Espetáculo para bebês encanta ao refletir sobre mudanças da vida sem cair em estereótipos
Em cartaz no Teatro Dragão do Mar a preços populares, “Borboletário” envolve crianças e famílias numa trama repleta de magia e muito aprendizado, sobretudo para quem tem pouca idade
Os olhos vidrados não mentem: com a abordagem certa, bebês podem manter a atenção sem esforço e, de quebra, aprender bastante sobre eles mesmos e a vida. É a proposta de um espetáculo com oito anos de trajetória e muita magia para apresentar a crianças de pouca idade e toda a família, reunindo inteligência, diversão e amor aos pequenos.
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“Borboletário” está em cartaz no Teatro Dragão do Mar nos dias 18, 19, 25 e 26 de janeiro. Encenado a preços populares, é um tesouro para o público e ótima pedida para as férias. A montagem tem apenas uma pessoa em cena, o ator Well Fonseca, cuja missão é expressar, em movimentos e gestos, sentimentos e sensações do cotidiano caros aos bebês.
Well faz isso munido de elementos como tecidos, sonoridades e imagens subjetivas, todas alinhadas com as fases da primeira infância a partir do pleno desenvolvimento dos pimpolhos. “As percepções deles do que são as cores, o som e os gestos estão em grandes momentos nesse lugar de transformações”, situa o intérprete.
A ideia dele sempre foi partir do espetáculo para falar sobre seres humanos e seres vivos, no geral, que também se transformam – desde uma lagarta para uma borboleta, passando por uma gravidez até a mudança de sentimentos nas pessoas. Nesse sentido, os tecidos utilizados no número apontam para várias simbologias.
“Eles são uma metáfora de como tudo pode se transformar, uma vez que são embrulhados, escondidos e depois esticados. A dramaturgia criou um movimento entre o ator e os tecidos, e esta cria uma semiótica de sensações em que o bebê apresenta muito interesse. Desde 2017 o espetáculo é apresentado na Capital e no interior”.
Para bebês, sem subestimá-los
Segundo o artista, um dos grandes diferenciais de “Borboletário” é não subestimar a capacidade de experiência estética que os bebês carregam – no sentido de que o número não é sobre uma história bem contada, figurinos muito coloridos, muitas luzes ou som estridente. Tem a ver com algo mais profundo.
O projeto se vale do minimalismo de um espetáculo de pequeno porte para comunicar, sem falas e sem muito esforço, aquilo que interessa aos bebês na fase de desenvolvimento. “São gestos e ações que eles não vão entender, mas sentir, como uma dança ou brincadeira”.
Em suma, um verdadeiro jogo, no qual o ator simplesmente desdobra um tecido, mas, aliado à delicadeza da luz, da sonoplastia e do movimento, o simples gesto desperta interesse dos bebês e, com isso, descobre-se o quanto eles observam as ações dos adultos. Não à toa, a pesquisa de Well é focada nesse ambiente de aprendizado sensorial dos pequenos.
“A gente pesquisa muito essas fases do desenvolvimento da criança para elaborar uma montagem que se envolve para e com elas, principalmente a partir de uma atmosfera de brincadeira – a qual o ator tenta manter do início ao fim. Alguns bebês chegam a imitar, outros sorriem, outros ficam parados olhando fixamente, e há os que entram em cena. Eles são divertidos e diversos”.
Não à toa, a preparação envolve desde leituras sobre desenvolvimento infantil, oficinas de teatro para primeira infância, exercícios físicos como mímica, dança e canto, entre outros. Mas, principalmente, estar próximo de bebês. Well tem experiência como professor, já trabalhou do Ensino Infantil ao Ensino Médio, e hoje tem uma pesquisa com o grupo Zepelim Arte Para Infância que dá continuidade às descobertas feitas no “Borboletário”.
O estudo, em resumo, nunca para. “Desde a estreia, o espetáculo sempre esteve em constante aprendizado, tentando melhorar ou afinar elementos que possam ser modificados ou aprimorados na peça. A obra nunca foi a mesma, e vem se transformando. É um espetáculo em constante processo”.
História do espetáculo
“Borboletário” surgiu quando, ao concluir a faculdade de Teatro em 2015, Well Fonseca mergulhou ainda mais na temática infantil, uma vez já realizar obras para crianças naquela época. Ao conhecer, durante passagem por Fortaleza, o grupo La Casa Incierta – que já criava espetáculos para bebês na Espanha e no Brasil – participou de oficinas e descobriu uma potência criativa e espontânea que mexia muito mais com o ator que é.
“Percebi também que havia poucas experiências artísticas para a primeira infância, poucas obras e espetáculos de teatro para pais que desejavam levar os bebês para experiências de arte”, diz. Não à toa, de lá para cá, o projeto só tem crescido. No ano passado, em um projeto de circulação com o espetáculo pelo Ceará, nasceu a Jam Session Para Bebês.
A performance envolve dança e música ao vivo, feita para que os bebês entrem em cena e possam livremente se movimentar a partir desses estímulos. Esse é o segundo trabalho do grupo que envolve a primeira infância e que nasceu a partir das pesquisas com o espetáculo “Borboletário”, com apresentações em Fortaleza e também no interior.
“Ele vem se mostrando como um projeto de dança também para bebês. Pretendemos ainda construir outros espetáculos, também para bebês, que exigem momentos de pesquisa e de investimento. Mas acreditamos que o Ceará e Fortaleza tem um público muito interessado nessas abordagens artísticas”, festeja Fonseca.
Serviço
Espetáculo “Borboletário - Borboletário - Teatro para Bebês”
Dias 18, 19, 25 e 26 de janeiro, às 17h, no Teatro Dragão do Mar (Rua Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema). Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), disponíveis nas bilheterias do teatro ou por meio deste link. Mais informações por meio das redes sociais