Após liderar prefeitos eleitos em 2024, PSB se prepara para ter maior bancada da Alece em 2025
Aumento do número de parlamentares no Legislativo estadual acontece após atração de dissidentes do PDT
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Um grupo de deputados estaduais cearenses liderados pelo senador Cid Gomes (PSB) deve oficializar a saída do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e, como ato contínuo, a migração para o Partido Socialista Brasileiro (PSB) nesta sexta-feira (7). O movimento, iniciado em novembro de 2023 e que se desenvolveu numa esfera judicial, consolida o protagonismo da legenda socialista na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), que terá a maior bancada da Casa Legislativa.
O evento contará com lideranças nacionais do partido, a exemplo do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e do presidente do diretório nacional, Carlos Siqueira. Atualmente, nenhum dos ocupantes de cadeiras do Plenário 13 de Maio está vinculado ao PSB, mas, com o desembarque do ex-pedetistas, esse número poderá saltar para nove. O quantitativo inclui o presidente da Mesa Diretora da Alece, Romeu Aldigueri — empossado recentemente no posto.
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O estopim para a desvinculação do agrupamento do PDT aconteceu por conta de uma crise interna. De um lado estavam os cidistas, que apoiaram a decisão do líder em conceder a Evandro Leitão — que ainda estava no partido — uma carta de anuência para que pudesse se desfiliar sem a perda do mandato. Do outro, aliados do deputado federal André Figueiredo e Ciro Gomes, presidente interino e vice-presidente do PDT Nacional, respectivamente, que defendiam uma dita “autonomia” frente a uma proposta de alinhamento com o projeto do Partido dos Trabalhadores (PT) no Ceará.
Nomes ligados a Cid Gomes já haviam proposto, desde o período que sucedeu à eleição para governador de 2022, um realinhamento do PDT com o PT — com quem romperam antes do pleito. Com o acirramento dos ânimos internamente, Cid, na condição de dirigente, concedeu cartas de anuência para seus aliados, que se somaram a Leitão no processo de desfiliação. Naquela época, o grupo de dissidentes contabilizava dez deputados estaduais, quatro deputados federais, além de suplentes e dezenas de prefeitos de diversos municípios do Estado.
Por força de regras eleitorais, a saída dos parlamentares estaduais e dos suplentes foi judicializada — inclusive a de Evandro Leitão, que, em dezembro de 2023, após conseguir uma vitória na Justiça Eleitoral, se filiou ao PT. Sem nenhuma restrição para realizar o desembarque partidário, os prefeitos, o próprio Cid Gomes e a ex-governadora Izolda Cela, que deixou o PDT logo após a crise de 2022, migraram para o PSB e se filiaram durante um evento realizado em fevereiro de 2024.
Já como parte do quadro de filiados do PSB Ceará, Cid foi alocado na vice-presidência do diretório estadual. A divisão cearense da agremiação socialista é encabeçada por Eudoro Santana, pai do ministro da Educação e ex-governador do Ceará, Camilo Santana (PT).
Sob a direção de Eudoro e Cid, devido à migração de prefeitos, o PSB acabou se tornando o partido com o maior número de prefeituras do Estado — àquela altura do jogo político eram comandadas, no total, 61 gestões municipais. O número de municipalidades sob o controle do PSB no Ceará aumentou para 65 com o resultado das eleições de 2024, em outubro.
O desfecho da briga judicial entre os dissidentes e a agremiação trabalhista aconteceu em novembro, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou um recurso ingressado pelos diretórios estadual e nacional do PDT. A defesa do partido contestava uma decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), que autorizava a desfiliação dos parlamentares e suplentes sem o risco de perda do mandato.
Saíram vitoriosos Antônio Granja (suplente em exercício), Bruno Pedrosa, Guilherme Bismark (suplente em exercício), Guilherme Landim, Helaine Coelho (suplente), Jeová Mota, Lia Gomes (deputada licenciada), Marcos Sobreira, Oriel Nunes (deputado licenciado), Osmar Baquit (deputado licenciado), Romeu Aldigueri, Salmito Filho, Sérgio Aguiar e Tin Gomes (suplente em exercício).
Quem sai e quem fica
Entre os beneficiados do julgamento no TSE, a maioria sinalizou que vai para o PSB. Entretanto, o deputado estadual licenciado e secretário estadual de Pesca e Aquicultura do Governo do Ceará, Oriel Nunes, sinalizou que não irá para a legenda, mas para o PT. Bruno Pedrosa, que atualmente está em exercício no Parlamento estadual, apesar de poder se desfiliar, comunicou nesta quinta-feira (6) que irá continuar no PDT.
