Curador do Prêmio Jabuti se declara contra o isolamento social e escritores reagem

Um abaixo-assinado foi criado pedindo o afastamento do editor Pedro Almeida da honraria, contando com apoio de nomes como o cearense Lira Neto

Escrito por Redação ,
Legenda: Curadoria do prêmio Jabuti, maior honraria da literatura brasileira, está em xeque após postagem polêmica

Uma intensa mobilização acontece neste momento no setor literário brasileiro. Mais de 4 mil pessoas (até o fechamento desta matéria) já assinaram uma carta "contra o obscurantismo no Prêmio Jabuti", em que pedem o afastamento do curador da honraria, a mais importante da literatura nacional, o editor Pedro Almeida. 

Dentre as assinaturas presentes no documento – que declara estar o curador "moralmente desautorizado para o cargo" – está a do escritor e jornalista cearense Lira Neto, quatro vezes vencedor do Jabuti.

Confira, abaixo, o posicionamento de Lira sobre o caso:

A iniciativa ganhou fôlego após uma publicação de Pedro Almeida nas redes sociais. No texto, ele minimiza as mortes causadas pela Covid-19 e defende o fim das medidas de distanciamento social, necessárias, de acordo com especialistas de saúde em todo o mundo, para combater a proliferação do novo coronavírus.

"Estou negando a importância de cuidados com a saúde [...]? Não! Estou falando que não há um dado claro que indique a necessidade de parar o país e ferrar a economia por uma mortandade de pessoas, porque não há aumento desses óbitos", escreveu o curador.

Iniciando o post com a frase "alguém está mentindo para você", ele argumenta que o número de mortes por doenças no Brasil registrados em cartório nos meses de março e abril do ano passado foram muito superiores ao deste ano, já com a pandemia.

A publicação foi apagada, mas prints do texto circulam pelas redes sociais e entre escritores e editores.

Além de Lira Neto, outros importantes nomes das letras no País, a exemplo da escritora Nélida Piñon, a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz e o curador do Festival de Araxá, Afonso Borges, assinaram a carta de repúdio.

Até o fechamento desta edição, Pedro Almeida não se manifestou sobre a questão, nem a Câmara Brasileira do Livro, organizadora do prêmio Jabuti, se posicionou. 

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