Banda e família de Beth Carvalho homenageiam sambista em Fortaleza
Filha da artista, Luana Carvalho, comenta a responsabilidade de perpetuar o legado da Madrinha do Samba
Após passar por diversas capitais brasileiras, o projeto Sambabook – Homenagem a Beth Carvalho chega a Fortaleza nesta sexta-feira (17), com um show que reúne grandes nomes da música e um repertório de clássicos do samba para animar públicos de todas as idades. Com apenas uma apresentação na capital cearense, a homenagem será realizada no Teatro RioMar Fortaleza e ainda tem ingressos à venda para alguns setores. A entrada custa R$ 50.
A edição cearense conta com a participação das cantoras Lu Carvalho e Luana Carvalho, sobrinha e filha de Beth, respectivamente, além do duo Prettos (SP) e da Banda da Madrinha, grupo com mais de dez músicos que acompanharam a artista por vários anos. O repertório inclui sucessos que se eternizaram na voz de Beth Carvalho, como “Coisinha do pai”, “Camarão que dorme a onda leva”, “Andança” e “As rosas não falam”.
Multiplataforma, o Sambabook faz tributos a grandes nomes do samba e inclui, além dos shows, uma discobiografia inédita, caderno de partituras, álbum digital e uma plataforma digital. Idealizado pela produtora Musickeria e com direção geral de Afonso Carvalho, o projeto já homenageou João Nogueira, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Dona Ivone Lara e Jorge Aragão.
Em entrevista ao Verso, Luana Carvalho explica que o projeto foi pensado para os fãs da mãe, mas também tem o intuito de chegar a novas gerações e perpetuar seu legado – e ocorre em um momento oportuno, em que público jovem tem cada vez mais se interessado por samba, a exemplo do surgimento e fortalecimento de diversas novas rodas de samba pelo País.
“Cada vez mais eu recebo mensagens de pessoas falando sobre isso, dessa proliferação das rodas de samba. Então, eu acho que tem uma juventude fazendo samba e que inclusive vai além desses projetos e independe dos projetos, porque o samba vem de dentro”, pontua.
Maior legado de Beth é ‘luta antirracista e de consciência de classe’
Única herdeira de Beth Carvalho, Luana conta que sua participação no show é pequena, mas traz algo especial ao público. Na apresentação, ela interpreta “As rosas não falam”, música que guarda uma história íntima com a mãe. “Onde ela estiver, eu sei o que ela vai sentir me vendo ajoelhar ali para cantar ‘As rosas’”, afirma, destacando a reverência à sambista.
“Não é uma vontade de me apresentar fazendo aquilo, de fazer direito ou melhor – até porque não tem necessidade nenhuma dessas músicas que ela interpretou serem interpretadas por ninguém que não seja ela, a não ser pelos compositores”, declara.
“Mas é um canal direto. É uma coisa que eu sei que tinha que fazer, que eu sinto como se ela tivesse me pedido e eu faço pra ela, mesmo. Então, é um momento muito forte pra mim, pra minha filha [Mia] e pra minha mãe”, completa. Ao falar sobre a responsabilidade de ser a guardiã do legado de Beth, Luana destaca que a missão é difícil, mas honrosa.
“A coisa mais forte de disso ter ‘sobrado’ para mim é que acho que fica uma missão que era dela, que para mim talvez seja a coisa mais importante da história, que é uma luta antirracista e de consciência de classe. Então é muito, é muito honroso. É muita sorte a minha que a minha mãe não tenha sido apenas uma grande cantora, apenas um ídolo, uma musicista, uma cantora virtuosista incrível, tecnicamente perfeita ou de sucesso absoluto. Ela tem uma outra coisa por trás, que para mim é o grande lance”, ressalta.
A artista destaca que Beth Carvalho foi, sobretudo, uma “operária da cultura”, voltada para o povo brasileiro. Ainda que tenha nascido na Zona Sul do Rio, decidiu dedicar a vida aos brasileiros sem privilégios e levantar outros sambistas com ela – o que deve ser parte importante da nova missão que Luana encara hoje em dia, mesmo em meio ao luto.
“Você acorda, você perdeu sua mãe e você ganhou um emprego que você não pediu e que é trabalhoso, que exige competências que às vezes você não tem. É um luto com uma responsabilidade gigante que você não pode deixar, que não pode te esperar sofrer”, comenta sobre a responsabilidade de manter vivo o legado de Beth Carvalho.
Com o intuito de manter em evidência a música e os valores que a mãe defendia, Luana conta que se prepara para iniciar um novo projeto em sua homenagem. Sem dar detalhes, adianta que será um espaço multidisciplinar, relacionado ao samba, ao futebol e à história do Rio de Janeiro, além de se relacionar com o combate ao câncer – doença que acometeu Beth por duas vezes. Além de elaborar a iniciativa, a artista também se dedica, atualmente, à escrita de um livro de ficção.
Serviço
Sambabook – Homenagem a Beth Carvalho
Quando: Sexta-feira, 17 de outubro, às 20h
Onde: Teatro RioMar Fortaleza
Ingressos: A partir de R$ 50 (Plateia Alta e Cadeirante; demais setores estão esgotados) | Vendas na bilheteria do teatro e no Uhuu
Mais informações: @sambabook e @teatroriomarfortaleza