Relembre 12 livros paradidáticos cearenses que eram cobrados no vestibular da UFC
O Verso listou 12 títulos que já foram leitura obrigatória para seleção na Universidade Federal do Ceará
Desde 2009, quando o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) passou a funcionar como vestibular unificado, muitas práticas do antigo formato de seleção para o concurso ficaram para trás. A lista de obras literárias recomendadas para leitura foi uma delas.
A exigência, para além da mera obrigação de acompanhar as narrativas, oportunizava o fomento para que novos olhares sobre as letras cearenses e nacionais pudessem ser estimulados. Na corrida da aprovação, a oportunidade de mergulho na criatividade de grandes autores e autoras.
De forma a rememorar os títulos e atestar o caráter atemporal deles, o Verso listou 12 clássicos da literatura cearense que já foram leitura obrigatória para o vestibular da Universidade Federal do Ceará (UFC). A seleção foi elaborada com o auxílio da professora Maria de Jesus de Sá Correia, que coordenava a escolha dos livros no antigo formato de provas pela Coordenadoria de Concursos da UFC (CCV).
Veja:
1. “O Guarani”, de José de Alencar
A trama se passa no início do século XVII, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Dividido em quatro partes, é narrado em terceira pessoa e José de Alencar busca mapear cada detalhe da região, da casa e dos personagens.
O romance é uma história de amor entre um índio e a filha de um fidalgo português, D. Antônio de Mariz, que viera às terras brasileiras recebidas por Mem de Sá, um dos primeiros administradores de terra da colônia. Além deste título do autor, outros já foram cobrados no vestibular da UFC, a exemplo de “Senhora” e “Lucíola”.
2. “A Casa”, de Natércia Campos
Ao mesmo tempo foco, espaço e personagem: assim é a casa do título, espaço em que a autora tece engenhosas impressões envolvendo memórias, causos, perdas, alegrias e tristezas.
De forma engenhosa, Natércia Campos narra, inclusive, parte da história da colonização do Ceará no livro, dando voz e sentimento a uma morada sertaneja.
3. “Dôra, Doralina”, de Rachel de Queiroz
Unindo o Nordeste ao Rio de Janeiro, Rachel narra uma história de amor que registra a realidade regional, o que acaba por nos inserir no quadro histórico da formação brasileira.
A autora conferiu à protagonista do título uma sensível dimensão humana, tendo a liberdade como norte para aprofundar trajetórias em que o amor, o sofrer e a dor se misturam.
4. “Dizem que os cães veem coisas”, de Moreira Campos
Coletânea de textos do maior contista do Brasil, o livro reflete a presença de um escritor com absoluto domínio sobre os elementos que integram o universo de composição.
Temas como morte, memória, conflitos, idas e vindas em diferentes tempos, entre outros, dimensionam a força incomum da arquitetura perfeita de frases e ideias com vistas a fazer compreender a profundidade do ser humano.
5. “O mundo de Flora”, de Angela Gutiérrez
Três mulheres se confundem nesta obra da atual presidente da Academia Cearense de Letras (ACL). Com o nome em comum, avó, mãe e filha/neta ocupam as páginas e narram histórias magníficas.
O tempo é totalmente psicológico, portanto não há precisão nem noção de quando ocorreu cada fato contado, demandando redobrada atenção do leitor para apreciar cada aspecto.
6. “A Palavra e A Palavra”, de Horácio Dídimo
A obra do nome mais importante da literatura infantil no Ceará e um dos maiores das letras do Brasil é fruto da reunião de três livros: “Tempo de chuva”, “Tijolo de barro” e “O passarinho carrancudo”.
Os poemas revelam o extremo poder de síntese, bem como a sensibilidade de captar as ondas de um mundo circundante e caótico.
7. “Cordéis e outros poemas”, de Patativa do Assaré
Organizado por Gilmar de Carvalho, o exemplar reúne 17 poemas daquele que é considerado um dos maiores poetas populares de todos os tempos.
Em destaque, figuram duas produções em versos: “Ispinho e fulô: A Triste Partida”, musicada por Luiz Gonzaga em 1964; e “Cante Lá que eu Canto Cá”, título de um dos dos livros de Patativa que foi editado em 1974.
8. “Moça com Flor na Boca”, de Airton Monte
Coletânea com pouco mais de 60 textos, em que o autor viaja por todos os caminhos da crônica. Outrora publicados diariamente em jornais, os textos têm o sabor de poemas líricos ou de contos introspectivos.
É como se ele não as escrevesse para periódicos, mas para a posteridade.
9. “Aves de arribação”, de Antônio Sales
Nascido no município de Paracuru, Antônio Sales é um dos principais nomes da literatura cearense por, entre outras características, ter fundado a Padaria Espiritual, movimento iniciado no fim do século XIX.
Nesta sua obra-prima, um romance impressionista, o autor narra os dramas dos viventes de uma cidade fictícia que, entre conflitos políticos e causos à boca pequena, assiste à chegada de um promotor que se envolverá num caso de amor tórrido, colocando-o em disputa entre duas mulheres.
10. “Dias e dias”, de Ana Miranda
Vencedora do Prêmio Jabuti e uma das mais reconhecidas autoras cearenses, Ana Miranda narra nesta obra o amor de uma mulher, Feliciana, pelo poeta Antônio Gonçalves Dias, conhecido por compor “Canção do Exílio”.
Entremeando história e ficção, a trama mergulha nos percursos da sensibilidade feminina e ainda revela a descoberta da cultura indígena, a partir de um olhar particular sobre os costumes da sociedade brasileira.
11. “Entre a boca da noite e a madrugada”, de Milton Dias
Nesta obra, foram agrupadas crônicas do autor que foram divididas em várias partes, tratando, cada uma delas, de um assunto específico: os bichos, na primeira; o tempo, na segunda; na terceira, as mulheres; e, na quarta e última, dos homens, do mar, do sertão e das rosas. Um itinerário por vários mundos proposto por Milton Dias.
12. “Três peças escolhidas”, de Eduardo Campos
Compilando três obras-primas do escritor cearense – “O Morro do Ouro”, “A Rosa do Lagamar” e “A Donzela Desprezada” – o livro traz o que há de mais importante no teatro cearense do século passado, focando em temáticas que até hoje geram repercussão em espetáculos derivados das criações de Eduardo.