Fortaleza tem segundo fevereiro mais chuvoso em 52 anos

No Ceará, neste mês, as boas médias de chuva se concentraram em municípios da Região Metropolitana da Capital

Escrito por
Thatiany Nascimento thatiany.nascimento@svm.com.br
Foto: Thiago Gadelha

O mês de fevereiro, que marca o início da quadra chuvosa no Ceará, foi o segundo fevereiro mais chuvoso na cidade de Fortaleza desde 1974, ano em que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) iniciou o monitoramento pluviométrico na Capital. 

Em fevereiro, a média histórica de chuvas esperada para a cidade é de 165,8 milímetros, mas, em 2025, o mês registrou 476,2 mm, um desvio positivo de 187,2%. Nesses 52 anos, somente em 2024 a média de precipitações no segundo mês do ano foi maior, chegando a 490,7 mm

Os dados extraídos do Calendário de Chuvas do Ceará, alimentado pela Funceme, indicam que, no Ceará, em fevereiro, os municípios da Região Metropolitana de Fortaleza, chamada na divisão das macrorregiões de Litoral de Fortaleza, tiveram boas médias de chuvas. Além dela, as médias também foram significativas no Litoral do Pecém e no Maciço de Baturité

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Em 2025, segundo dados da Funceme coletados no Calendário de Chuvas até as 10h deste sábado (1º), houve registro de chuvas em 24 dias no mês que tem 28. Apenas nos dias 4, 5, 15 e 22 a Capital não teve precipitações. 

Além disso, madrugadas e dias com chuvas intensas, no qual ficaram evidentes os velhos problemas em Fortaleza, como os alagamentos em vias e bairros, como os dias 19 e 28, com acumulados de 98,4 mm e 178,2 mm, respectivamente, contribuíram para o aumento da média mensal. 

Na última década, em três momentos, assim como agora, Fortaleza registrou um acumulado de chuvas acima de 300 mm no mês de fevereiro, em 2019, 2020 e 2024. 

O pesquisador da Funceme, Francisco Vasconcelos Júnior, em entrevista ao Diário do Nordeste, informou que um dos fatores que explicam ‘o fevereiro chuvoso’ em Fortaleza este ano é a ocorrência de eventos relacionados à Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), o principal sistema indutor de chuvas no Ceará.

"Foi o que aconteceu com a atuação desse sistema de maneira mais propícia na Região Metropolitana de Fortaleza, de modo geral", completa.

Para Fortaleza, historicamente o mês no qual se espera os maiores volumes de chuvas, diz o pesquisador, é abril, seguido de março. Em abril, a média histórica é  365.1 mm, em março é 337mm e em maio 200.2mm. 

Baixas temperaturas

Em fevereiro, a Capital também registrou alguns recordes de baixas temperaturas. Como no dia 21, quando Fortaleza registrou 20,9 °C, entre às 4h e 5h da manhã, e no dia 19 (o mais chuvoso de fevereiro) a temperatura mínima na Capital chegou à marca de 21,6°C.

Foto: Davi Rocha

O pesquisador da Funceme aponta que esse cenário tem conexão com o "fevereiro chuvoso" pois “nós estamos nos trópicos e geralmente as temperaturas, tanto a máxima da tarde e a mínima no comecinho da manhã, estão muito associadas com a nebulosidade que é essa incidência de raios solares. Então, quanto mais nebuloso, nublado, quando está chovendo, a temperatura máxima tende a ser menor e a média - que é o cálculo das 24 temperaturas ao longo do dia - tende a ser menor também” 

Ele acrescenta: “se estivéssemos com um mês com chuvas abaixo da média, muito provavelmente nós teríamos temperaturas máximas extremas”.

Situação no Ceará

Já no Estado, a média para o período é de 121,3 mm, enquanto o observado foi de 125 mm, o que representa um desvio positivo de 3,1%

Nesse cenário, cidades do Litoral de Fortaleza, como Pindoretama, Caucaia, Fortaleza, Eusébio e Maranguape tiveram os 5 maiores desvios positivos. 

Em Pindoretama, a média de chuvas esperada para fevereiro era de 118,6mm e o registrado foi 446 mm, ou seja 276,2% acima do que é aguardado historicamente. Já na outra ponta está Abaiara (Cariri) na qual a média esperada era de 168,8 mm e choveu apenas 12mm em fevereiro. 

Foto: Thiago Gadelha

Na divisão das macrorregiões, o Litoral de Fortaleza foi o que teve o maior desvio positivo na média de chuvas, com 318,9 mm, sendo o esperado 138,8mm, seguida do Maciço de Baturité (206,6mm registrado e média histórica 115,6mm) e Litoral do Pecém (217,5mm registrado e média histórica 123mm).

Em seguida estão a região Jaguaribana e o Litoral Norte. Na primeira, o esperado era 107,1mm e o observado foi 134,2mm e na segunda era 152,4mm e o registrado foi 172.1mm. 

“Isso se deve a atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que é o principal sistema atuante de geração de precipitações para o Estado. E ele não adentrou muito o continente, talvez alguns eventos principalmente na Bacia do Jaguaribe e na Ibiapaba”, aponta o pesquisador da Funceme, Francisco Vasconcelos Júnior.

Nas demais regiões - Ibiapaba, Sertão Central e Inhamuns e Cariri, fevereiro teve média de chuvas menor que os índices históricos contabilizados, portanto, houve desvio negativo. 

 

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