Com fama de 'mal assombrado', Casarão da Guaiúba ganha decoração natalina e recebe visitas

Imóvel é um patrimônio do final do século XIX e esteve abandonado e em ruínas por vários anos.

Escrito por
Clarice Nascimento clarice.nascimento@svm.com.br

Localizado no município de Guaiúba, na Região Metropolitana de Fortaleza, o Casarão da Água Verde recebeu iluminação especial nesta quinta-feira (4), na abertura do Natal com Arte 2025. No evento, a Prefeitura de Guaiúba anunciou a revitalização do imóvel que esteve abandonado e em ruínas durante anos.

Durante todo o mês de dezembro, o grande casarão que fica às margens da CE-060 em cima de uma colina vai ficar iluminado e poderá ser visitado diariamente a partir das 18 horas. Esse é o quinto ano consecutivo da ação, que já se tornou um dos eventos mais aguardados do calendário municipal. 

A revitalização do imóvel faz parte da transformação do casarão em “eixo estratégico de turismo, cultura, educação e geração de renda no município”, conforme a gestão.

Foto aérea noturna de um casarão histórico ricamente iluminado. O edifício de fachada em arcos está contornado por luzes de Natal amarelas brilhantes, e as aberturas estão iluminadas em vermelho magenta. Uma grande árvore à esquerda também está coberta de luzes tipo cascata. Uma multidão está reunida em frente à construção, celebrando um evento noturno.
Legenda: Imóvel às margens da CE-060 apresenta arquitetura marcante e imponente, e é popularmente conhecida por ser mal-assombrado.
Foto: Divulgação/Prefeitura de Guaiúba.

O pacote de iniciativas inclui a implantação do Museu Histórico Municipal de Guaiúba — projeto que reunirá documentos, peças e registros que contam a formação social e cultural do município — e a criação do Polo Gastronômico de Água Verde, iniciativa voltada a impulsionar a economia criativa. 

O objetivo é que o imóvel seja tombado e que o Museu Histórico funcione dentro do casarão. Para a prefeita, a revitalização une tradição, planejamento e sustentabilidade, e amplia o “sentimento de pertencimento entre os moradores”. 

“O Casarão da Água Verde é mais do que uma construção, faz parte do coração da nossa cidade. Ao iluminá-lo, iluminamos também um projeto de futuro, em que preservar a história significa gerar oportunidades, fortalecer nossa identidade e promover desenvolvimento com pertencimento”
Izabella Fernandes
prefeita de Guaiúba

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Fama de mal-assombrado

Casarão antigo e abandonado, de paredes claras e desgastadas, situado no alto de um terreno de terra batida. À esquerda, uma grande árvore seca com tronco retorcido domina a cena. O céu ao fundo está parcialmente nublado, com luz suave do fim da tarde iluminando a paisagem.
Legenda: Casarão passou anos abandonado, com ruínas aparentes e sujeiras.
Foto: Kiko Silva/SVM.

Patrimônio do final do século XIX, a propriedade esteve abandonado e em ruínas por vários anos. Segundo a Prefeitura, o casarão foi erguido em um período de expansão das atividades rurais e do fortalecimento das primeiras comunidades da região. 

O imóvel tem uma arquitetura marcante e imponente com amplos salões e paredes espessas, característica das antigas casas nobres do interior cearense. 

Matérias antigas do Diário do Nordeste mostravam que a casa não tinha portas e janelas, apresentando sujeira e falta de manutenção. O valor simbólico e a transformação em ponto turístico nasceu das lendas locais que se espalharam para além da cidade.

Página de jornal com matéria que fala sobre a deterioração de casarões e prédios históricos. No topo, há duas fotos de homens colocadas em quadros pequenos ao lado de trechos de opinião. Na parte inferior da página, uma foto grande mostra um casarão antigo em ruínas, com paredes desgastadas, janelas sem vidros e vegetação crescendo ao redor.
Legenda: Matéria de 2016 do Diário do Nordeste mostra a degradação do prédio e o risco de demolição.
Foto: Centro de Documentação Cedoc/SVM

Há relatos de sussurros, sons de vozes, choros e até mesmo aparição de fantasmas. Vários viajantes param para tirar fotos e visitar a casa. Tudo isso também instigou o professor Marcos Fábio Oliveira, o programador e designer gráfico Leonardo Alves, e o estudante de História Leiwilson Silva a criar o livro “Progresso Obscuro”.

Obra mescla oralidade e a historiografia da região, narrando tudo por meio do gênero terror. O casarão é utilizado como pano de fundo para que se discorra sobre o período final da escravidão no Brasil. 

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