Alunos de autoescola denunciam empresa que fechou e teria causado prejuízo a mais de 200 pessoas
Segundo os denunciantes, que abriram boletim de ocorrência, a proprietária fechou as portas e "fugiu" sem prestar informações
Alunos de uma autoescola da cidade do Crato, na região do Cariri cearense, denunciam o estabelecimento por possível crime de estelionato. Segundo a enfermeira Antônia Thamara Ferreira dos Santos, 28, ela e "mais de 200 pessoas" não teriam conseguido tirar a habilitação na autoescola, mesmo após o pagamento de todas as taxas. A reportagem do Diário do Nordeste tentou contato com a autoescola "Rota", mas não obteve retorno.
"Paguei mil reais e não consegui tirar minha habilitação. Cheguei até a fazer as aulas práticas, mas nada consta no Detran", relata Thamara. Ela explica que, "até para começar as aulas, sentiu dificuldade".
O primeiro problema, conforme explica a denunciante que abriu um Boletim de Ocorrência (B.O.) contra a autoescola, "por diversas vezes foi ao local, mas não tinha professores disponíveis".
"Sempre era uma justificativa diferente. Eu colocava a digital, mas não fazia a aula por falta de instrutores. E, nas aulas práticas para a habilitação de carro, por duas vezes o veículo quebrou, os carros todos estavam em péssimas condições", detalha.
Ainda conforme a enfermeira, todos esses transtornos não foram de exclusividade dela. "Fizemos um grupo no WhatsApp para reunir todas as pessoas que foram lesadas. Temos mais de 200 participantes que também são vítimas. Todas relatam a mesma coisa", diz Thamara.
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Quando o grupo de alunos que se sentiu prejudicado foi ao local em busca de explicações da proprietária, ela teria acionado a Polícia e, em posterior, fechado as portas, contam os alunos.
"Ela mesma chamou a Polícia e naquela mesma madrugada [última terça-feira, dia 29 de março] pessoas flagram em vídeo o local sendo esvaziado. No dia seguinte, só tinha uma placa dizendo que estava fechado para balanço", narra Thamara.
Os próprios funcionários da autoescola "Rota" dizem não saber o paradeiro da proprietária e, alguns deles, ainda segundo os denunciantes, também abriram boletim de ocorrência na Delegacia. Ao procurarem o Detran, o órgão teria "informado que nada poderia fazer".
"Eles disseram apenas que a autoescola já tinha sido descredenciada. Mas, se foi, por qual razão ainda estava aberta? O Detran era para fiscalizar", critica a enfermeira. Foi justamente nessa ida ao Detram que Thamara descobriu que parte das suas aulas não constava no sistema do Departamento de Trânsito.
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"Fiz 12 aulas de moto, coloquei a digital em todas elas, mas no Detran não consta nenhuma. É como se eu não tivesse feito nada", acrescenta a enfermeira. A assessoria do órgão, por sua vez, justificou que "realiza, constantemente, a fiscalização nas autoescolas de todo o Estado do Ceará, e que as denúncias do caso em questão foram feitas recentemente e em pequena quantidade".
"Contudo, o órgão já bloqueou o estabelecimento junto ao sistema para impossibilitar novos cadastros. O Detran-CE reforça que irá apurar ainda mais os fatos para tomar outras providências", acrescentou o Detran, em nota.
O Diário do Nordeste também tentou contato com a autoescola "Rota", mas os telefones não foram atendidos. Já o perfil no Instagram do estabelecimento foi excluído.
"A dona sumiu, ninguém sabe o destino. E acredito que foi premeditado. Pois duas semanas antes ela fez uma grande promoção. Habilitação que era de R$ 1.300, estava saindo por R$ 799. Na certa ela estava juntando dinheiro para fugir", denuncia Thamara Ferreira.
A Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) informou, em nota, "que está apurando um possível crime de estelionato praticado pelos proprietários" do estabelecimento. Segundo investigações policiais, "a proprietária de uma autoescola teria fechado o estabelecimento e deixado de atender os alunos".
Oitivas e diligências estão em andamento. Mais informações serão repassadas em um momento oportuno para não comprometer a investigação.
A Polícia Civil confirmou, ainda, que as vítimas registraram Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia Regional de Crato, unidade responsável pelas investigações. No entanto, questionado quantos BOs foram abertos, a Polícia Civil não respondeu.