Por que o frango e o ovo ficaram mais baratos em Fortaleza? Veja os motivos

Pesquisa de preços do Dieese mostra que houve queda de preços em todos os cortes de frango congelado

Escrito por
Ingrid Coelho ingrid.coelho@svm.com.br
Imagem mostra frango cru cortado sobre uma tábua
Legenda: Segundo o Dieese, a queda nos preços está relacionada aos "reduzidos níveis de exportação na cadeia do frango no Brasil".
Foto: Divulgação/Ministério da Agricultura

As restrições ao frango exportado pelo Brasil, após os focos de gripe aviária nos últimos meses, provocaram queda nos preços da proteína no varejo fortalezense. De acordo com pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o peito de frango congelado ficou 10,1% mais barato nos últimos três meses até setembro.

Além do peito, a coxa vendida com a sobrecoxa, sobrecoxa vendida separadamente e o frango inteiro congelados também tiveram seus preços registrados na pesquisa do Dieese. Houve queda trimestral em todos esses itens, sendo a maior no peito de frango e a menor na sobrecoxa (-6%).

Assim como o frango, o ovo de galinha também apresentou deflação de 3,1% no trimestre. Apenas em setembro, a retração foi de 7,1%, considerando o preço da bandeja com 30 unidades em Fortaleza.

Segundo o Dieese, a queda nos preços está relacionada aos "reduzidos níveis de exportação na cadeia do frango no Brasil". A entidade avalia que, na primeira metade do mês de setembro, a situação ainda estava fazendo com que a oferta de frango no mercado interno permanecesse alta, criando "uma pressão deflacionária no seu preço".

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Outro ponto destacado pelo Dieese é a boa oferta de milho, o que fez com que o custo na criação do frango e de outras proteínas permanecesse, "ajudando a controlar os preços de praticamente todas as carnes".

Efeitos 'rápidos'

Para o presidente da Associação Cearense dos Avicultores (Aceav), João Jorge Reis, a suspensão momentânea da compra do frango brasileiro por parte de alguns países ocasionou a elevação na oferta interna, mas ele acredita que esse descompasso entre oferta e demanda provocou uma deflação muito breve, que não se manteve.

"Foi tão rápido que não foi sentido como se esperava", avalia. Ele pondera que, no caso do ovo, não houve retração em decorrência da gripe aviária. Contudo, o que aconteceu foi uma elevação na produção para atender a demanda.

"O ovo é um alimento que caiu nas graças do consumidor por ser nutricionalmente completo e seu consumo vem em uma ascendência. Isso fez com que houvesse uma oferta maior, mas isso está muito mais ligado à produção maior das galinhas", observa. 

O Dieese também fez o levantamento dos preços de outras proteínas e também de produtos de origem vegetal. Considerando as proteínas, a maior deflação mensal ocorreu na carne caprina, com queda de 10,6%. Por outro lado, a sobrecoxa de frango resfriada subiu 5,1%.

Veja as maiores quedas em setembro:

Produtos de origem vegetal:

  • Tomate: -20,58%
  • Pimentão verde: -8,43%
  • Mamão formosa: -7,68%
  • Cenoura: -7,58%
  • Jerimum cabocla: -6,42%

Origem animal:

  • Carne caprina: -10,66%
  • Ovo caipira: -7,15%
  • Coxa de frango congelada: -5,21%
  • Sobrecoxa de frango congelada: -3,86%
  • Frango congelado: -3,64%

Fonte: Dieese

Itens de origem vegetal

Nos produtos de origem vegetal, o tomate teve a maior queda mensal, com retração de 20,5%. Todos os produtos de origem vegetal pesquisados tiveram queda de preços em setembro.

A pesquisa em questão, que contempla mais itens do que a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, tem como objetivo "aperfeiçoar o conhecimento da população a respeito da variação dos preços dos alimentos na cidade" e nortear a agricultura familiar, segundo o Dieese.

Nomeada "Pesquisa de Preços da Agricultura Familiar em Fortaleza", a ideia é que os preços referenciem os agricultores familiares "no momento da precificação de seus produtos, servido como base para a formação dos preços dos produtos produzidos na agricultura familiar", afirma a entidade.

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