Castanhão deve perder quase um terço do volume até janeiro de 2024, projeta Cogerh; entenda impacto

O volume armazenado é de 1,9 bilhão de metros cúbicos no momento, mas deve cair para algo por volta de 1,3 bilhão de m³

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
Legenda: Um dos maiores açudes do mundo, Castanhão abastece a Grande Fortaleza
Foto: Cogerh/Divulgação

O Açude Castanhão, em Alto Santo, pode perder quase um terço do atual volume até janeiro de 2024, conforme previsão da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Com 29% da capacidade armazenada até esta terça-feira (29), as águas podem baixar até ficarem em 20%, daqui a quatro meses, devido à evaporação no período sem chuvas no Ceará.

As informações sobre o contexto do maior reservatório cearense de água foram repassadas ao Diário do Nordeste pelo diretor de Operações da Cogerh, Tércio Tavares. A situação da reserva hídrica com os demais açudes do Estado também foi analisada pelo gestor.

"Pelas nossas previsões, em janeiro de 2024 o Açude Castanhão vai estar apenas com 20% e isso merece um sinal de alerta. A Cogerh já se antecipou com os comitês de bacia fazendo ações que visam maior moderação com relação ao uso desse precioso que é a água", detalha.

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O volume armazenado é de 1,9 bilhão de metros cúbicos no momento, mas deve cair para algo por volta de 1,3 bilhão de m³ em janeiro. Por causa disso, o Castanhão opera com vazão média de 18 mil litros por segundo, de julho de 2023 a janeiro de 2024.

Essa definição foi feita no Seminário de Alocação das Águas dos Vales do Jaguaribe e Banabuiú, em Quixadá, no último mês. O reservatório já funcionou com vazão de 24 mil litros por segundo.

O momento, então, é considerado de alerta e isso justifica a vazão moderada do açude, mas isso não significa um prejuízo imediato para a população.

“É o suficiente para atender tanto o setor produtivo quanto abastecimento humano, mas dentro de uma margem que nos dê folga suficiente para transcorremos, pelo menos, mais 2 anos de segurança hídrica", contextualiza Tércio.

Impactos da redução

O Açude Castanhão não contribui para o abastecimento da capital cearense e Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) desde 2019. Nesse caso, os açudes Pacajus, Pacoti, Riachão e Gavião são usados para a distribuição na área.

As águas do Castanhão são para abastecimento humano e demais usos no Vale do Jaguaribe, além de servir para o setor produtivo, como o Distrito de Irrigação do Perímetro Tabuleiro de Russas (Distar).

Nos últimos anos, principalmente no período entre 2012 e 2019, o reservatório perdeu volume constantemente. Em 2023, devido à quadra chuvosa favorável, o Castanhão marcou o melhor volume em quase 10 anos.

O gestor demonstra preocupação com o período chuvoso, entre fevereiro e maio, do próximo ano, devido aos prejuízos do fenômeno El Niño, que pode reduzir a quantidade de chuvas no Estado.

"O cenário hoje é delicado, porque nós não temos sinais de chuvas em quantidade para 2024, mas não é alarmante ao ponto de dizer que vai faltar água em Fortaleza. O sistema metropolitano integrado, no cenário de hoje, daria segurança hídrica por mais dois anos", acrescenta.

Legenda: El Niño pode prejudicar a recarrega do Castanhão
Foto: Cogerh/Divulgação

"Temos um plano B, que já é estudado, da transferência de água do São Francisco através do Plano de Integração, com entrada no Jati”, detalha. Dessa forma, as águas do São Francisco seriam levadas para o Castanhão e transferidas para a RMF.

Dentre os estados do Nordeste, o que está melhor preparado para momentos de crise (hídrica) sem sombras de dúvidas é o Ceará, pelos desafios e pela organização que temos com os comitês de bacias
Tércio Tavares
Diretor de Operações da Cogerh

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