Com problema elétrico, escola pública do CE tem parte das aulas em salas sem energia e parte remota

A unidade em Pacatuba é de tempo integral e, por conta do defeito na parte elétrica, os alunos pela manhã vão para as salas sem iluminação e refrigeração e à tarde acompanham online

Escrito por Thatiany Nascimento , thatiany.nascimento@svm.com.br
foto de alunos em uma escola pública
Legenda: A escola fica localizada na CE-060, no território que conecta os polos industriais de Pacatuba e de Maracanaú. (foto feita em 2023).
Foto: Thiago Gadelha

Um problema na parte elétrica da Escola de Educação Profissionalizante Raimundo Célio Rodrigues, em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza, tem afetado a normalidade na realização das aulas na unidade que é da rede estadual. Desde a semana passada, os alunos assistem parte das aulas em salas sem energia, logo, sem iluminação e refrigeração, e no contraturno, já que a escola é de tempo integral, vão para casa e têm aulas remotas

A escola, conforme já mostrado pelo Diário do Nordeste, é uma referência de bons projetos na rede pública estadual e, dentre outras iniciativas, tem o apadrinhamento de alunos com reforços e mentorias para a melhoria do aprendizado e o estímulo ao acesso à universidade. 

Agora, a situação problemática, conta uma pessoa que trabalha na escola e não será identificada, é que, há cerca de 2 semanas, houve um curto-circuito na unidade devido a uma infiltração e isso afetou as salas de aula, a iluminação, as tomadas e os ares-condicionados

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De acordo com a fonte que repassou as informações ao Diário do Nordeste, duas turmas já estavam tendo aula em dois laboratórios da escola e neles as aulas estão ocorrendo sem interferências. Nas demais, a situação é diferente. “Das 12 turmas, 10 estão tendo aula em ambientes escuros e sem refrigeração. As salas de aula não foram projetadas para funcionarem sem energia elétrica, pois as janelas são muito pequenas, não permitindo a passagem de luz e ventilação”, explica.

As aulas, informa, ocorrem pela manhã presencialmente “nos ambientes escuros e quentes”, segundo a fonte, e, nessas condições, “mesmo as aulas sendo presenciais é impossível o rendimento ser o mesmo. Estudar, aprender e ensinar nessas condições é insalubre”, destaca.

No período da tarde, acrescenta, as aulas são realizadas de forma remota. “Os alunos e os professores estão saindo às 13h de lá (da escola) e começando as aulas às 14h30. Super corrido e cansativo. Oficialmente desta forma começou na última sexta-feira”, relata. 

Direção tenta solucionar problema

De acordo com a fonte, a gestão da escola não está omissa diante do problema. Ao contrário, “ela (diretora” já tirou mil reais do próprio bolso a fim de sanar os problemas, que acabou não resolvendo”. 

A fonte disse ainda que um engenheiro da Secretaria Estadual da Educação (Seduc) foi enviado à escola. Mas o problema não foi solucionado. 

“Há duas semanas, ocorreu o mesmo problema, infiltração no quadro elétrico e queima dos disjuntores. A Seduc enviou um engenheiro para avaliar a situação, ele olhou e indicou para a escola o que deve ser feito. Ele disse que era um problema elétrico. E esse engenheiro também não realizou nenhum serviço, sendo as alterações realizadas por um auxiliar de serviços gerais da própria escola e pai de um aluno que é eletricista e se voluntariou”. 

Foto: Thiago Gadelha

Na segunda-feira (11), o Diário do Nordeste entrou em contato com a Seduc questionando sobre a situação da escola. Em nota, a pasta disse apenas que “está adotando providências para solucionar o problema na área elétrica da escola” e que nesta terça (12) “haverá visita técnica à unidade de ensino para agilizar as providências. Não haverá prejuízos para a aprendizagem”.

Escola de destaque

Conforme já mostrado pelo Diário do Nordeste, a unidade em questão une o tempo integral ao ensino técnico foi criada em 2014. Localizada na CE-060, no território que conecta os polos industriais de Pacatuba e de Maracanaú, em 2023 tinha 524 estudantes e contava com duas iniciativas de apadrinhamento (padrinhos da Matemática e padrinhos do Enem) como pontos de destaque. 

Além disso, com a nota 6,4, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) - indicador que mede a qualidade educacional das escolas públicas no país, em 2021, a escola tem o 11º melhor resultado dentre as unidades da rede estadual. Esse é também o melhor Ideb das escolas da Região Metropolitana. 

Foto: Thiago Gadelha

O estudante Rafael Uchôa, do 2º ano, que é do curso técnico de eletromecânica,  reitera as informações e diz que “esse problema já havia ocorrido a alguns dias e havia sido resolvido. Mas retornou quinta-feira passada e até o momento estamos sem energia elétrica. As aulas estão sendo ministradas no formato híbrido. Vamos para a escola na parte da manhã, temos cinco aulas e somos liberados. Em casa temos as outras quatro aulas”. 

Ele ressalta que a falta de energia começou no dia 7 de março e no dia 8 começaram as aulas híbridas. Entre os alunos, relata, há um “clima de descontentamento”. “Até porque esses alunos já sofreram as consequências do ensino remoto e sabem o quanto ele pode ser prejudicial para o ensino. Eles relatam também que estão muito incomodados com o calor em sala de aula, já que o sistema de refrigeração não pode ser ligado”, diz. 

O estudante e presidente do Grêmio Estudantil da escola, Vinicius Queiroz, disse que “o problema está sendo resolvido. A escola já contratou uma empresa para fazer uma reforma elétrica. Acredito que amanhã ou quarta-feira já iniciem as obras” e acrescentou “é um problema estrutural, de alguns anos, e que agora, esperamos que seja realmente resolvido”. 

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