CE tem 231 mil meninos e meninas aptos à vacinação contra o HPV; saiba quem pode receber imunizante

Situação dos meninos gera maior preocupação pela baixa adesão: apenas 56% do público está vacinado adequadamente

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
Legenda: Vacinação contra o HPV previne alguns tipos de cânceres no longo prazo
Foto: Fabiane de Paula

O Ceará tem 231.296 meninos e meninas, entre 9 e 14 anos, que não foram vacinados e podem receber o imunizante contra o HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) – aplicado, após recente decisão do Ministério da Saúde, em dose única. Os profissionais da saúde buscam atingir a meta de, pelo menos, 80% da cobertura vacinal no Estado.

As informações foram repassadas ao Diário do Nordeste pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). As meninas (66%) e os meninos (48%) de 9 anos estão menos protegidos contra o HPV no momento.

O HPV é considerado como a infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo e está ligado a quase todos os cânceres de colo de útero, além de causar verrugas na região genital e no ânus.

A vacinação acontece cedo para a proteção antes do início da vida sexual. No Brasil, a imunização para as meninas começou em 2014 e para os meninos em 2017.

Ana Karine Borges, coordenadora de imunização da Sesa, explica que a decisão de aplicar apenas uma dose da vacina acontece após estudos científicos comprovarem a eficácia da proteção. 

"É muito importante manter essas crianças devidamente vacinadas, uma vez que agora é dose única. Para os meninos e as meninas nessa faixa de idade, que ainda não realizaram a vacinação contra o HPV, os imunizantes estão nos postos e nas unidades de saúde", frisa.

A coordenadora contextualiza que, desde a primeira campanha de vacinação contra o HPV, o Ceará tem um trabalho intenso para alcançar as crianças, mas a adesão caiu a partir de 2021.

Ao analisar a faixa etária completa, de 9 a 14 anos, 64.053 meninas não estão vacinadas e 167.216 meninos também não receberam a proteção até o momento, conforme os dados da Sesa.

“Em 2023, com o movimento nacional pela vacinação e todas as campanhas realizadas no Ceará, observamos um avanço de 30% na adesão do público alvo. Assim, permaneceremos as estratégias alinhadas às recomendações do Ministério da Saúde”, pondera Karine.

Uma das estratégias acontece no ambiente escolar. Desde o dia 18 de março, a Sesa promove ações de saúde e educação nas escolas, levando imunizantes para atualização da caderneta vacinal.

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Quem pode receber a vacina contra o HPV

Existem mais de 100 tipos de HPV e, pelo menos, 14 deles são cancerígenos, conforme a Organização Pan-Americana de Saúde. A vacina disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) protege contra os tipos mais frequentes: 6, 11, 16 e 18.

Essa imunização está disponível nos postos de saúde, de forma gratuita, para as pessoas com recomendação pelo Ministério da Saúde. Confira:

  • Meninas e meninos de 9 a 14 anos, com esquema de 2 doses. Adolescentes que receberem a primeira dose dessa vacina nessas idades , poderão tomar a segunda dose mesmo se ultrapassado os seis meses do intervalo preconizado, para não perder a chance de completar o seu esquema;
  • Vítimas de abuso sexual de 15 a 45 anos (homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto administrar conforme a indicação da situação vacinal , completando três doses da vacina HPV( 0,2,6 meses)
  • Mulheres e homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos, com esquema de três doses (0,2,6 meses) , independentemente da idade.

Quais são os riscos do HPV?

Na maioria dos pacientes, a infecção pelo HPV não gera nenhum sintoma ou leva meses e até anos para ser notado, conforme o Ministério da Saúde. As lesões causadas pelo vírus podem surgir em momentos em que o paciente está com a imunidade mais enfraquecida – momento em que há uma multiplicação do HPV.

O diagnóstico do vírus é feito por meio de exames clínicos e laboratoriais. Em geral, os médicos analisam os tipos de lesões que são, principalmente duas: clínicas e subclínicas (não visíveis a olho nu).

As lesões clínicas são verrugas na região genital e no ânus, conhecidas popularmente por "crista de galo", podendo ser únicas ou múltiplas, de tamanhos diferentes, achatadas ou elevadas. Normalmente, podem passar despercebidas ou causar coceira, não sendo um tipo associado ao câncer.

Legenda: Exame pode identificar infecção por HPV
Foto: Shutterstock

Já as lesões que não são vistas a olho nu surgem nos mesmos lugares das verrugas, contudo não apresentam sintoma. As lesões podem  podem ser causadas por tipos de HPV de baixo e de alto risco para desenvolver câncer.

De modo geral, o HPV pode causar lesões na vulva, vagina, colo de útero, região perianal, ânus, pênis (geralmente na glande), bolsa escrotal e/ou região pubiana. De forma menos frequentemente, podem aparecer na mucosa nasal, oral e laríngea.

Com relação aos meninos, público com menos doses da vacina, a proteção também acontece para doenças de longo prazo. Os vírus são responsáveis pelo câncer de pênis, boca e garganta nos homens, sendo responsável por muitas mortes nesse grupo populacional.

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