Telemedicina: especialista explica vantagens

Prática surgiu em 1950, em Israel, e se popularizou no Brasil nos anos 2000

Escrito por Beatriz Irineu ,
Prática chegou ao Brasil em 1990 e começou a ser regulamentada em 2002
Legenda: Prática chegou ao Brasil em 1990 e começou a ser regulamentada em 2002
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A telemedicina ficou mais popular durante a pandemia de Covid-19. O serviço, no entanto, surgiu no Brasil em 1990. A prática é uma modalidade da Medicina e utiliza tecnologia para melhorar o atendimento médico. 

A telemedicina foi regulamentada no País no fim de 2022 e garante ao profissional, conforme o texto da lei, "liberdade e completa independência" de decidir sobre a utilização ou não da telessaúde. 

Com a prática, é facilitada a troca de informações entre especialistas, auxiliando no diagnóstico, permite teleconsultas e também a emissão de laudos. Toda prática de Medicina realizada à distância é classificada como telemedicina. 

O que é a telemedicina?

Em resumo, a telemedicina é toda prática de serviços de saúde que ocorre de forma remota através da utilização de recursos tecnológicos ou de telecomunicações. A medida pode ser entre profissionais, e entre profissionais e pacientes. 

Como surgiu no Brasil? 

O Brasil começou a utilizar as primeiras consultas de telemedicina em 1990. A prática era uma disciplina na faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Em 1994, as primeiras transmissões de eletrocardiogramas à distância foram feitas.

Em 2002, a modalidade teve as primeiras regulamentações. Em 26 de agosto daquele ano, o Conselho Federal de Medicina definiu a prática como "o exercício da medicina através da utilização de metodologias interativas de comunicação audiovisual e de dados, com o objetivo de assistência, educação e pesquisa em Saúde". 

Com a pandemia de Covid-19, em 15 de abril de 2020, foi promulgada a Lei nº 13.989 que autorizava o uso da telemedicina enquanto durasse a crise ocasionada pelo SARS-CoV-2. A lei foi sancionada em caráter emergencial. 

A lei que regulamenta a telemedicina no País foi sancionada dia 28 de dezembro de 2022 pelo então presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, a medida, válida durante a pandemia, foi revogada, e a nova norma passou a abranger todas as profissões da saúde regulamentadas.

"Pelo texto, será considerada telessaúde a modalidade de prestação de serviços de saúde à distância por meio de tecnologias da informação e da comunicação". A lei abrange, nessa modalidade, a utilização das tecnologias da informação e da comunicação, que envolve, entre outros, a transmissão segura de dados e informações de saúde, por meio de textos, de sons, de imagens ou outras formas adequadas.

Segundo a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa 14 grupos de operadoras de planos de saúde, o sancionamento da lei é "um avanço em benefício da população brasileira, ao validar a telessaúde como instrumento de democratização, difusão e ampliação do acesso à saúde no Brasil".

Como funciona a telemedicina? 

A telemedicina pode ser subdividida em três frentes: teleassistência, teleconsulta teleducação e a emissão de laudos à distância.  

Telemedicina é dividida em três frentes: teleassistência, teleconsulta teleducação e a emissão de laudos
Legenda: Telemedicina é dividida em três frentes: teleassistência, teleconsulta teleducação e a emissão de laudos
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A diretora de Recursos Próprios da Unimed Fortaleza, Fernanda Colares*, explica que as três frentes estão dispostas da seguinte forma: “eu posso enquanto médico falar com outro médico ou especialista - sem a presença do paciente [sobre o seu diagnóstico], eu posso atender você, e eu posso dar o laudo. Por isso que são essas três modalidades”, explica. 

A médica ainda acrescenta que “os radiologistas já usam a via remota há muito mais tempo, mas também com plataformas especificas, senhas e logins e garantia do sigilo dos dados do paciente porque não podem cair na rede”.  

Como atender? 

