Mais da metade (56,05%) dos reservatórios de água no Ceará estão com níveis de abastecimento acima dos 50% do total. A informação, baseada nos dados da Cogerh (Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos), deverá, caso se mantenha no mesmo patamar, dispensar a necessidade de transferência de recursos hídricos do Açude Castanhão para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) em 2023.
Além disso, ainda de acordo com dados da Cogerh, o volume geral acumulado global do Estado, atualmente em 37,5%, é o melhor desde 2013, considerando o mês de março.
Segundo nota da Companhia, caso os níveis de água se mantenham no patamar atual nos próximos meses, o Estado deverá repetir um cenário já registrado nos últimos três anos, quando não houve transferência de água do Castanhão para a RMF. A perspectiva é confirmada "devido ao volume já acumulado na bacia metropolitana".
"O cenário é melhor se comparado a anos anteriores, ainda que a distribuição das chuvas não seja regular no tempo e no espaço. Por conta dessa irregularidade, algumas bacias estão mais confortáveis do que outras. Prova disto é a situação diferenciada em diferentes regiões do Ceará", informou a Cogerh em nota.
"As bacias mais ao norte, como a do Acaraú, Coreaú e Litoral, registram volumes acima de 70% da capacidade. Já as bacias do Banabuiú, no Sertão Central do Estado e dos Sertões de Crateús registram volumes inferiores a 17%, devido aos repetidos cenários de seca e faltas de chuvas expressivas dos últimos anos", completa.
Situação confortável
A perspectiva foi corroborada pelo secretário executivo dos Recursos Hídricos Ramon Rodrigues, que classificou a situação no Estado como "mais confortável" em relação a anos anteriores. Apesar do cenário positivo, ele destacou que alguns municípios ainda precisam de maior atenção para garantir a segurança no abastecimento de água.
Rodrigues ainda lamentou a situação de emergência enfrentada por algumas regiões no Ceará, citando as últimas enchentes registradas.
"As boas precipitações que acontecem nos últimos meses no Estado do Ceará nos garante uma situação mais confortável do que em anos anteriores. A região que, nos últimos anos, vinha sendo a com menos aporte, nesta quadra começa a ganhar mais recarga. Hoje nós podemos dizer que a situação hídrica do Estado, para o abastecimento humano, é confortável. Ainda temos alguns municípios que precisam de mais atenção, mas no geral a situação é bem melhor do que nos últimos anos", disse.
"Nós agora estamos enfretando uma situação diferente das últimas quadras, que é enchente em algumas localidades. A pluviometria tem nos ajudado. Esperamos que assim como no ano passado, todos os açudes da região metropolitana atinjam 100% de suas capacidades, nos dando mais segurança para Fortaleza e a Região Metropolitana", completou.
Transferência de recursos
O secretário executivo também explicou que a Pasta deverá seguir acompanhando os níveis em todas as regiões do Estado para garantir a logística de transferência de água entre cidades. O foco é garantir a segurança hídrica nos municípios que estiverem enfrentando problemas de escassez ou níveis mais baixos de nos reservatórios.
"Sim. Ao final da quadra chuvosa os comitês de bacia realizam o trabalho de alocação de água, quando necessário. O grupo de contingência, formado por órgãos de gestão hídrica do Estado, também faz o acompanhamento dos municípios, tomando decisões que ajudem os municípios a manterem a segurança hídrica", disse.
Sobre a situação dos açudes na RMF, Ramom destacou que os reservatórios na localidade, caso abastecidos, seriam suficientes para sustentar a demanda de água das cidades da Região.
"Com os bons aportes dos açudes da Região Metropolitana na quadra chuvosa de 2022, o Açude Castanhão não precisou mais enviar água para Fortaleza. Se continuarmos com as mesmas recargas, continuaremos sem precisar que essa água venha ajudar no abastecimento da RMF. Apenas os açudes da região, com nível máximo, garantem o abastecimento da capital e das cidades vizinhas", explicou.