8h às 17h, até 30 de setembro 

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