Morre o jornalista cearense José Augusto Lopes, aos 85 anos

Com passagem pelo Diário do Nordeste e currículo dedicado sobretudo às artes e à cultura, legado do jornalista é reverenciado por colegas

(Atualizado às 14:19)
Legenda: José construiu uma carreira de 56 anos, destacando-se como comentarista de cinema, teatro, literatura e memória, além de colunista social e autor de livros
Foto: Reprodução/Instagram

No apagar das luzes de 2024, o jornalismo cearense se despede de um dos maiores nomes do ofício. José Augusto Lopes faleceu nesta terça-feira (31), aos 85 anos. 

O jornalista sofreu uma queda no último dia 15 de dezembro e fraturou o fêmur, sem, contudo, ir ao hospital na ocasião.

Apenas três dias depois se dirigiu a uma unidade de saúde, onde fez cirurgia. Em decorrência da operação, precisou fazer hemodiálise e teve infecção generalizada. Morreu por falência dos órgãos.

O velório será realizado nesta terça-feira (31) no Centro de Velório Anjo da Guarda, em Fortaleza.

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Nascido em 12 de setembro de 1939, José construiu uma carreira de 56 anos, destacando-se como comentarista de cinema, teatro, literatura e memória, além de colunista social e autor de livros.

Apenas no Diário do Nordeste, foi editorialista por 17 anos, passando por editorias como o caderno Gente, Caderno 3, entre outros. 

Também venceu vários prêmios, entre eles o Colunistas da Revista Propaganda de São Paulo; Prêmio Profissionais da Rede Globo; e Troféu Iracema de Imprensa.

A obra "Colunistas e colunáveis: entrevistas sobre comportamento social", de autoria dele, é considerada um marco no mapeamento do colunismo social no Ceará.

Nela, o jornalista revela, com elegância e perspicácia, a riqueza dessa vertente jornalística. Atributos semelhantes ele também cultivou na televisão, onde entrevistou grandes personalidades. 

Sindicato dos Jornalistas lamenta morte

Em nota publicada nas redes sociais, o Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) salienta a sempre "inteligência, sofisticação e bom humor" de José Augusto Lopes.

Igualmente destaca que, em 2018, ele celebrou 50 anos de carreira, reafirmando o amor pelo jornalismo e conquistando a admiração de colegas, amigos e leitores.

"Dono de uma escrita poética e de um olhar sensível sobre a vida e a sociedade, José Augusto partiu no último dia do ano, deixando saudades e uma marca indelével na memória coletiva", diz a nota.

Legado de paixão 

Amigo e companheiro de José Augusto Lopes por décadas, Mardônio Maia compartilha que José representava "tudo" para ele. "Amigo, pai, companheiro, que me ensinou tudo".

Por sua vez, o amigo e ex-editor de Lopes, o jornalista Dellano Rios recorda da convivência com o parceiro de trabalho. Segundo ele, era fácil alguém ser conquistado por José Augusto. "Zé andava com passos miúdos pela redação do Diário, mas era uma festa ambulante quando aparecia. Com risada farta, conquistava fácil novos fãs do seu jeito bem-humorado, com pitadas de uma malícia meio adolescente", lembra.

Também ressalta a competência e distinção dele. "Era um grande leitor, que não se submetia às amarras dos cânones. Amava a literatura e a cultura que hoje chamamos queer. Amou o cinema com inteligência e foi um crítico muito especial. Na crítica, não deixava nunca de ser cinéfilo. Com o leitor, compartilhava seu encantamento como se fosse o de um menino numa antiga matinê no São Luiz. Suas críticas e crônicas eram projeções exatas do homem que ele foi: discreto, elegante, bonito, provocador e amoroso".

A jornalista Marlyana Lima corrobora a dedicação de José Augusto pela arte e a cultura. "O cinema sempre foi a paixão do Zé Augusto. E, como a Sétima Arte, ele também foi uma pessoa plural que sabia como ninguém fazer amigos por onde passava", diz.

"Sempre teve personalidade forte e uma genialidade ímpar que, generosamente, dividiu conosco através de seus textos. O jornalismo e a arte cearenses perdem hoje um de seus maiores e melhores nomes".

A colunista social Salete Araújo se despede do amigo situando as qualidades pessoais dele. "Conviver com o Zé era uma dádiva. Uma pessoa de sensibilidade ímpar, sempre muito profissional, generoso com todos, estreantes e veteranos".

E completa: "Uma grande perda, especialmente para mim, porque ele era colaborador do nosso portal Salete em Sociedade. O abraço apertado e verdadeiro dele vai fazer muita falta, assim como o seu olhar sobre o cinema e a sociedade cearense. Estamos todos com o coração partido".

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