Legislativo Judiciário Executivo

Quem é Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro preso após tentativa de fuga de Silvinei Vasques

Próximo do ex-presidente e dos filhos, Martins foi nomeado assessor especial da Presidência para assuntos internacionais em 2019.

Escrito por
Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 14:17)
Filipe Martins usa terno e gravata, sentado à mesa com um microfone, participa de palestra; ao fundo, uma mulher também sentada diante de um microfone, em ambiente institucional. Imagem usada para informar quem é ele.
Legenda: A prisão de Filipe Martins foi determinada após tentativa de fuga de Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal.
Foto: Arthur Max/MRE

Condenado a 21 anos de prisão, Filipe Garcia Martins Pereira foi preso neste sábado (27). A prisão domiciliar do ex-assessor internacional do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a tentativa de fuga de Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Martins foi um dos acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de integrar o chamado "Núcleo 2" da tentativa de golpe de Estado. Na última semana, ele foi condenado pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano ao patrimônio da União e deterioração de bem tombado.

O ex-assessor de Bolsonaro tem 38 anos e nasceu em Sorocaba, município de São Paulo (SP). Em seu perfil no LinkedIn, rede social profissional, ele afirma ter se formado em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UNB) em 2015 e ter cursado Diplomacia e Defesa na Escola Superior de Guerra, vinculada ao Ministério da Defesa.

No texto de apresentação, ele ainda se descreve como professor de Política Internacional e analista político. Martins também diz falar cinco idiomas, além do português: africâner — uma das línguas oficiais utilizadas na África do Sul —, espanhol, francês, inglês e latim.

Próximo de Jair Bolsonaro e dos filhos, o paulista foi nomeado assessor especial da Presidência para assuntos internacionais em 2019, após ter trabalhado com Ernesto Araújo, então ministro das Relações Exteriores, no governo de transição.

Sobre a carreira profissional, ele ainda afirma ter atuado como intérprete e tradutor. Ele também diz ter trabalhado como assessor econômico na Embaixada dos Estados Unidos entre 2014 e 2016 e como professor em um curso preparatório para concursos públicos.

Segundo informações do Estadão, Martins conheceu pela internet o ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro, que se tornou seu padrinho político. Além disso, o ex-assessor se declara entusiasta de Olavo de Carvalho, mentor intelectual do bolsonarismo.

Condenações de Filipe Martins

No final de 2024, Martins foi condenado por racismo pela Justiça Federal. O processo foi motivado por um gesto associado a supremacistas brancos, feito durante uma sessão do Senado Federal.

O episódio ocorreu em julho de 2021, quando Martins estava sentado atrás de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e foi filmado fazendo o gesto lido como reprodução das letras ‘W’ e ‘P’, em referência à expressão "White Power" - Poder Branco, em inglês.

Após a repercussão, ele disse que estava ajeitando a lapela do terno, mas a explicação não convenceu o juiz David Wilson de Abreu Pardo, da 12.ª Vara do Distrito Federal, que considerou que o gesto foi intencional.

O cargo que ele ocupava na época, no alto escalão do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi apontado como agravante. A pena foi de dois anos e quatro meses de reclusão, convertida em serviços comunitários, além de multas que somam R$ 52 mil.

Veja também

No julgamento da tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, Martins foi apontado como integrante do "Núcleo 2" e teria apresentado a chamada "minuta do golpe" para o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso em novembro.

Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), os integrantes do grupo foram responsáveis pelas seguintes atuações:

  • Elaboração da “minuta do golpe”;
  • Monitoramento e proposta de assassinato de autoridades;
  • Articulação na PRF para dificultar o voto de eleitores da Região Nordeste nas eleições de 2022.   

Quatro réus — entre eles Filipe Martis e Silvinei Vasques — foram condenados pela Primeira Turma do STF por cinco crimes: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

A pena de Martins foi de 21 anos, sendo 18 anos e 6 meses de reclusão, com regime inicial fechado; 2 anos e 6 meses de detenção e 120 dias multa, cada um no valor de um salário-mínimo à época dos fatos.

Assuntos Relacionados