Após 10 anos de Bicicletar, Unimed encerra patrocínio às bicicletas de Fortaleza; saiba o que muda
Cooperativa de saúde investia no sistema de bikes compartilhadas desde a implementação, em 2014
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O verde característico de parte das bicicletas compartilhadas de Fortaleza deverá ser substituído em 2025. Após 10 anos de operação, o Bicicletar perdeu o patrocínio da Unimed Fortaleza, que não renovou o contrato com a empresa operadora do sistema, a Serttel.
Questionada sobre o motivo do término da parceria e de que forma ele pode afetar o funcionamento e a expansão do serviço, a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) respondeu, em nota, que toda a operação, incluindo a “gestão de parcerias da patrocínio”, cabe à Serttel.
“É importante destacar que a eventual inclusão ou ausência de aportes externos não impacta o funcionamento do programa, incluindo o número de estações, bicicletas disponíveis e custos de operação”, reforça a AMC.
Israel Araújo, diretor comercial da Serttel, declarou ao Diário do Nordeste que a Unimed Fortaleza “declinou de renovar o contrato”, vencido em novembro passado, “abrindo a possibilidade de entrada de novos patrocinadores”. Ele afirma que a Serttel “está negociando com diversos interessados”.
“Enquanto não for contratado um novo patrocinador, a própria Serttel está financiando a operação, e isso não trará nenhum prejuízo ao funcionamento do sistema. Aproveitamos a oportunidade para explicar que patrocinar o Bicicletar é uma excelente oportunidade para empresas que queiram apoiar uma causa ambiental e social”, conclui o diretor.
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Em nota, a AMC acrescentou que o sistema de bikes, “gerido totalmente sob patrocínio da iniciativa privada nos 5 primeiros anos de execução, passou a ser custeado em maior parte pelo poder público desde 2019, garantindo a sua expansão com recursos provenientes da venda dos cartões da Zona Azul, o sistema de estacionamento rotativo”.
usuários estão cadastrados no Bicicletar, atualmente, segundo a Serttel e a AMC.
A Unimed Fortaleza respondeu, em nota à reportagem, que “revolucionou a política cicloviária, tornando as bicicletas compartilhadas uma iniciativa inovadora e acessível em toda a capital” e proporcionando “mais qualidade de vida” à população, “com incentivo à prática de exercícios físicos, de maneira coletiva e sustentável”.
A cooperativa acrescentou que “cumpriu papel fundamental na criação de um legado de saúde e incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte viável e sustentável para a cidade”, frisando que “o projeto continuará em andamento com outros parceiros”.
A mudança no patrocínio deve ter implicações apenas administrativas: a autarquia municipal assegura que nada será modificado para o usuário final.
Raio-x do sistema
O Bicicletar disponibiliza, hoje, 253 estações para o público adulto e 17 estações para o público infantil, de acordo com a AMC. Em dez anos de operação, o sistema realizou mais de 7,4 milhões de viagens de adultos e 50 mil de crianças, segundo a Serttel.
Em 2024, uma novidade foi incorporada ao Bicicletar: 100 bicicletas elétricas passaram a ser disponibilizadas para retirada em algumas estações da cidade. Já em janeiro deste ano, de acordo com a AMC, o programa bateu recorde mensal, com mais de 92 mil viagens.
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Parte delas foi realizada pelo vendedor Ícaro Sousa, 23, que realiza de bicicleta, diariamente, o trajeto entre a casa, no bairro Benfica, e o trabalho, no Centro.
“É perto pra ir de bicicleta, mas longe pra ir a pé. Então se não fosse a bike, eu teria que ir de ônibus, que é sempre lotado demais de manhã. É bom também porque economizo com a passagem”, observa o jovem.
Entre as melhorias que espera do sistema, destaca duas: “a manutenção das bicicletas, que muitas vezes estão com os freios ruins e os pneus furados” e “aumentar a quantidade de estações, pra facilitar na hora de devolver”.