‘Só uma gripe’? Veja sintomas mais comuns da 4ª onda de Covid e por que é importante testar

Doença mais leve tem gerado comportamento descuidado e perigoso na população, aumentando a propagação do vírus

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Profissional de saúde segura amostra de teste de Covid em drive-thru de Fortaleza
Legenda: Além de postos de saúde, dois centros de testagem por drive-thru e um instalado na Praça do Ferreira devem fazer testes gratuitos de Covid em Fortaleza
Foto: Thiago Gadelha

Garganta “arranhando”, nariz escorrendo, “dorzinha” de cabeça. Três dos sintomas gripais mais comuns com que o cearense convive podem, hoje, indicar uma infecção mais perigosa e extremamente transmissível: a Covid-19.

Com a proteção vacinal e as novas variantes, a típica falta de ar e não sentir cheiro ou gosto deram lugar a sintomas mais simples e, por isso, negligenciados pela população. Assumindo que “é só uma gripe”, a busca por testes e o isolamento têm sido ignorados.

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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atualizou, em abril deste ano, quais os sintomas mais comuns da Covid em 2022, “parecidos com os de um resfriado ou gripe”:

  • Dor de garganta;
  • Dor de cabeça;
  • Coriza (nariz escorrendo); 
  • Tosse;
  • Febre;
  • Dor no corpo.

Entre os cearenses, o cenário é idêntico. A médica Roberta Santos, infectologista do Ministério da Saúde e do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), descreve que os pacientes que chegam para atendimento têm apresentado basicamente o mesmo quadro.

“A Covid se tornou uma infecção de vias aéreas superiores: causa muita dor de garganta, congestão nasal, salvas de espirros, obstrução nasal, moleza no corpo. São os sintomas mais comuns dessa 4ª onda”, descreve a médica.

Fábio Cristino, coordenador médico da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Autran Nunes, em Fortaleza, explica que a dor de garganta é uma resposta do corpo na tentativa de “se livrar” de agentes infecciosos – que podem ser vírus ou bactérias.

Como o vírus da Covid-19  é um dos que atingem nariz, garganta e laringe, é natural que alguns pacientes possam sentir dor de garganta.
Fábio Cristino
Coord. médico UPA Autran Nunes

Vacinação e doença mais leve

Para a infectologista Roberta Santos, dois fatores principais podem influenciar no “abrandamento” dos sinais e sintomas do coronavírus em relação às primeiras ondas da pandemia: a proteção vacinal e as mutações do vírus.

A ampla cobertura vacinal faz com que os sintomas se tornem mais brandos. E as próprias mutações que o vírus sofre fazem com que ele fique mais incapacitado de causar formas graves.
Roberta Santos
Infectologista

“A ômicron, apesar de ser mais contagiosa, é mais branda. Isso, aliado à vacinação, fez com que a resposta do indivíduo fosse mais rápida e intensa, fazendo com que o vírus fique apenas nas vias aéreas superiores”, destaca Roberta.

Proteção às crianças

Foto: Natinho Rodrigues

O coordenador médico da UPA Autran Nunes observa ainda que “a maioria absoluta dos casos tem sintomas muito similares aos de resfriado comum”, o que dificulta o diagnóstico clínico.

“Quanto mais tempo convivermos com o vírus da Covid, mais os casos leves da doença vão ser visualmente impossíveis de distinguir das outras doenças respiratórias”, pondera Fábio, reforçando a importância de buscar testagem quando surgirem sintomas.

A testagem é importante independente de estarmos vacinados. Só assim podemos minimizar o risco de transmissão e proteger as crianças que não se vacinaram ainda; os idosos, que têm uma imunidade mais baixa, e a sociedade em geral.
Fábio Cristino
Coord. médico UPA Autran Nunes

Só em junho, até quinta-feira (23), foram feitos mais de 25 mil testes de Covid no Ceará, dos quais 7.840 deram positivo – uma taxa de positividade superior a 30%, a maior desde fevereiro deste ano. Os dados são do Integra SUS, coletados às 14h desta sexta-feira (24).

A médica Christianne Takeda, infectologista do Hospital São José (HSJ), é categórica ao afirmar que a testagem tem “a mesma importância de sempre”, pois é determinante para garantir o isolamento social e frear a propagação do coronavírus.

“A Covid ainda é uma doença que pode evoluir com gravidade, a vacina não é uma proteção 100%. E ainda há a questão de pessoas que não têm o esquema completo. É importante você se testar para se proteger e também às outras pessoas”, finaliza.

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