Nany People homenageia Fafá de Belém em apresentação que mescla humor, música e emoção

O show reúne algumas das principais paixões da artista. A primeira delas é a música, a responsável por levá-la aos palcos ainda aos quatro anos, quando começou a cantar em quermesses de Serrania, interior de Minas Gerais. A segunda é a própria Fafá, a quem viu pela primeira vez ao vivo em um show em Poços de Caldas, para onde se mudou com a família, com cerca de sete anos.

“Vi aquela força da natureza que fez uma coisa que nunca tinha visto na vida: saltou do palco e veio dançar com as pessoas em pé, no meio da plateia. Nunca mais esqueço: ela cantando ‘Emoriô’ e rodando o vestido branco. Lindo”

A terceira paixão é o humor, pelo qual a artista enveredou na vida adulta e ficou nacionalmente conhecida. Ao olhar do público, a faceta cantora de Nany passou a ser evidenciada, após décadas, com a participação dela no reality musical “Popstar”, da Globo, em 2019.

“A música sempre foi um lugar muito gostoso de eu estar, só que aí vem a minha adolescência, tratamento hormonal, toda a minha condição de trans — na época nem tinha esse nome — e me afastei um pouco”, compartilha. “Mas o que é da gente tá guardado”, atesta, citando o destaque angariado na competição televisiva.

Depois da participação, Nany investiu mais em espetáculos que acentuavam a potência vocal da artista, como “Nany (En)Canta”, “Nany É Pop” e, também, “Sob Medida - Nany Canta Fafá”. 

Na produção que chega a Fortaleza, a mistura dá o tom. “O show foi montado com músicas que me dizem respeito e fala como elas se refletiram na minha história. Canto o amor, as ilusões”, explica. Momentos pessoais da trajetória de Nany também serão compartilhados, incluindo dificuldades da chegada dela a São Paulo, perdas de amigas e amigos e outros episódios.

“Mas não é nada pesado, pelo contrário”, segue. “Se eu fosse contabilizar o que a vida me dá, eu não seria humorista, seria cantora de fados, triste, ia lamentar, ‘ai de mim’”, brinca a artista. “O show tem leveza, para a gente saber rir das coisas que a vida dá e saber fazer limonada dos limões que a vida apresenta. É comédia, tem que ser divertido. Não é só cantar para vocês, é música e stand-up”, ressalta. 

No espetáculo, a mineira deixa claro que a intenção não é “imitar”, mas celebrar não somente Fafá — a quem Nany conheceu pessoalmente em 2016, virou amiga e contou com o auxílio no processo de escolha do repertório —, mas a vida. “São músicas que as pessoas cantam junto, porque a Fafá é uma cantora popular, que canta a verdade da vida, do amor, do dissabor, do encontro, do reencontro”, elenca. 

Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por Theatro Via Sul Fortaleza (@theatroviasulfortaleza)

“Para muita gente, eu sou inspiração, mas para outras pessoas sou também transgressão”, reconhece, acrescentando rapidamente: “E transgredi, sim. Transgredi no direito de fazer valer o meu direito de ser, estar, permanecer e pensar como eu sou e quem eu sou. É para celebrar a vida. Eu sou uma sobrevivente”, afirma.

Prestes a completar, em 2025, “50 anos de palco e 60 de idade”, Nany é pura celebração diária. “Ousei, a partir dos 50 anos, idade em que muita gente tá contando o tempo para se aposentar, ir para a Globo, fazer turnê internacional, rodar”, lista.

É nessa toada que “Sob Medida - Nany Canta Fafá” se insere na trajetória da multifacetada artista. “É um show interativo. Não é pra sentar e fazer a linha ‘vamos ver como a Nany está cantando’. É para ver como Nany está encantando e para encantar junto. É um show musical, divertido, que tem humor, muito humor, tem que ter! E sobretudo, emoção, muita emoção”, define.