Além de Filipe Martins, outros 9 condenados por trama golpista são alvos da PF
Foram cumpridos 10 mandados de prisão domiciliar contra figuras centrais de diferentes núcleos da organização criminosa.
A Polícia Federal (PF) deflagrou, neste sábado (27), uma operação para cumprir 10 mandados de prisão domiciliar contra indivíduos condenados pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. A ofensiva ocorre em um momento de endurecimento das medidas cautelares, após a tentativa de fuga do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, que foi capturado no Paraguai enquanto tentava chegar a El Salvador com documentos falsos.
As ordens judiciais, expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, alcançam figuras centrais de diferentes núcleos da organização criminosa. Entre os principais alvos está Filipe Martins, ex-assessor especial de Assuntos Internacionais do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi condenado a uma pena de 21 anos de prisão.
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Os alvos e os núcleos de atuação
Conforme as investigações e a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), os alvos estão divididos em núcleos com funções específicas na trama golpista:
• Núcleo 2 (Uso de forças policiais e monitoramento): Responsável por coordenar o monitoramento de autoridades, interlocução com líderes dos atos de 8 de janeiro e a elaboração da "minuta do golpe". Além de Filipe Martins, este grupo inclui Marília Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, condenada a 8 anos e seis meses.
• Núcleo 3 (Ações violentas): Focado no planejamento das ações mais severas da organização, incluindo planos para assassinar autoridades. Os alvos deste sábado incluem o coronel Bernardo Romão Corrêa Netto (pena de 17 anos), o coronel Fabrício Moreira de Bastos (16 anos) e o tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (17 anos).
• Núcleo 4 (Desinformação): Atuava na disseminação de notícias falsas para gerar instabilidade institucional e favorecer o golpe. Foram alvos: o major da reserva Ângelo Denicoli (17 anos), o subtenente Giancarlo Rodrigues (14 anos), o tenente-coronel Guilherme Marques Almeida (13 anos e 6 meses) e o ex-major Ailton Gonçalves Moraes Barros (13 anos e 6 meses).
Restrições e abrangência da operação
Os condenados que passam ao regime de prisão domiciliar deverão seguir regras rigorosas, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de utilizar redes sociais e de manter contato com outros investigados. O ministro Moraes também determinou a entrega de passaportes, a suspensão de portes de arma de fogo e a proibição de receber visitas.
A operação da PF é realizada com o apoio do Exército Brasileiro em diversas frentes, com mandados sendo cumpridos nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Goiás, Bahia, Tocantins e no Distrito Federal.
A intensificação das medidas cautelares pela PF e pelo STF ocorre como uma resposta direta à tentativa de fuga do ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques. Ele foi capturado no Paraguai enquanto tentava ir para El Salvador com documentos falsos.
Ao determinar a prisão domiciliar e o monitoramento por tornozeleira eletrônica de outros dez condenados, a Justiça busca reforçar a vigilância sobre os membros da organização criminosa, visando impedir novas tentativas de fuga e garantir que as restrições impostas sejam rigorosamente cumpridas.