Fortaleza e diversas capitais reúnem manifestantes em protestos contra feminicídios
Os atos pedem o fim do assassinato de mulheres e relembram os muitos casos registrados no País.
Milhares de pessoas se reuniram em um ato de repúdio aos assassinatos de mulheres, tarde deste domingo (7), estendendo-se até o início de noite, na Praia de Iracema, em Fortaleza.
O movimento ocupou espaços entre a Ponte dos Ingleses e a estátua Iracema Guardiã. O evento, batizado de Ato Mulheres Vivas, integrou uma mobilização nacional motivada pela escalada da violência contra as mulheres no país.
Entre as diversas formas de manifestação, um grupo de pessoas, na maioria mulheres, carregava cruzes com nomes de vítimas de feminicídio. Nos cartazes, muitas figuras pintadas de vermelho, lembrando o sangue derramado.
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A iniciativa tinha caráter suprapartidário e acolheu todos os que defendem a vida das mulheres, contando com o apoio de mais de 80 movimentos e coletivos sociais. Além disso, serviços de apoio como o SAMU, a Polícia Militar, a Secretaria Estadual de Mulheres do Ceará, a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) e a Patrulha Maria da Penha da Guarda Municipal acompanharam a ação.
Números são ruins no Estado
O Ceará registrou, apenas no primeiro semestre de 2025, um total 24 feminicídios. Só no mês de junho, ocorreu a morte de uma mulher a cada três dias. Os dados são os piores desde 2018, segundo estatísticas Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS).
O caso mais recente ocorreu no último dia 3, em Eusébio. A policial militar (PM) Larissa Gomes, 26 anos, foi morta a tiros pelo marido, também PM. Segundo informações, o casal estaria brigando dentro do carro, na avenida Cícero Sá, quando um sacou a arma para o outro.
Outro caso de grande repercussão no estado, este ano, foi o da enfermeira Clarissa Costa Gomes, 31 anos. Ela foi morta na sua casa, no bairro Jardim Cearense, pelo ex-companheiro, com 34 facadas.
A morte de Clarissa foi lembrada pela campeã do BBB 21, Juliette Freire, amiga de longa data da vítima. Ela reuniu diversas celebridades para reforçar uma campanha contra o feminicídio, na véspera do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, no último dia 24 de novembro.
Manifestação em diversas cidades do país
No Rio de Janeiro, a manifestação ocorreu na Praia de Copacabana, contando com a participação de diversos artistas, como atrizes e cantoras. Já em São Paulo, o ato ocorreu na Avenida Paulista, que ficou lotada para acompanhar as falas de manifestantes famosos, como a cantora Luísa Sonza e a deputada federal Erika Hilton. As informações são da Agência Brasil.
Em Brasília, muitas mulheres políticas participaram, como ministras e deputadas, incluindo a primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva. Outras capitais como Recife (PE), Aracaju (SE), São Luís (MA), Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG), entre outras, também tiveram ruas e a venidas ocupadas por manifestantes.
Entenda o levante contra a violência contra a mulher
Cerca de 3,7 milhões de mulheres brasileiras viveram um ou mais episódios de violência doméstica nos últimos 12 meses, segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero.
Em 2024, 1.459 mulheres foram vítimas de feminicídios. Em média, cerca de quatro mulheres foram assassinadas por dia em 2024 em razão do gênero. Em 2025, o Brasil já registrou mais de 1.180 feminicídios.
A mobilização nacional foi convocada após uma onda de feminicídios recentes que abalaram o país.
No final de novembro, em São Paulo, Tainara Souza Santos teve as pernas mutiladas após ser atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro, enquanto ainda estava presa embaixo do veículo. O motorista, Douglas Alves da Silva, foi preso acusado do crime.
Na mesma semana, duas funcionárias do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-RJ), no Rio de Janeiro, foram mortas a tiros por um funcionário da instituição que se matou em seguida.
Na sexta-feira (5), foi encontrado, em Brasília, o corpo carbonizado da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, 25 anos. O crime está sendo investigada como feminicídio, após o soldado Kelvin Barros da Silva, de 21 anos, ter confessado a autoria do assassinato.