Espetáculo acompanha casais em momentos diferentes da relação; peça tem temporada em julho
“Sala Vazia” vai do início ao fim do amor; apresentações acontecem aos fins de semana da Casa Absurda
Quatro homens e uma “sala vazia de objetos, mas lotada, carregada de sentimentos”: são esses os elementos básicos que compõem o espetáculo “Sala Vazia”. A obra, que reflete sobre relações amorosas, faz temporada de estreia nos sábados e domingos de julho na Casa Absurda.
Produzida pelo Grupo Blitz, com direção de Yuri Yamamoto e roteiro de Rafael Martins, a peça é protagonizada por Ícaro Eloi, Leonardo de Sá, Eurico Mayer e Jadeilson Feitosa. Nela, o quarteto interpreta casais em momentos opostos das vidas conjugais: o início e o fim. A mudança física, com caixas e pacotes, vem como símbolo de questões diversas das relações.
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Em entrevista ao Verso, Leonardo explica que o texto foi apresentado ao elenco por Jadeilson. “Quando a gente leu, já nos identificamos porque todo mundo passou por algumas dessas coisas: já se apaixonou, se mudou, brigou, depois já fez as pazes”, aponta o ator.
“A Blitz já trabalha com artistas variados, dos mais variados grupos. Eu, Yuri e Rafael a já tinha tido a oportunidade de fazer vários outros trabalhos juntos, então a gente foi se juntando. Todo o elenco já faz parte do casting da Blitz, já trabalhava junto, e a gente acabou convidando a Andrea Pires para unir força na preparação do elenco”, contextualiza Jadeilson.
De clássicos da literatura, como “Romeu e Julieta”, às atuais listas de livros mais vendidos, passando pelos feeds das redes sociais, falar de amor enquanto tema de debate público é fato constante. Em “Sala Vazia”, como reflete Eurico, se compartilham reflexões acerca da construção de relações “além do sentimento do amor”.
“A gente fala sobre tentativas, esforços constantes. Muitas vezes o amor por si só não dá conta. A gente sente, pensa, acredita em tanta coisa, projeta e cobra isso dos outros, que um sentimento só não sustenta uma relação a dois ou com quantas pessoas forem”, reflete o ator.
Ao aproximar início e fim de relações e se desenvolver a partir de quatro atores em cena, o espetáculo promove uma proposta de encenação menos direta e óbvia. “Nós exploramos as relações representadas no espetáculo de diversas formas”, inicia Eurico.
“São vidas que se sobrepõem, se confundem. Por serem experiências que tanta gente pode se identificar, inclusive nós, os atores em cena, em alguns momentos a linha que separa um personagem do outro, ou o limite entre ator e personagem, ficam um pouco mais confusos e isso se reflete na dinâmica da cena”
“Por vezes, você não sabe muito bem quem está falando com quem, ou em que momento a pessoa está falando com a outra, se é algo que está acontecendo na sala ou para além dela”, avança o artista.
O jogo, ele ressalta, não é apenas entre o elenco, mas também com a plateia. “No final de tudo, eu acredito que a vivência de cada pessoa que for assistir é o que vai realmente dizer um pouco do que ela vai entender dessa história”, convida.
O próprio formato do público em “Sala Vazia”, em 360º graus, agrega à experiência, como destaca Jadeilson. “A plateia pode ter quatro visões diferentes do espetáculo. Dependendo de onde estiver sentada, vai poder se envolver de formas diferentes com o que está sendo contado”, explica.
“Pode ser que uma pessoa tire conclusões completamente diferentes, tenha um olhar completamente diferente do que foi apresentado, das de outra pessoa que assistiu de outro lado”, avança o ator.
Por isso, “Sala Vazia” é apresentado, em cada sessão, a um público reduzido de, no máximo, 50 pessoas.
“A gente optou por fazer para um público menor, mais intimista, para que as pessoas se sintam imersas nesta sala vazia de objetos, mas lotada, carregada de sentimentos”, ressalta Jadeilson.
Leonardo faz coro: “Cada pessoa tem uma história, uma situação, um tipo de relacionamento que vai lembrar, se identificar. É incrível como o espetáculo atinge um campo vasto geracional”, afirma. A identificação é geral, mas também específica. “Vai ao encontro da história, da individualidade de cada ser humano”, define.
Nas palavras do ator, o roteiro vai de Zygmunt Bauman, sociólogo polonês conhecido por cunhar o conceito de “amor líquido”, a “uma pitada de Nelson Rodrigues”. “É uma mistura maravilhosa”, instiga.
Sala Vazia
- Quando: sábados e domingos de julho, sempre às 20 horas
- Onde: Casa Absurda (rua Isac Meyer, 108 - Aldeota)
- Quanto: R$ 40 (meia) e R$ 20 (inteira); 50 ingressos por sessão, à venda na bilheteria e na plataforma Sympla
- Classificação indicativa: 14 anos
- Mais informações: @casaabsurda e @salavaziateatro