Castanhão mais que dobra de volume desde o início de 2022 e atinge melhor índice em 7 anos
O aporte conquistado em 4 meses representa quase a metade de toda a capacidade do Açude Orós, que é de 2,1 bilhão de m³
No início deste ano, o Açude Castanhão - maior reservatório público para múltiplos usos de água da América Latina - tinha pouco mais 8% de seu volume hídrico armazenado. Passados quatro meses, este índice mais que dobrou. Atualmente, o gigante das águas acumula 21,74% de sua capacidade total, que é de 6,7 bilhões de metros³.
Entre janeiro a abril de 2022, o Castanhão aportou quase 1 bilhão de metros³ de água. Essa foi a maior recarga dentre os 155 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Para se ter uma ideia da grandiosidade deste aporte, ele representa quase a metade de toda a capacidade do Açude Orós, o segundo maior do Ceará, que é de 2,1 bilhão de m³.
O volume atual é o melhor registrado desde 2015 e representa 10 vezes mais água acumulada do que no início de 2020. Naquele ano, o Castanhão chegou a ter somente 2,20% de seu volume.
Na avaliação Francisco José Coelho Teixeira, mestre em Recursos Hídricos e titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do Ceará, essa recarga deve-se, majoritariamente, as volumosas chuvas que atingiram o Estado neste ano.
"O aporte advindo da Transposição do Rio São Francisco foi de cerca de 70 milhões de metros cúbicos, cerca de apenas 10% do total aportado ao longo de todo este ano. É uma recarga [a da Transposição] importante, até para manter os níveis de garantia hídrica, mas o principal volume aportado veio mesmo das chuvas", detalhou Teixeira.
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"Situação é confortável, mas ainda exige atenção adequada"
Quando observado o cenário atual e comparado com os anteriores, fica evidente a melhoria hídrica conquistada pelo Castanhão. Entre 2016 e meados de 2020, o reservatório não ultrapassou a barreira dos 10% de volume acumulado. Agora, há uma "situação mais confortável", conforme avaliação do próprio titular da SRH.
No entanto, Teixeira ressalta que "ainda assim é preciso manter uma atenção adequada". O especialista explica que no universo das políticas de recursos hídricos, qualquer açude ou bacia hidrográfica abaixo de 30% de volume armazenado "ainda é considerado como situação de alerta e atenção".
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Diante desta ressalva, Teixeira aponta para a necessidade da manutenção do uso racional das águas. "Esse cenário é mais confortável, estamos em um momento mais propício se comparado a anos anteriores, mas devemos ter cautela e seguir com a utilização parcimoniosa das águas do Castanhão".
Chuvas em 2022
Conforme destacado por Teixeira, as chuvas têm sido as principais responsáveis pela garantia no aporte do Castanhão e em outros reservatórios cearenses. Em apenas 4 meses, a chuva acumulada no Estado já supera todo o índice de 2021.
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Conforme dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), entre janeiro e abril foram contabilizados 681,7 milímetros. Ao longo de todo o ano passado, o órgão contabilizou o acumulado de 690,3 mm. A média anual pluviométrica também está próxima de ser superada ainda neste mês.
Se as chuvas de maio ficarem acima da média (90,6 mm), o índice anual será superado. A normal climatológica para os 12 meses no Ceará é de 800 mm. Nos últimos dez anos, apenas 2020 e 2019 fecharam com chuvas acima da média.