Com fama de 'mal assombrado', Casarão da Guaiúba ganha decoração natalina e recebe visitas
Imóvel é um patrimônio do final do século XIX e esteve abandonado e em ruínas por vários anos.
Localizado no município de Guaiúba, na Região Metropolitana de Fortaleza, o Casarão da Água Verde recebeu iluminação especial nesta quinta-feira (4), na abertura do Natal com Arte 2025. No evento, a Prefeitura de Guaiúba anunciou a revitalização do imóvel que esteve abandonado e em ruínas durante anos.
Durante todo o mês de dezembro, o grande casarão que fica às margens da CE-060 em cima de uma colina vai ficar iluminado e poderá ser visitado diariamente a partir das 18 horas. Esse é o quinto ano consecutivo da ação, que já se tornou um dos eventos mais aguardados do calendário municipal.
A revitalização do imóvel faz parte da transformação do casarão em “eixo estratégico de turismo, cultura, educação e geração de renda no município”, conforme a gestão.
O pacote de iniciativas inclui a implantação do Museu Histórico Municipal de Guaiúba — projeto que reunirá documentos, peças e registros que contam a formação social e cultural do município — e a criação do Polo Gastronômico de Água Verde, iniciativa voltada a impulsionar a economia criativa.
O objetivo é que o imóvel seja tombado e que o Museu Histórico funcione dentro do casarão. Para a prefeita, a revitalização une tradição, planejamento e sustentabilidade, e amplia o “sentimento de pertencimento entre os moradores”.
“O Casarão da Água Verde é mais do que uma construção, faz parte do coração da nossa cidade. Ao iluminá-lo, iluminamos também um projeto de futuro, em que preservar a história significa gerar oportunidades, fortalecer nossa identidade e promover desenvolvimento com pertencimento”
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Fama de mal-assombrado
Patrimônio do final do século XIX, a propriedade esteve abandonado e em ruínas por vários anos. Segundo a Prefeitura, o casarão foi erguido em um período de expansão das atividades rurais e do fortalecimento das primeiras comunidades da região.
O imóvel tem uma arquitetura marcante e imponente com amplos salões e paredes espessas, característica das antigas casas nobres do interior cearense.
Matérias antigas do Diário do Nordeste mostravam que a casa não tinha portas e janelas, apresentando sujeira e falta de manutenção. O valor simbólico e a transformação em ponto turístico nasceu das lendas locais que se espalharam para além da cidade.
Há relatos de sussurros, sons de vozes, choros e até mesmo aparição de fantasmas. Vários viajantes param para tirar fotos e visitar a casa. Tudo isso também instigou o professor Marcos Fábio Oliveira, o programador e designer gráfico Leonardo Alves, e o estudante de História Leiwilson Silva a criar o livro “Progresso Obscuro”.
Obra mescla oralidade e a historiografia da região, narrando tudo por meio do gênero terror. O casarão é utilizado como pano de fundo para que se discorra sobre o período final da escravidão no Brasil.