Pelas redes sociais, Pedrosa justificou sua posição postando uma foto ao lado de Cid. “Essa escolha se dá após conversas constantes com minhas bases eleitorais, considerando a realidade dos municípios em que atuo e o compromisso que tenho com as lideranças que caminham ao meu lado”, disse um trecho da legenda que acompanha o registro.
Segundo ele, tal postura não o afasta dos cidistas. “Minha decisão não significa um distanciamento do grupo ao qual pertenço, tampouco uma oposição ao movimento dos colegas. Ao contrário, sigo com o mesmo compromisso de contribuir para o fortalecimento do nosso projeto no Ceará, completou o político no comunicado.
Sérgio Aguiar, por sua vez, comentou a vitória judicial e a migração partidária quando conversou com a reportagem, na manhã desta quinta. De acordo com ele, foi conquistado na Justiça um “ganho de causa para justificar a desfiliação”. “Por isso daí, os nossos grupos políticos, que faziam parte do PDT anteriormente, já tinham migrado para o PSB, prefeitos e vereadores, e agora a bancada de deputados estaduais também vai acompanhar essa que foi a decisão do senador Cid Gomes”, pontuou.
Aguiar também mensurou o impacto do tamanho da bancada na relação de forças. “Fazemos parte de um projeto, que foi gestado ainda enquanto PSB, lá atrás, e que teve o PT como coadjuvante. Hoje temos a convicção que o PT, como tem o Governo do Estado, o senador Camilo Santana e uma boa capilaridade na prefeitura da Capital, continuará tendo o papel principal, e nós queremos ter o papel que nos coloca como uma das forças que compõe o arco de alianças do governo Elmano de Freitas”, pontuou.
Já Romeu Aldigueri detalhou qual será a estratégia dos partidários. “Acho que fortalece o governo Elmano, porque ficamos com dois grandes partidos, o PSB terá 9 e acredito que o PT também. É uma base forte, juntamente com partidos como aliados como MDB, PP, PSD e Republicanos, que aumentam e dão uma ampla maioria ao governador Elmano na Assembleia”, pontuou.
Ao que indicou o presidente, as alterações nos quadros de filiados irão definir a ocupação das comissões na Alece, já que o critério de proporcionalidade é um dos parâmetros utilizados para a indicação de membros dessas instâncias. “Vamos, na semana que vem, solicitar que os partidos indiquem os líderes e vice-líderes”, salientou Aldigueri, afirmando que também irá acompanhar a formação de blocos partidários.
Há a expectativa de que os deputados federais Eduardo Bismark (licenciado), Idilvan Alencar (licenciado), Mauro Filho e Robério Monteiro, que conquistaram cartas de anuência em 2023, se despeçam do PDT na janela partidária de 2026, quando será permitida a saída sem nenhum tipo de punição e sem a necessidade de judicialização.
Para onde vão os dissidentes do PDT:
- Antônio Granja — vai para o PSB
- Bruno Pedrosa — permanece no PDT
- Guilherme Bismarck — vai para o PSB
- Guilherme Landim — vai para o PSB
- Jeová Mota — vai para o PSB
- Lia Gomes — vai para o PSB
- Marcos Sobreira — vai para o PSB
- Oriel Nunes — vai para o PT
- Osmar Baquit — vai para o PSB
- Romeu Aldigueri — vai para o PSB
- Salmito Filho — vai para o PSB
- Sérgio Aguiar — vai para o PSB
- Tin Gomes — vai para o PSB
Como ficarão as bancadas da Alece:
PSB
- Antônio Granja (suplente em exercício)
- Guilherme Bismark (suplente em exercício)
- Guilherme Landim
- Jeová Mota
- Marcos Sobreira
- Romeu Aldigueri
- Salmito
- Sérgio Aguiar
- Tin Gomes (suplente em exercício)
PT
- De Assis Diniz
- Guilherme Sampaio (suplente em exercício)
- Jô Farias
- Juliana Lucena
- Júlio César Filho
- Missias Dias
- Nizo Costa (suplente em exercício)
PDT
- Antônio Henrique
- Bruno Pedrosa
- Cláudio Pinho
- Lucinildo Frota
- Queiroz Filho
PL
- Alcides Fernandes
- Carmelo Neto
- Dra. Silvana
- Marta Gonçalves
União
- Felipe Mota
- Firmo Camurça
- Heitor Férrer
- Sargento Reginauro
MDB
- Agenor Neto
- Danniel Oliveira
- Davi de Raimundão
PP
- João Jaime
- Leonardo Pinheiro
- Almir Bié (suplente em exercício)
PSD
- Fernando Hugo
- Lucílvio Girão
- Simão Pedro
Republicanos
- Apóstolo Luiz Henrique
- David Durand
Avante
- Stuart Castro
Cidadania
- Luana Régia
PCdoB
- Alysson Aguiar
PSDB
- Emilia Pessoa
PSOL
- Renato Roseno