Uso constante de aparelhos eletrônicos e do fone de ouvido pode causar danos à visão e à audição

Especialistas dão dicas de como evitar ou amenizar prejuízos oftalmológicos e auditivos em crianças e adultos

O uso de aparelhos eletrônicos e fones de ouvido tem se tornado cada vez mais frequente entre crianças, jovens e adultos neste período de isolamento social. Apesar de os recursos serem fundamentais para a conclusão das atividades profissionais e escolares, no momento realizadas em casa, especialistas dizem que passar longos períodos manuseando esses equipamentos pode prejudicar a saúde ocular e auditiva do usuário.

Portanto, para quem está no confinamento, é importante ficar atento ao uso excessivo de TV, computador, notebook, smartphones e demais dispositivos eletrônicos. E isso vale para qualquer idade. Crianças nas tarefas escolares, em momentos do entretenimento ou adultos triplicando as horas de reuniões, treinamentos, lives ou com os olhos fixos na tela, assistindo às séries preferidas. Em qualquer situação, é preciso ter pausas.

No caso da visão, o uso exagerado provoca cansaço visual e diminuição do ato de piscar. Segundo Dr. Eduardo Nery, oftalmologista do hospital HapVida, quando se pisca menos, a lubrificação natural é reduzida, levando à chamada 'síndrome do olho seco'. Por isso, a importância da pausa. “Fechar os olhos ou focá-los em objetos à distância, como, por exemplo, olhar por uma janela ajuda na recomposição da lubrificação natural dos olhos”, recomenda.

Na opinião do oftalmologista, embora tenha sido aceito que a leitura em telas eletrônicas é lenta e associada à fadiga visual, esta nova geração está explicitamente propensa a usar esses dispositivos para leitura. Portanto, o especialista alerta, “

utilizar estes equipamentos no escuro gera condições inadequadas de visualização e pode causar fadiga ocular”. Recomendações

Para o Dr. Eduardo Nery, pequenas atitudes ao utilizar os equipamentos podem ajudar na redução dos danos à saúde ocular. Ajustar a iluminação é uma das indicações. No espaço bem iluminado, a luz direcional da tela fica menos agressiva aos olhos.

Evite, portanto, deixar o foco de luz virado para o rosto. Quanto à luminosidade da tela, em ambientes mais escuros é desnecessário um nível alto de brilho no display.

No manuseio do computador, a tela deve ficar na altura da linha dos olhos, com distância de 50 cm. Tablets e celulares, o ideal é manter à distância de visualização entre 33 e 40 centímetros dos dispositivos.

Danos auditivos

Os fones de ouvidos também estão no topo da lista das ferramentas mais utilizadas por crianças, jovens e adultos. Seja para trabalhar, estudar ou relaxar, eles fazem parte da rotina de muitas pessoas e por longos períodos do dia e da noite.

Apesar da praticidade e utilidade dos acessórios em diversas situações, o Dr. Eduardo Younes, otorrino do hospital HapVida, diz ser importante considerar os danos que os fones podem causar quando usados de maneira inadequada.

Dentre os prejuízos, o especialista destaca a utilização do aparelho em volume acima de 80 decibéis e por mais de 8 horas seguidas.
O som elevado do equipamento pode provocar lesões irreversíveis à audição. “Uma vez instalada, a perda auditiva induzida pelo ruído, o que chamamos de trauma acústico, uma explosão por exemplo, a lesão é sem volta”, afirma o médico.

Nos casos de perdas de grau leve, o otorrino diz que pode provocar um zumbido com bastante incômodo . Já nas situações de perdas moderadas e severas, normalmente o aparelho auditivo é a solução.

Por isso, a importância de realizar exames audiométricos periodicamente e procurar ajuda médica em caso de sentir um lado ouvindo mais do que o outro, assim como não considerar normal ter zumbido ou qualquer perda de audição.

Aos que realmente dependem do equipamento para cumprir as tarefas diárias nesse período de isolamento social, o médico lembra que “

o equipamento deve ser usado em baixo volume, revezar, deixando o fone apenas em um dos ouvidos e retirá-lo sempre que houver intervalos do trabalho  ”, alerta o otorrino.

Visão
Ajuste da iluminação: No espaço iluminado, a luz direcional da tela fica menos agressiva aos olhos.Evite deixar o foco de luz virado diretamente para o rosto.

Luminosidade da tela: em ambientes mais escuros é desnecessário um nível alto de brilho no display.

Tela x postura:a tela deve ficar na altura ou um pouco abaixo da linha dos olhos. A distância deve ser de cerca de 50 cm. 

A postura corporal também é importante: opte por uma cadeira confortável em que o corpo não fique curvado para a frente ou cause pressão na nuca. Ao utilizar tablets e celulares, o ideal é manter distância de visualização entre 33 e 40 centímetros dos dispositivos.

Piscar com frequência:  enquanto usamos as telas de eletrônicos o índice de piscadas pode reduzir pela metade. Piscar mais vezes ajuda a reduzir o déficit na hidratação ocular e a sensação de olho seco.

Regra do 20-20-20: a cada 20 minutos de uso do equipamento eletrônico, faça uma pausa de 20 segundos e olhe em um objeto que esteja a cerca de 20 metros
(Fonte: Eduardo Nery, oftalmologista)

Audição
Dentre os cuidados, o ideal é retirar o fone dos ouvidos sempre que houver pausas para o café, beber água ou nas idas ao banheiro.

No trabalho ou nos momentos de relaxamento, caso os períodos sejam prolongados, é importante usar o equipamento em baixo volume, de preferência revezar, deixando o fone apenas em um dos ouvidos. Antes de colocar o acessório, é fundamental realizar uma boa higienização tanto no equipamento quando nos ouvidos.

Limpeza do fone:um dos fones de ouvido mais usado é do celular. Por encaixar diretamente no ouvido, os cuidados com a limpeza para evitar infecções, devem ser redobrados. O equipamento também pode ser esterilizado com o uso de álcool, detergente ou sabão neutro.

Higienização dos ouvidos: o uso de tampa de caneta, hastes dos óculos e cotonete devem ser evitados. Isso porque, as hastes desses objetos podem empurrar a rolha de cerúmen para o fundo do canal e tampar mais ainda o ouvido. Além disso, pode causar lacerações em conduto auditivo e perfuração da membrana timpânica, evoluindo com dor local e ou sangramento.
(Fonte: Eduardo Younes, otorrino)