Relembre momentos em que o preço do barril do petróleo ultrapassou a marca de US$ 100
Essa é a commodity que tem maior peso sobre a inflação no Brasil
O preço do barril do petróleo do tipo Brent — referência global — chegou a US$ 105,08, após invasão russa à Ucrânia, na manhã deste 24 de fevereiro histórico. Apesar de ser um produto sensível a crises financeiras e conflitos entre países exportadores e produtores, não se via um custo tão alto desde 2014.
Acompanhar essas oscilações é necessário porque, no Brasil, essa é a commodity que tem maior peso sobre a inflação. Entre 2008 e 2014, o contexto de instabilidade econômica manteve o valor do barril no patamar de US$ 100.
O especialista em petróleo e gás, Bruno Iughetti, lembra que, a partir de 2011, um segundo fator puxou a elevação.
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"No cenário mundial, níveis de preços acima de US$ 100 ocorreram entre os anos 2011 e 2014, motivados por decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em reduzir a oferta de petróleo justificado pelo aumento da demanda", diz.
O professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Agostinho Celso Pascalicchio, observa a instabilidade que essa commoditie possui em relação às mudanças de curto prazo na demanda e na oferta.
“O petróleo tem um comportamento errático e sempre de alta diante de qualquer crise internacional. A crise financeira entre 2008 e 2009 foi um desses efeitos. O que ela ensinou ao setor foi exatamente trabalhar com essa volatilidade”, avalia.
Outro ponto, acrescenta, é que o crescimento econômico dos países do Brics (agrupamento de cinco países de mercado emergente), principalmente Índia e China, pressionaram elevações naquele período.
“Nós também tivemos o uso de novas estratégias de prospecção de petróleo vindas, principalmente, dos Estados Unidos, que também provocaram alta nos preços devido ao alto custo da extração, nos 2012 a 2014”, recorda.
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O que esperar a partir de agora
Os impactos geopolíticos e econômicos das tensões no leste europeu ainda se desenham, mas há uma certeza: puxará a inflação para cima no Brasil.
O professor Pascalicchio enfatiza que os produtos derivados do petróleo, além dos combustíveis, serão afetados. Dentre eles, plásticos, outros lubrificantes, tintas e adubo, além dos alimentos.
“Sabemos que subirá. Podemos não determinar com precisão o quanto, mas os consumidores vão sentir uma alta generalizada em todos os preços, no curto prazo”, frisa, acrescentado que o agronegócio também será duramente atingido.
“No médio e longo prazo, nós não temos ainda uma clareza com relação ao fim desse conflito na Rússia. A nossa impressão e avaliação é de que o Putin está olhando exatamente o curto e o médio prazo”, aponta.
“Uma indústria nacional não pode prosperar com a indústria de guerra. Não existe essa alternativa. Consequentemente, nós temos um efeito de alta para o petróleo, vindo principalmente da Rússia, muito nefasto e incerto”, avalia.
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