Após comer petisco, cachorro de Fortaleza fica com insuficiência renal e tenta sobreviver
O animal da raça schnauzer tem sido submetido a sessões de hemodiálise. Tutora faz campanha para angariar recursos
Dug, um cãozinho de oito anos de idade, da raça schnauzer, era saudável. Não sofria de nenhum mal à saúde até o fim do último mês de julho, quando comeu os petiscos da marca Bassar e começou a padecer.
No Brasil, até esta terça-feira (6), já são mais de 40 os casos de animais que passaram mal ou mesmo que morreram após a ingestão dos alimentos. A Polícia Civil de Minas Gerais já identificou a presença de monoetilenoglicol, uma substância tóxica, em um dos petiscos entregues para análise por tutores de cachorros que foram afetados.
Dug, que é de Fortaleza, tem sido submetido a sessões de hemodiálise para tentar sobreviver à intoxicação. Sua tutora, Maria Freitas, e um grupo de tutores de outros schnauzers fazem uma campanha para angariar recursos para bancar o tratamento. Cada sessão de hemodiálise custa em torno de R$ 500 e a implantação de cateter, R$ 650.
"Fizemos a campanha para ajudar o bebê financeiramente. Ele está com insuficiência renal, fazendo hemodiálise numa clínica especializada", disse a médica veterinária Vanya Bastos, que acompanha o caso. Segundo a profissional, o cãozinho começou a apresentar quadro de vômito poucas horas após ingerir os petiscos, cerca de um mês atrás.
Os tutores não imaginavam a seriedade do caso, até saberem, pela imprensa, de situações semelhantes em outros estados do País. "Como o bebê não tinha nada, achavam que tinha mesmo sido por causa do petisco. Guardaram a nota [da compra] e a embalagem [do produto]. Só depois é que se soube da contaminação [em massa]", continuou Bastos.
Dug está com insuficiência renal aguda e, se sobreviver ao tratamento, deve permanecer sendo um paciente renal.
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Denúncia
De acordo com a médica veterinária, os tutores de Dug registraram boletim de ocorrência nesta segunda-feira (5).
"Eles fizeram B.O ontem sob a minha orientação, mas já tinham falado com a empresa, que, no período, se eximiu de qualquer coisa", relatou Bastos.
Nesta segunda (5), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determinou o recolhimento de todos os lotes de produtos da Bassar, responsável pela fabricação dos petiscos, e a fiscalização das distribuidoras da empresa.
O Governo também orientou aos tutores que compraram os produtos Dental Care, Every Day, Petz Snack Cuidado Oral ou outros da Bassar a formalizar as denúncias junto à Ouvidoria do Mapa, informando lote e data de fabricação.
Dug consumiu o petisco Every Day.
Alerta
No Instagram do grupo Schnauzer Fortaleza, Vanya Bastos explica aos tutores como a substância age nos bichos.
"O etilenoglicol é uma substância utilizada em radiador de veículos. É um tipo de anticongelante. Ele tem um período de absorção no organismo que leva até quatro horas. O organismo, até 12 horas depois, pode melhorar. O animal pode apresentar enjoos, vômitos, maior quantidade de xixi, e vai ter uma recuperação", comenta a veterinária.
"Caso não haja recuperação, vai ter a piora do quadro. Essa piora, nos gatos, é mais rápida, até 24 horas, e, nos cães, pode ser de 36 horas a 72 horas. Havendo essa piora, a gente vai ter outros sintomas mais graves, dentre eles, a insuficiência renal aguda", detalha.
A profissional complementa ainda que, se 15 dias após a ingestão, o animal não apresentou sintoma, não há motivo para se preocupar. É importante, contudo, fazer os exames de rotina para descartar qualquer agravo.
Como ajudar
Os tutores de Dug e amigos estão fazendo uma campanha para arrecadação de recursos para custear as sessões de hemodiálise. Mais informações no Instagram Schnauzer Fortaleza.