O atendimento funciona de forma online, sendo realizada uma triagem em uma plataforma. Lá são colocados os sintomas iniciais do paciente, informações como peso e altura, por exemplo, em seguida, há uma fila de espera e ao chegar a vez, ele é avisado. A vantagem é que pode ser feito no conforto de casa.  

O paciente e o médico estarão com a câmera e microfone ligados. Eles vão conversar, vão fazer o procedimento da consulta, a anamnese (diálogo entre médico e paciente) e então o diagnóstico é dado.

Em seguida, o médico poderá solicitar o pedido de exame online, e/ou uma receita e/ou um atestado digitalmente enviado ao paciente. O documento é válido em qualquer situação.  

A médica Fernanda Colares explica que mesmo em ambiente virtual, a consulta deve seguir o sigilo entre médico e paciente.

“O WhatsApp não é o meio seguro para essa consulta. Você vai usar o meio remoto, mas tem que cumprir todas as prerrogativas de uma consulta médica. Você vai estar usando o meio virtual, mas ainda assim você está fazendo uma consulta médica. O médico vai fazer anamnese, uma consulta histórica, depois ele tem que ter uma forma de solicitar exames, de fazer uma receita, um atestado, importante ter o certificado digital”, explica a médica. 

Como surgiu? 

A prática teve origem em Israel, em 1950, e passou a ser utilizada com frequência nos Estados Unidos e na Europa.  

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Perguntas frequentes 

Quem pode usar? 

A teleconsulta de urgência é indicada para pacientes com sintomas leves ou quadros iniciais como:  

  • Dor de cabeça;
  • Tosse leve; 
  • Coriza e espirros; 
  • Diarreia; 
  • Estado febril e febre menos de 3 dias; 
  • Náuseas e/ou vômitos (com pouca frequência); 
  • Dor no corpo; 
  • Dor nas articulações; 
  • Perda de apetite; 
  • Manchas na pele; 
  • Dor de barriga leve; 
  • Obstrução nasal (nariz entupido), dentre outros. 

A teleconsulta também é indicada para atendimentos psicológicos e psiquiátricos. Algumas especialidades médicas podem usufruir a teleconsulta para consultas de retorno para exibição de exames e consultas de rotinas.

Colares acrescenta que "o quadro mais leve deve ser evitado de uma ida a emergência [presencial]. Além das emergências terem uma busca aumentada, você estará se expondo a outras doenças e ainda estará no conforto da sua casa. Esses casos de menor gravidade você pode fazer uma consulta mais rápida e mais simples no pronto atendimento virtual". 

Existem riscos? 

O pronto atendimento virtual não é indicado, conforme a especialista, aos pacientes que apresentam sintomas moderados a graves ou sintomas persistentes: 

  • Febre alta, febre por mais de 3 dias ou retorno da febre após 48h febril; 
  • Vômito ou diarreia acima de 8 episódios por dia; 
  • Sangramentos; 
  • Falta de ar; 
  • Forte dor de cabeça ou abdominal;
  • Traumas (cortes que necessitam de suturas, quedas, entre outras).

A diretora de Recursos Próprios, Fernanda Colares, acredita que é necessária uma conscientização da população sobre o que são os sintomas mais graves.

Segundo ela, os sinais mais graves são “dor no peito, alteração neurológica, dificuldades para falar, dificuldade de respirar, muita sonolência, alteração motora, fraqueza, isso seriam sinais de alerta para casos mais graves”. Nesses casos, o ideal é procurar uma unidade de pronto atendimento presencial.  

Conteúdo especializado. Padrão de excelência editorial do Diário do Nordeste em entrevista com a especialista Fernanda Colares, médica, graduada "cum laude" pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), possui residência médica em pediatria também pela UFRJ e mestrado em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). É também especialista em Pediatria e tem título de especialista em medicina Intensiva Pediátrica. Possui ainda especialização em gestão da qualidade em ambientes hospitalares pela Escola de Saúde Pública e Qualidade em Saúde e Segurança do Paciente pela Fiocruz. Atualmente é professora do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza e Diretora de Recursos Próprios da Unimed Fortaleza.

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