Após receber sete prêmios na 22ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), um projeto desenvolvido em uma escola pública do Ceará irá representar o Estado na Feira Internacional de Ciências e Engenharia (ISEF), que ocorre em maio, em Los Angeles (EUA).
O projeto “RCMC - Revestimento comestível à base de mandacaru e carnaúba: uma nova alternativa como conservante de frutos” foi desenvolvido no ano passado pela aluna Gabrielle de Oliveira Rodrigues, com orientação do professor Carlos Eduardo Oyama, na Escola de Ensino Fundamental e Médio Luiz Girão, em Maranguape, Região Metropolitana de Fortaleza.
O RCMC visa conservar alimentos naturais por mais tempo de forma sustentável. Segundo Gabrielle, a ideia da pesquisa surgiu no grupo de iniciação científica da escola, no momento em que os alunos elencavam problemas recorrentes na sociedade para pensar em possíveis soluções. “Percebi a questão do desperdício de alimentos e decidi procurar por alternativas para a diminuição desse problema”, explica a estudante.
Naquele momento, Gabrielle começou a pesquisar sobre conservantes naturais e entender quais as matérias-primas de Maranguape que poderiam ser utilizadas no projeto. “Foi aí que encontrei o mandacaru e a cera de carnaúba”, completa.
A proposta inicial demorou seis meses para apresentar resultados promissores, e a pesquisa segue em andamento para ser aperfeiçoada.
Patente
No momento, enquanto se prepara para iniciar os estudos no curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Gabrielle também finaliza o processo de patente, com o intuito de implementar a descoberta em outros ambientes.
Ainda estou processando esse feito, essa premiação foi algo inimaginável pra mim. Já comecei a preparação para o evento e pretendo representar o estado do Ceará da melhor forma possível, buscando incentivar jovens da rede pública, em especial meninas, na área das Ciências.
A aluna destaca, como principais frutos do trabalho, o enaltecimento da força da escola pública e a importância da produção científica nesse meio. Questionada sobre os próximos passos e impactos do projeto, ela sonha grande.
“Pode gerar riquezas na região, por utilizar duas espécies que podem ser trabalhadas de forma sustentável. Além disso, pretendo implementar o projeto nas cooperativas de agricultura familiar da minha região para impactar essas famílias que vivem da agricultura”, afirma.
Orientador de Gabrielle, Carlos Eduardo Oyama ressalta, orgulhoso, que todo o desenvolvimento da pesquisa foi feito pela aluna, no laboratório de ciências da escola, o que considera "um feito notável".
Para o professor, porém, a conquista da jovem pesquisadora vai muito além do âmbito individual: além de ser um projeto ambicioso, que pode mudar a situação de muitas famílias, Carlos Eduardo acredita que o reconhecimento pode estimular outras estudantes a se dedicarem à pesquisa científica.
"Essa premiação é importantíssima. Gaby é nordestina, mulher e de escola pública regular. Precisamos de mais meninas fazendo ciência, e espero que ela seja uma inspiração para muitas meninas no nosso Ceará", destaca.