Ceará registra primeiro caso de doença grave que infecta gatos e pode atingir humanos; veja sintomas
Esporotricose autóctone felina é causada por fungos e pode resultar em feridas profundas na pele, deixando lesões avermelhadas com secreções
O Ceará registrou o primeiro caso de esporotricose autóctone felina no dia 5 de maio, em Fortaleza. Na segunda-feira (17), o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado (CRMV-CE) alertou que a grave doença pode ser transmitida para seres humanos e levar à morte do gato e dos donos.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que o primeiro caso da doença foi notificado oficialmente terça-feira na Célula de Vigilância Ambiental da Coordenadoria de Vigilância em Saúde de Fortaleza. A esporotricose foi evidenciada através de citologia e cultura microbiológica de um animal infectado.
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A esporotricose em gatos ocorre a partir de fungos que causam feridas profundas na pele, deixando lesões avermelhadas com secreções que podem ficar mais grave com o passar do tempo. No caso registrado em Fortaleza, o felino estava com feridas que não se curavam.
Após a investigação realizada pelo laboratório Veterinário PATHOVET, o diagnóstico da doença foi confirmado. Posteriormente, o caso foi notificado ao Núcleo de Vigilância da Prefeitura de Fortaleza e passou por uma segunda rodada de confirmação no Laboratório de Microbiologia Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
“É de fundamental importância o conhecimento da enfermidade para que, em casos de sintomas parecidos, seja feito o diagnóstico e que não venhamos a ter surtos da doença no Ceará, trazendo grandes prejuízos tanto a felinos, quantos a seres humanos”.
Para Francisco, é necessário realizar o acompanhamento de animais suspeitos com a doença para evitar propagação de ocorrências da esporotricose autóctone felina.
Caso notificado
O médico veterinário e proprietário do laboratório Veterinário PATHOVET, Daniel Viana, detalhou que o animal atendido vivia em domicílio. Durante um passeio pela área externa da residência, o animal retornou com feridas, que aumentaram após alguns dias.
O gato foi levado ao veterinário, que suspeitou de uma micose profunda. “Esse é o caso da esporotricose e ele encaminhou para o diagnóstico. Esse foi o primeiro caso que a gente conseguiu finalizar o diagnóstico e notificar”, detalhou Daniel.
Conforme o médico, o fungo habita a natureza, estando presente no solo, na palha vegetal, madeira e, às vezes, nos espinhos.
“O gato costuma arranhar galhos, né? Quando ele sai em ambientes, costuma andar pela grama, tudo isso pode trazer possibilidades de contágio para esses animais”.
Sintomas da doença
Os gatos confirmados com a doença costumam apresentar arranhões na face que se assemelham a feridas causadas por brigas, conforme a CRMV-CE.
Se o felino não for tratado de modo rápido, a esporotricose autóctone pode evoluir para a fase linfocutânea, na qual o gato desenvolve úlceras com secreções na pele.
Nos casos graves, as lesões podem comprometer o sistema linfático dos animais. Assim, com a infeção espalhada pelo corpo, podem impactar nos órgãos internos. Dentre os outros sintomas, tem:
- Febre;
- Falta de apetite;
- Emagrecimento;
- Apatia;
- Problemas no sistema respiratório.
Em humanos, a contaminação do fungo na pele assemelha a uma picada de insetos. No entanto, a doença pode afetar os pulmões, causando tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre.
"Na forma pulmonar, os sintomas se assemelham aos da tuberculose. Mas o fungo também pode afetar os ossos e articulações, manifestando-se como inchaço e dor aos movimentos, bastante semelhantes ao de uma artrite infecciosa", conclui a CRMV-CE.